Cristina Miranda
Há por detrás desta onda de indignação de certas mulheres uma hipocrisia
monumental. Se por um lado se queixam do assédio sexual por parte dos homens,
do outro exibem-se praticamente nuas apelando aos instintos reprodutores
dos machos. Não me venham dizer que o fazem de forma ingénua só por “gostarem”
da indumentária ou para se “sentirem bonitas”. Balelas! Mulher que é mulher com
“M” grande sente-se bonita e atraente até com umas simples calças de ganga. Sou
mulher e sei muito bem do que falo.
Cresci num tempo em que incomodar uma miúda na paragem de autocarro com
graçolas era MÁ EDUCAÇÃO com direito a dois tabefes bem dados nas trombas
desses garotos após queixa ao pai. Não era assédio sexual. Um tempo em que
mandar um piropo por passar uma rapariga bonita, não era assédio, era fazer a
corte. Atacar violentamente uma mulher abusando dela sexualmente era crime de
violação sexual. Tudo era muito bem definido. Agora tudo é assédio.
Hoje até um simples “olá estás boa!” pode ser perigoso. É a doideira total.
Como mulher também eu fui largamente “assediada” dentro deste contexto
“moderno” da palavra. E isso nunca me incomodou. Porque os galanteios sabiam-me
bem ao ego pois demonstravam o meu grau de sedução sobre o sexo oposto.
Mas sempre com cuidado com as indumentárias para não transmitir uma imagem
errada daquilo que pretendia: atrair pessoas, não predadores sexuais.
Quantas vezes me perguntaram: “Posso me sentar? Está acompanhada?” dando uma
resposta imediata conforme minha conveniência. Que mal tem de atrair os homens
e receber uma abordagem por isso quando até os passarinhos (esses animais tão fofos) provocam as passarinhas com rituais para as atrair sexualmente? Porque não nos indignamos igualmente com a
natureza? Bem, deixa-me estar calada, não vá alguém ter ideias…
Mas a hipocrisia cresce ainda mais quando ninguém refere os homens como
vítimas desse mesmo assédio de que tanto se queixam! Não ouço nada, mesmo
nada sobre isso e é muito estranho. Ao longo da minha vida vi coisas
incríveis protagonizadas por mulheres predadoras sexuais. Não estou a
brincar. Autênticos filmes alguns quase de terror psicológico com elas a rodear
vítimas masculinas desesperadamente. Quando dava aulas em Ponte de Lima havia
um colega que era muito popular do mulherio. Sempre rodeado por elas, alunas e
professoras. Tinha o dom de saber ouvi-las e elas encantavam-se com ele! E eu,
achava aquilo muito engraçado, porque meu colega, fosse num café ou na escola,
nunca se via com homens. Parecia ter mel que só atraia o sexo feminino. E
muitas! Até que um dia nos tornamos amigos e ele começa a contar-me o seu
drama. Fiquei a saber que ele era perseguido, molestado, “armadilhado” com
esquemas onde apareciam nuas na sua cama, lhe ligavam para casa a toda a
hora, enfim, não o deixavam em paz. Vivia num inferno! Mas, como vivíamos num
tempo diferente deste, nunca viu nisso um crime. Apenas azar de atrair tanto o
sexo feminino. Como este, conheci muitos mais exatamente com o mesmo problema:
assédio feminino. Alguém fala nisto? Claro que não. Não convém.
Esta raiva aos homens é patológica. Não faz sentido em mulheres saudáveis
e bem resolvidas com a vida. Porque estas sabem sempre avaliar as situações
separando o que é efetivamente crime do que não passa de galanteios, mais ou
menos felizes (sim, porque nem todos nascem com o mesmo dom para a sedução).
Saberá estar à altura de dizer “não” e se esse “não” for desrespeitado,
resolvê-lo.
Porque a hipocrisia não deixa ver que no dia em que estas senhoras todas
com mais ou menos nudez à mostra, não obtiverem qualquer reação masculina
(por receio destes) serão elas a questionar a virilidade dos homens e acaba-se
o glamour dos vestidos às tiras sem cuecas.
Título, Imagem e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
12-1-2018
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Sim. Pensei nisso tudo ainda ontem, quando no ônibus, esbarrei, ou ralei mesmo, em vários "traseiros" masculinos. Pensei: Ai de mim se esses "caras" resolvem me processar por assédio. Gente, venhamos e convenhamos, a menos que se trate de uma criança, creio que até os 12 anos de idade, nós, enquanto seres "superiores na inteligencia", fato confirmado cientificamente, sabemos nos defender, seja, usando de ironia, levando na esportiva, se esquivando daqui e dali. Desse modo sobrevivemos até aqui.
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