Cesar Maia
1. A correlação entre corporativismo e o voto na eleição
presidencial não é tão direta quanto se imagina.
2. A condução corporativa do voto, nas eleições estaduais, é muito
maior pela proximidade entre os membros das corporações e os deputados e
governadores. Nesses casos há como de projetar as decisões que beneficiam ou
prejudicam as categorias e as promessas eleitorais podem ser cobradas por
pressão e proximidade.
3. Na eleição presidencial isso não ocorre. Em alguma medida, a
"vereadorização" dos deputados federais aumenta o poder das
corporações sobre eles e, dessa forma, a decisão de voto.
4. Mas há uma hierarquia de temas que aproximam ou não o voto das
corporações. As corporações parlamentares ajudam a entender isso. As bancadas
ruralista, pró-armamento, evangélica... mobilizam suas corporações pelo voto no
parlamento. Mas no processo eleitoral a proximidade é muito menor.
5. Se é assim para deputado federal, muito mais em relação ao voto
para presidente, em que o eleitor decide desobrigado de suas corporações, ou
quase.
6. Os sindicatos de trabalhadores e empregadores e associações
diversas mobilizam opiniões durante os debates e a proximidade das votações no
parlamento. Por isso mesmo, os parlamentares tendem a não tratar de temas
polêmicos no segundo semestre.
7. Temas polêmicos, no sentido que podem produzir perdas e ganhos.
A tendência é que o segundo semestre seja um período em que o parlamento trata
de bondades, ou de leis que produzam efeito benéfico no curto prazo. O Plano
Real foi um exemplo. O PT não acreditou nisso e Lula afundou em 1994.
8. Por isso mesmo as Reformas que produzem dúvidas quanto a suas
consequências no curto prazo não são votadas no segundo semestre, ficando para
o governo seguinte.
9. Dessa forma, as corporações, durante a campanha eleitoral,
perdem poder de mobilização e, assim, poder de conduzir o voto.
10. As corporações religiosas podem ter uma forte influência no
voto para deputados estaduais e federais. Mas, na eleição Presidencial, essa
influência é muito menor. Isso é mostrado nas pesquisas eleitorais e depois
demonstrado nas pesquisas pós-eleitorais.
11. Por tudo isso, os candidatos a presidente não devem se
preocupar tanto com o poder de condução do voto nas corporações. O voto para
deputado, por ser de muito maior proximidade, é muito mais influenciado, mas
menos do que muitos imaginam.
12. Como já foi demonstrado em 2016, na campanha para vereadores
sem financiamento eleitoral, cresce a proporção dos votos dos candidatos de
opinião pública, portanto, descolados das corporações.
Título e Texto: Cesar Maia, 1-12-2017
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