terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

[Aparecido rasga o verbo] Surdo compasso de pinturas borradas

Aparecido Raimundo de Souza

ESTAMOS, MAIS UMA VEZ, diante de uma nova patacoada. “INTERVENÇÃO FEDERAL”. Essa bazófia recém-chegada, pelo menos, carrega nas costas um nome mais bonitinho e engraçado. Soa melhor nos ouvidos da raia miúda. Não fere a “ombridade” dos poderosos, tampouco a nossa moral.  Aliás, a nossa moral, leão sem dentes, faz tempo, partiu, imoral, de mala e cuia para a casa do Carvalho.

Em vista disso, continuamos guerreiros, todavia, combatentes vencidos, bancando os palhaços, os bufões, os girafales, indefinidamente, até o dia em que resolvermos surtar de vez. Carecemos, sem mais delongas, nos tornarmos aguerridos, audazes, loucos varridos, para ponto-finalizarmos com essas barbáries. É essencial que criemos vergonha na fuça, tomemos coragem e, como belicosos soldados decidamos ultimatar essa cambulhada de ladrões e safados, pilantras e embusteiros que fazem de nós, gatos sapatos. Aí sim, iremos exercer plenamente nosso exercício do que conhecemos (mas atenção, caríssimos, apenas conhecemos) por cidadania.

Nesse patamar, uma pergunta básica surge matreira: os senhores já ouviram falar nos termos “Manés e Otários”? Deveriam! Ambos estão em voga, de braços dados com aquele outro fenômeno do momento, o portento insubstituível e incomparável Pabllo Vittar. Somos todos, meus caros amigos leitores, somos todos Manés e Otários. Otários e manés. Caricaturados a ferro e fogo numa fusão confusa. Como ao Zeca Pagodinho, “nos deixamos ser levados” não pela vida, pelos párias, pelos vândalos, pelos estólidos.  Somos imprudentes e boçais.

Consentimos de contrapeso, vegetar enganados, logrados, fraudados por essa súcia de malfeitores que     fosforescem como algas invisíveis e abundam na suja bunda do gigantesco penico do mundo, reputado, na intimidade, como Brasília. Brasília não é e nunca foi e, acreditem, jamais será a capital do país. Brasília, ao inverso, é o chiqueiro, o curral de porcos, o lodaçal nojento, onde mantemos, a todo vapor, uma quadrilha de manequins de vitrine, bandidos da pior espécie. Na medida em que envelhece (e não parece), a jovem filha de Juscelino segue se prostituindo. Trocando suas entranhas em flor alvorada, por um punhado de propina ao primeiro parlamentar que aparece de mala em punho. 

Brasília é ainda o díspar das utopias irreais, o eterno enxurdeiro (entendam enxurdeiro como aquele pedaço de chão, onde no imenso lamaçal que escorre do senado, no chavascal que brota da câmara e, pior, das fezes que pululam do rabo da justiça). Vivem, por aquelas paragens, como reis, velhos e conhecidos patifes de carteirinha. São 513 de um lado e 81 de outro. Os malandros e nababos. Os faustosos, os senhores de terninhos e sapatos de grifes, que deveriam lutar de unhas e dentes por nossos direitos. Seguir à risca a Constituição.

E o que fazem esses calhordas com nossos direitos? Providenciam para que virem pizzas os mais diversos sabores. Em contrapartida, para não perderem o pique, nos enfiam, junto com a Carta Magna, goelas abaixo, os restos -, grosso modo -, as mais diversas formas de falcatruas, artimanhas tretadas de chicanas e embuços os mais tensos e cabeludos.

Bem sabemos, eles podem. Somando os salteadores, hipoteticamente falando, chegamos a um estapafúrdico número. 594. Essa maioria tem o poder. Goza da glória do auxílio moradia, regozija-se do foro privilegiado. O mais importante: esses larápios, unidos por abraços fraternos, detém a grana que falta no dia a dia, para se sustentar a saúde, para se alinhavar a segurança, alentar o transporte, e dar um empurrãozinho na educação, entre outros itens importantíssimos e indispensáveis.

