Fatima Burégio
Pauladas na cabeça, com pregos
encravados nas pontas, favorecendo maior dano e apressando a possível morte do
advogado.
Posso imaginar o diálogo
interno do agressor quando desferia golpes no profissional:
- Você precisa morrer!
- Quem mandou não pagar 300
pilas que me deve!
- Morra, infeliz!
Este relato não é um devaneio
da articulista que assina esta matéria, mas um caso chocante ocorrido domingo
no Sertão de Pernambuco, na pacata cidade de Serra Talhada.
Um advogado atuante na cidade, com 56 anos de idade,
foi severa e covardemente agredido com golpes de pauladas certeiras na cabeça,
e, como se não bastasse, o instrumento utilizado ainda estava cravado de pregos
em suas pontas.
O crime chocou o Estado.
A pergunta que não quer calar:
- O que levaria o agressor a
desferir brutalmente várias pauladas no crânio do Dr. Domingos Sávio de Lima, advogado
probo, diligente e bem visto na região?
A resposta:
- Segundo relato do agressor,
o advogado estava lhe devendo trezentos reais.
As versões apresentadas pelo
acusado, divergem.
Na verdade, é certo que nada,
absolutamente nada justifica tamanha agressão a um profissional em plena
atuação, notadamente, a motivação banal e infeliz que impulsionou o
homem a desferir golpes certeiros e covardes na cabeça do advogado, causando,
por fim, afundamento do crânio e quebra de um dedo da vítima, quando tentava se
defender.
O acusado foi detido por
populares e segue preso na cadeia do município.
Segundo informações, o
advogado permanece em estado grave, em coma, estando, neste instante, no maior
hospital público de referência em Pernambuco (Hospital da Restauração).
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco manifestou
repúdio ao crime praticado pelo cliente do advogado e asseverou estar tomando
todas as medidas cabíveis, notadamente a rápida e efetiva punição do acusado.
É de sentar, meditar, chorar e
refletir.
Refletir muito!
Este tema traz à tona a velha
dúvida:
- Seria mesmo
necessário que advogado portasse arma?
- No caso em
apreço, o desfecho seria menos traumático, se o advogado agredido estivesse
portando legalmente uma arma de fogo?
Entendo que sim!
A relação Cliente X Advogado,
em alguns aspectos, é tormentosa, fazendo o patrono avaliar criteriosamente se
realmente vale, ou não, a pena representar alguns personagens que batem à sua
porta.
No dia a dia, nada melhor que
usar a psicologia, o estudo comportamental dos pretensos clientes, e, só após
isto, decidir se é interessante representar determinada pessoa ou não.
Outros noticiários locais
evidenciam que outro advogado prestou depoimento à polícia, pois dias antes, o
mesmo agressor havia comparecido à sua casa, munido com um cabo de vassoura. A
porta não fora aberta! O agressor evadiu-se!
Em síntese, cumpre refletir,
ponderar e responder às seguintes questões:
A profissão é de risco?
Há urgente necessidade de o
patrono portar arma de fogo?
Os dias são maus e
tenebrosos ou a articulista está ‘vendo coisas’?
Os ânimos do cidadão
brasileiro estão mais acirrados nos últimos anos?
Há um culpado?
Na última questão, ouso
responder:
- Se há um culpado, certamente
não é o Advogado!
Título, Imagem e Texto: Fatima Burégio, JusBrasil, 17-10-2017
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