Cristina Miranda
Há algo neste país que urge
mudar. Sempre que alguém diz ser empresário não falta quem o associe de
imediato à ladroagem, à exploração salarial dos “pobres trabalhadores
indefesos” para viverem “à grande e à francesa com contas offshores”. Ser
empreendedor em Portugal acaba por ser um ato muito mais corajoso do que
assumir ser homossexual. As empresas são vistas como algo nocivo para
a sociedade que é preciso castigar e por isso são fortemente penalizadas quer
ao nível laboral quer fiscal. Tudo isto graças aos idiotas úteis de sempre
que se deixam manipular e comprar a troco de poder político. Mas cabe
na cabeça de alguém que matando galinhas se continua a ter ovos?
Se houver uma insolvência,
ainda é pior. Não se questiona as razões que levaram a deixar de poder
honrar compromissos. Parte-se de imediato para o enxovalhamento na
praça pública sem dó nem piedade. A este assunto sobre “ser empresário em
Portugal”, voltarei noutro artigo porque hoje venho falar de uma empresária em
particular, que um dia por ter tido a nobre ideia de erguer um Memorial
em honra das vítimas de Pedrógão Grande (faz hoje 3 meses), viu sua vida
devastada… outra vez. Por quê? Ora claro está, por ter sido empresária
e ter ficado insolvente! Alguém da CS (Comunicação
Social) lhe perguntou alguma coisa ou investigou os factos que lhe
imputavam? Claro que não. Ir em busca da verdade dá muito trabalho. É
preferível pegar em boatos já existentes e transformá-los
em verdades mesmo que falaciosas. Sobretudo quando é essa a versão que mais
interessa. É o país miserável que temos.
Por conhecer muito bem o
sector empresarial, eu não me deixei contaminar pelo “diz que disse” muito
menos fiquei sensibilizada com os vídeos na internet dos “pobres
trabalhadores”. Tenho muito calo nisso. Por isso, tal como em
tudo na vida, coloquei de imediato em dúvida e fui em busca da verdade.
Estabeleci contato com a vítima para ouvir de viva voz a sua versão que, sem
surpresa, não só apresentou um discurso coerente e detalhado, como
exibiu prova documental dos factos. E é essa história que hoje vos
quero contar.
Isabel Monteiro é
uma Mulher empreendedora que, recusando-se a trabalhar no modelo de escravatura
implementado até aí no mercado português, dominado por alguns
profissionais da área de tradução e legendagem, cria em 1992, a Ideias
& Letras, a única empresa de tradução, legendagem, dobragem e locução, com
estúdios próprios, que mais tarde daria lugar à Dialectus, após um divórcio
pouco “amistoso”. É a primeira e ÚNICA empresa que ensina as
técnicas de legendagem, abrindo o mercado.
Foi em 1998, com a Guerra do
Kosovo, que foi protagonista de uma ação solidária, e responsável pela entrega
em mão, no Kosovo, de 200 toneladas de comida e mais de 40 mil cobertores (veja aqui).
À frente da empresa líder no
sector, em março de 2008, aceita a proposta da SIC para entrada no
capital social de uma das suas empresas, a DIALECTUS, com 90%. Isabel
Monteiro era responsável da tradução de Informação desde 06 de outubro de 1992.
Em 2008 a SIC entra para 15 áreas (alienando todas elas 1 ano
depois). A IPLAY, por exemplo, comprada por 3,5 milhões de Euros e
vendida por 1€, um ano depois (veja aqui). No ano de 2008, a SIC, com 90%
da DIALECTUS, desviou para a concorrência centenas de milhares de
euros, a pagar o dobro da tabela interna estipulada, como provam cópias de faturas (Foto
nº 6, 7 e 8). Como qualquer sócio minoritário íntegro, esta e outras situações
anómalas foram denunciadas (em vários mails existentes) e ignoradas com
enorme hostilidade.
No início de 2009, das 16
empresas compradas em 2008, poucas restavam. À DIALECTUS a SIC propôs a
recompra das quotas com base num contrato de exclusividade por
3 anos, renováveis, com ajustes anuais e uma cláusula penal de 10 mil
euros por cada mês de incumprimento. Foi na escritura que soube de uma
dívida de 300 mil euros à banca e 80 mil € de tesouraria negativa.
Para cumprir o contrato a empresa cresceu e passou de 14
empregados a 40. Porém, a SIC nunca cumpriu.
Em junho de 2011, são notórias manobras
de mercado quer entre tradutores, quer entre atores. Um grupo de
tradutores, encabeçado por duas das fundadoras da futura empresa SPELL, (Foto
nº 1), cria uma mailing list, onde inclui 64 pessoas, das quais 4 empresas
concorrentes.
Informação privilegiada da
DIALECTUS esteve exposta: clientes, preços, prestadores de serviços, contatos.
Os tradutores abordavam os profissionais que chegavam à empresa:
denegriam a imagem e incitavam-nos a exigir o valor por eles praticado (30%
acima do valor de mercado). Numa manobra orquestrada, cartelizaram
o mercado, e impuseram um valor, enquanto freelancers, enquanto muitos deles
praticavam uma tabela inferior para outras empresas, fragilizando a
competitividade da Dialectus. A partir de janeiro de 2012, falharam
horários, e entregas atempadas de peças da Informação da SIC, cortando
o diálogo com a empresa. Eram freelancers, desde sempre, alguns com duas
décadas de tempo de casa. Não eram exclusivos. Trabalhavam para outras empresas
junto de quem praticavam valores mais baixos.
