Nuno Costa Santos
Sempre achei que uma das melhores formas de definir a têmpera de um
povo é topar a forma como conduz. Também por isso fiquei entusiasmado com um
texto muito recente de David Brooks (How Would Jesus Drive?), colunista do New
York Times, em que este, além de classificar como decisiva a condução civilizada
para a vida de uma comunidade, evocou a mensagem de ano novo do Papa Francisco.
E o que disse de especial o Papa Francisco? Elogiou as pessoas que conduzem com
bom senso e prudência. É pouco? Não. É tudo.
Conduzir significa tomar
pequenas decisões morais, como diz, bem, Brooks, entre entalar o próximo ou
dar-lhe espaço. E lembra, com oportunidade, que por mais que, hoje, existam
demasiados idiotas nos púlpitos mundiais, merecedores de repúdio, não nos
podemos esquecer dos nossos deveres cá em baixo.
Um país como Portugal, em
muita gente se comporta no trânsito de forma insana e egoísta, devia ter quem
com destaque fizesse elogios simples como este e, em contraponto, criticasse
sem freio quem anda nas estradas de forma selvática. Vamos deixando passar,
como se fosse um comportamento que fizesse parte da nossa identidade.
É altura de, ao menos, tentar
sair da rotunda. Aproveitemos este início de ano.
Título e Texto: Nuno Costa Santos, SÁBADO, nº 715, de 11 a 17 de janeiro de 2018
Rotunda das Oliveiras, Massamá, foto: Rouxinol de Pomares |
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