quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Capina (IV)

Haroldo P. Barboza

Ilustração: Jarbas
Nossa caminhada na trilha da democracia está comprometida pelo padrão de dirigentes corruptos que poluem nosso cenário impunemente com a nossa conivência, realçada pela passividade com que aceitamos as artimanhas montadas de forma que possam perdurar no comando pelo maior tempo possível. Algo que ficou mais fácil com o advento das urnas eletrônicas “confiáveis”. Mesmo depois de aposentado ainda devo conseguir criar atalhos em programas que só serão descobertos uns dois meses após o pleito – imaginem um rapaz entre 15 e 20 anos passando oito horas por dia em frente ao teclado.

E nossas últimas esperanças de reverter o rumo da nau Brasil estão precisando ser costuradas, pois estão esgarçadas pelo abandono por parte de nossas entidades cívicas responsáveis por mantê-las sempre em expansão. O silêncio impera entre os consagrados chefes militares que assistem à degradação moral de nossos símbolos sob a estátua de valorosos patriotas que tombaram pela tentativa de nos libertar. A mordaça também cala as vozes de literatos acadêmicos, advogados de primeiro nível, chefes religiosos influentes e líderes sindicais que assistem o rebanho sendo dizimado de dentro para fora para servir de alimento para os abutres internacionais. E assim, através da ignorância alimentada pela censura do conhecimento básico, continua proliferando o preconceito (principalmente através do salário e falta de oportunidade) que marginaliza pessoas de peles escuras, deficientes físicos, mulheres que engravidam e são afastadas do emprego, optantes por religiões diversas, idosos que cuidaram de nossa infância e crianças que andam descalças e não recebem apoio para enveredar pela estrada da oportunidade. Tudo isto agravado pela baixa compreensão de cidadania, traduzida pelos pequenos atos de nossos desleixos, que somados, trazem enormes prejuízos de desperdício, reposição e manutenção em todas as áreas de nossa sociedade doente e que ninguém tem coragem de diagnosticar e aplicar os remédios adequados. Mesmo que amargos. Quando o povo terá visão para buscar conhecimentos para contabilizar, fiscalizar, denunciar e controlar a ânsia dos devoradores de nossa dignidade?

Desta forma nossa pátria vai sendo esfacelada lentamente (não tão lenta assim). Degradação paulatina das vias de educacionais, escoamento ilícito de nossas riquezas para as nações exploradoras, redução da qualidade de vida dos nativos dóceis e sem garra para defender nossa dignidade.

Se um dia for estabelecido que filhos e netos de parlamentares (de qualquer esfera) tenham de estudar em escolas públicas, certamente este segmento deve melhorar pelo menos 80% em 5 anos. No entanto, tal mudança não deve ser implementada pois eles próprios conhecem sua incompetência para administrar a área pública. Suas cabeças apenas se limitam a montar “esquemas” para subtrair divisas dos cofres públicos enquanto o povo paspalho perde tempo (e dinheiro) telefonando para salvar uma desnuda do paredão do BBBB.

Quando o corpo cambaleante começa a exibir sintomas de putrefação, com certeza a alma já foi corroída pela ausência da fé religiosa, confiança nas instituições militares e pela falta de ânimo para lutar por adequadas oportunidades para criar condições por uma vida de melhor qualidade para si e para seus herdeiros.

E o pior agora mais evidente em 2014, é saber que no Nordeste escolas estão sendo fechadas por falta de alunos, pois crianças estão sendo colocadas em atividades profissionais com menor remuneração enquanto seus pais ficam nas redes aguardando as “bolsas” demagógicas. Em centros mais “esclarecidos” escolas fecham por falta de professores pois a profissão não atrai “sofredores” com os salários indignos oferecidos e falta de apoio corrompido pelo “estaputo di menor”.

MANTER O POVO NA ESCURIDÃO FACILITA A REELEIÇÃO

P.S: Esta política de transformar nossa nação em “Pátria EDU k DORA” começa a frutificar com mais rapidez após dezenas de anos de estagnação. Os quase 530.000 que tiraram zero (e outros 900.000 que tiraram abaixo de 4,0) certamente fazem parte do pelotão “aprovado” com ZERO por nossas prefeituras desde o final do século XX.

E com o advento de smartphones que resolvem até equações, ajudarão as próximas gerações de zumbis a se tornarem habilidosos “apertadores de teclas” para fúteis trocas de mensagens que consagram a imbecilidade que perpetua os ratos do poder.
Título e Texto (e Marcações): Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro, dezembro de 2017
Autor dos livros: BRINQUE E CRESÇA FELIZ / SINUCA DE BICO NA CUCA

Referendo de sucesso será o que propuser expurgo no Congresso!
Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.

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