sábado, 16 de dezembro de 2017

Capina (I)

Haroldo P. Barboza

Ilustração: Jarbas
O corajoso depoimento da Professora Amanda Gurgel (RN) em maio de 2011 corresponde a um retrato (3x4) da realidade degradante da educação nacional. Reforça bastante meu texto criado em 2003 (retratando algo que HOJE está bem PIOR) e que lhe convido a ler em quatro capítulos (batizados de “capina” o que tem muito a ver com o pasto onde habitamos).

Em outubro de 2011 a Professora Vanessa Storrer (Curitiba) enviou excelente carta à revista VEJA ilustrando algumas das causas que motivaram o meu texto abaixo. Que outras vozes de credibilidade se reúnam para criarmos a grande cruzada de combate ao vírus “corruptio impune” que é MIL vezes pior que o da dengue, pois atinge a todos os habitantes deste país e se não for combatido com convicção nos transformará num Braití (pior que o original) em menos de quarenta anos.  

Torcemos para que as imagens destas bravas Mulheres possam contaminar outros colegas do Magistério para criar um processo cívico nacional capaz de mudar a configuração desta área social que é a alavanca fundamental para criarmos uma qualidade de vida compatível com os impostos que nos cobram e desviam para suas contas bancárias. E que outras entidades sociais (de zeladores de prédios a zeladores armados da pátria, passando pelos defensores de animais abandonados, exceto ratos do poder) se unam numa grande cruzada para resgatar nossa dignidade pisoteada pelos bandoleiros do podre poder que se apoiam no Judiciário perigosamente já contaminado. 

Se o próprio Ministro Gilberto Gil em 10-05-2005 declarou na saudosa Tribuna da Imprensa (RJ) que o "governo é omisso na área da cultura", talvez ele tenha lido este meu artigo no final de 2003 que foi publicado no mesmo jornal! O que demonstra que pouco tem sido feito neste sentido apesar dos esforços de diversas entidades preocupadas (mas obstruídas) em oferecer oportunidades ao nosso povo para melhorar sua qualidade de vida e elevar o conceito de nossa pátria. As longas greves de meses da UERJ, do Colégio Pedro II (saudades) e o de outros núcleos, que SEMPRE penalizam seus alunos com a perda de um ano letivo “formando” legiões de “sem-esperança”, apenas corroboram o descaso com que esta área social é tratada pelos “donos” ilegítimos do poder. Estas declarações acima retratam duas heranças horripilantes que caracterizam a cultura de nosso povo:

1 – Um participante do BBBB é chamado de “gênio” quando elabora uma frase com cinco palavras (BBBB = Big Bordel Brasil Boiada).
2 – O povo acredita no resultado de eleições onde urnas-E não materializam votos para posterior conferência.  

Falência orquestrada da educação e da cultura (Tribuna da Imprensa – RJ - 2003

As crises em andamento em relação à Educação estão sempre na moda. Em vários momentos pipocam greves de professores prejudicando a sociedade e impedindo que ela tome consciência de como conduzir seus anseios. Escolas são interditadas por imposição de traficantes ou de goteiras. Divergências salariais que deveriam estar sendo resolvidas nas mesas das escolas, constantemente emperram na Justiça de forma premeditada para esfacelar o ânimo dos formadores de opiniões, com a nítida impressão de que foram programadas para causar um caos sem precedentes entre os jovens já sem grandes esperanças mesmo quando portadores de seus diplomas. Na verdade, estas crises vieram de longe em dois sentidos: tanto no nível como no tempo. A prática da "ditadura sem valor" impera na maioria das entidades de orientação estudantis e as decisões são tomadas pelas administrações sem consultar alunos, pais, professores e funcionários de apoio.

Milhares de escolas básicas públicas que deveriam ser exibidas na TV no horário nobre estão literalmente caindo aos pedaços. Goteiras, janelas empenadas, vidros quebrados, instalações sanitárias entupidas (risco de doenças), fios prontos para um curto, tacos soltos, quadros pendurados com parafusos de menos, telhas com furos demais e outras dezenas de mazelas. Outros agravantes para torná-las inviáveis: filas desumanas das matrículas nas madrugadas frias, indicação de escolas longe das residências dos alunos, merenda de baixo nível (a verba é desviada antes de chegar às escolas), falta de livros nas bibliotecas, quadros negros (verdes ou brancos) sem manutenção, falta de carteiras (dois ou três alunos em cada), laboratórios cheios de baratas, traças e percevejos no lugar de camundongos cobaias. Corte nas verbas de cursos de aperfeiçoamento dos professores e claro, o congelamento de um salário imoral para quem tem o prazer (isto é o que ainda as mantém em funcionamento) de ensinar. E por falta de condições (verbas e material) não conseguem se aprimorar para dar aulas com uma qualidade mínima para se formar um cidadão preparado para viver em sociedade e com conhecimento adequado para lutar por oportunidades de trabalho decente, suprir as necessidades da família e defender a pátria contra as raposas internacionais que patrocinam esta degradação coletiva com a conivência das ratazanas que gerenciam nossa pátria para manterem volumosos os celeiros de mão de obra barata.

Mas estas mazelas não são exclusividades do nível básico. Visitem as instalações do Pedro II, da UFRJ ou da UERJ (passo por elas regularmente). O quadro de abandono é similar (ou pior). E para garantir que o funcionamento seja inadequado mesmo que haja um sacrifício elevado de mestres, funcionários e alunos, reitores impopulares são colocados no comando (lembram-se do Vilhena?) para garantir que o ambiente de entusiasmo não evolua. Dentro da Biblioteca Nacional (RJ) existem mais rebocos caindo e ratos do que leitores! Dentro deste cenário, não é de surpreender que nossos jovens se sintam desestimulados e os mais fracos de mente, afastados da religião e com família desestruturada se tornem presas fáceis das drogas.

Pensam que isto é o pior? Pois saibam que entidades de alto gabarito como IME, Agulhas Negras e outras, estão reduzindo a pressão sobre as matérias para que consigam formar turmas com mais de 10 alunos gabaritados, para encobrir a falência total do sistema educacional. Elas também sofrem sabotagem para provocar a queda de qualidade de seus serviços. Por isto já não temos patriotas como os valorosos lutadores de 50 anos atrás. No lugar do hino que poucos ouvem nas escolas, estão aprendendo as letras que revelam que realmente estamos "dominados" por "cachorras popozudas" e "soldados dos bondes". Nossos ídolos não são (já foram?) os valentes patriotas que no passado tombaram por uma pátria independente. Nossos jovens idolatram atletas botinudos, apresentadoras de programas de auditório (ou mictório?) e artistas que exibem suas partes íntimas durante o jantar da família mentalmente e moralmente fragilizada, pois já não encontra sustentação na Religião, denegrida por templos com fins lucrativos, prática elevada da pedofilia e silêncio de seus líderes conceituados que não encontram espaço adequado para esclarecer a população atônita. 
Título e Texto: Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro

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