A SIC, a partir de setembro
de 2011 reduziu em 60% a faturação, e só veio a pagar as últimas faturas, 16
meses mais tarde, com uma Injunção. Quatro dias antes da renovação,
a Dialectus é informada pelo telefone, pelo então Diretor Geral, da não
renovação do contrato. E retiraram todo o trabalho. Ficou com 40
empregados, uma estrutura montada e sem 86% da faturação. Ou seja, nada.
Enquanto se precipitava a
destruição concertada, por parte de alguns trabalhadores da Dialectus,
a Buggin Media, uma empresa cópia, do ex-chefe dos técnicos (Foto
nº 2), e que já tinha programas no ar assinados entra para
o mercado e passa a ser fornecedora da SIC até hoje.
Com uma morada falsa
em Mirandela, quando nunca saiu de Oeiras, o dono Bruno Golias e os
13 empregados (todos ex-empregados Dialectus) têm agora um “Processo por
Fraude e Burla agravada ao Estado”, a correr termos no DIAP de Oeiras, procº nº
1059/16.4T9OER, por terem recebido fundo de desemprego e garantia salarial até
Dez de 2013, quando já tinham uma empresa montada e forneciam a SIC todo o ano
de 2013, e em alguns casos, ainda em 2012.
Um sindicato, CENA, foi
o rosto da campanha organizada para fechar as portas à Dialectus, e
arrastar o seu bom nome na lama. Um dos arguidos do processo de
Oeiras, é órgão social desse sindicato. Nesta manobra de difamação
e calúnia, atribuíram a Isabel Monteiro a falência de 4 empresas que nunca
existiram. Colaram a DIALECTUS à falência de empresas de Manuel
Forjaz que Isabel Monteiro NUNCA conheceu sequer. Propagam a
informação na Internet.
Isabel Monteiro, que já a 06 fevereiro
1998 ganhava o primeiro processo por difamação na internet (Foto nº 3), procede
agora legalmente, exigindo a prova factual do que é divulgado na net, nomeadamente,
a informação que lhe imputa 4 empresas da área insolventes.
Em junho de 2013, o então
advogado da Dialectus, coloca uma ação por incumprimento contratual contra a SIC, Procº nº 3850/13.4TBOER valor: 360.000,00 €. Em setembro,
sai apressadamente da Dialectus, alegando falta de disponibilidade. Quatro
meses depois, em janeiro de 2014, fecha “acordo” com a SIC, por 27500€, sem dar
conhecimento a Isabel ou à DIALECTUS e mete o dinheiro no bolso. (Foto
nº 4 e 5).
Em 2013, a RTP dá
cobertura a duas manifestações na porta da empresa, cujos vídeos circulam
ainda hoje. Nunca abordaram a empresa ou confirmaram a informação que
difundiram. Neste vídeo (veja aqui) estão Bruno
Golias, que trabalhou na Dialectus 18 meses, dono da Buggin Media,
“oficialmente” constituída em abril de 2013, que já opera em 2012, e passa a
fornecedor privilegiado na área de dobragem a partir do início de 2013 (ele e
13 ex-empregados Dialectus), respondem agora ao MP de Oeiras e Seg.
Social, por recebimento ilícito de fundo de desemprego e fundo salarial até dez.
de 2013, quando trabalharam (e assinaram programas) para o seu único cliente, a
SIC, todo o ano de 2013. Processo Nº 1059/16.4T9OER, no DIAP de Oeiras. O
2º vídeo que circula na net (veja aqui) exibe
os tradutores da SPELL, concorrentes DIRETOS da DIALECTUS há 18 meses. O
contrato com a SIC que teria a primeira renovação a 31 de Março de 2012, é
entregue à empresa SPELL constituída para o efeito 3 dias depois, a 4
Abril de 2012 que, tal como a Buggin Media, entra para o mercado e é hoje a
fornecedora de Carnaxide: um grupo de tradutores freelancers que
durante duas décadas, viram assegurado o volume de trabalho pago acima do valor
de mercado e construíram as suas carreiras, tendo aprendido tudo o que sabiam
com as várias ações promovidas ora pela Ideias & Letras, ora, mais tarde,
pela Dialectus.
Com estes tradutores, estão atores
que a SIC, de forma inédita, contratou diretamente para a segunda temporada da
série “O Mundo de Patty”. Nunca em 25 anos contratou atores diretamente, e
nunca mais voltou a fazê-lo.
Em março de 2014, a
Dialectus, armadilhada pelos empregados e colaboradores,
patrocinados pela SIC é, inevitavelmente, declarada insolvente.
Decorridos 3 anos, os lobbies
instalados no mercado, continuam a perseguir, inclusive, novos profissionais,
condicionando-os. Um mercado que movimenta 3 milhões anuais, e que até 1992
pertenceu a lobbies, durante 22 anos teve uma alternativa independente,
onde a formação de novos profissionais, seguia o seu rumo por
mérito. Com o fecho da DIALECTUS, o controlo e domínio do mercado volta
para as mãos de alguns: retiram do mercado a empresa líder, e entram para o
mercado 3 novas empresas.
As histórias, de pessoas ou
empresas, contam-se com a verdade com base em factos. Todas
as partes devem ser ouvidas, com total isenção. Mas aqui, neste
Portugal onde os empresários são SEMPRE os malfeitores e os
trabalhadores uns coitadinhos, não é assim.
Com as notícias que dão conta
do desmantelamento do império SIC e dívidas de 189 milhões de euros (em parte, aqui,
percebe-se porquê), achei que era o “timming” certo para este esclarecimento.
Mais do que informar, o meu
texto de hoje pretende reflexão sobre as injustiças que se criam com falsos
mitos de que a culpa é sempre dos empresários.
Fica aqui a prova que não é
sempre assim.
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Excelente blog! Parabéns!
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