E para onde vai toda essa dinheirama? Certamente para pagamentos de bons e hábeis advogados e outras “cositas” que nem vale a pena trazermos à baila. Nós, infelizmente, não temos a força de He-Man, nem a personalidade inquestionável de Bruce Waine.  Tampouco a disposição do Homem Aranha e a velocidade invejável de Clark Kent. Por estarmos de pés amarrados e as mãos manietadas, o crime organizado segue sendo uma metástase que se espalha como doença incurável pelos quatro cantos de nosso saudoso brasilzinho.

Diante desse quadro sepulcral, INTERVENÇÃO no Rio de Janeiro é a mesma coisa que um coice certeiro em nossas esperanças, um pontapé (tipo Temer-Dilma) nas nossas retaguardas. Vejam, senhoras e senhores o que diz os dados do 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Não é só o Rio de Janeiro que necessita de intervenção. Estão na lista outros estados, como Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pará, Amapá, Pernambuco, Bahia, Goiás e Ceará. E o Poderoso, sequer, teve a delicadeza ou o desplante, para ser mais objetivo, de convocar seu generalzinho de pijama e INTERVIR.

Por ser assim, resta balançarmos os chifres, como bois à porta do matadouro. Fazermos igual o governador da província romana da Judéia, um crápula de nome Pilatos. Esse cara lavou as mãos quando lhe apresentaram Jesus e Barrabás. Ou se não quisermos levar a culpa sozinhos, repetir o gesto pouco ortodoxo de Pilates (irmão caçula de Pilatos). Ao tomar conhecimento que seu consanguíneo deixara Jesus entregue à turba desenfreada que o queria crucificar, preferiu sair de cena, à francesa, e banhar os pés num chafariz onde o Filho de Deus seria acoitado antes da crucificação no Gólgota. Pilates tinha a hediondez da “pedofilia”. Adorava suas patas.  

Trocado em miúdos, senhoras e senhores, queremos sinalizar que a nova impostura, ou a mais nova “marmelada” que acaba de cair sobre nossas cabeças, a natimorta I-N-T-E-R-V-E-N-Ç-Ã-O F-E-D-E-R-A-L na In-segurança Pública, chega até à Cidade Maravilhosa, falecida, sem forças. Concordam que o nome é apolínio e garboso? Apesar de cambeta, a frente desse processo intromissivo, está o ilustre e altaneiro general cem-sem estrelas (tem mais corpos celestes orbitando em sua farda, que a nossa galáxia).

O frúcio atende pelo nome de Walter Souza Braga Neto e vive às voltas com a chefia do Comando Militar do Leste. Sob sua batuta se agrupam 50 mil homens brincando de pilotar tanquinhos enferrujados e aviões do tempo em que Hitler coçava o saco dando uma de líder do Partido Nazista.

Papai Michel Jackson Temer, numa jogada de mestre, prometendo vender a mãe e a sogra, para conseguir votos na Câmara, em barganha de carguinhos e benesses a seus pares, assinou o “deucerto” (perdão, decreto) oficializando essa fuzarca que, de antemão sabemos, não dará em nada. Mesma pancada em nossos lombos de filhos da puta será a criação de um novo cabide de empregos, qual seja o Ministério da Segurança.

Ora, meus prezados, pelo amor de Deus! O Ministério da Segurança existe há anos. Não é outro senão o Ministério da Justiça, que de passagem, devemos alertar, não trata de justiça porra nenhuma. A lei por aqui, sempre esteve ao lado dos bandidos, não das vítimas.

Tipo os cagalhões dos direitos humanos, que não socorrem os ofendidos, se prestam a visitar as prisões, para garantir os direitos dos facínoras que cometeram os delitos mais hediondos. Intervenção, em resumo, é uma miséria vil que a terra expele em ígneas convulsões, uma putaria que sangra em espasmos frementes, uma baita sacanagem que ergue muros a moldes berlinenses sobre seres cegos de futuro.

Os notórios personagens que assinaram o decretinho (Michel Jackson Temer, Pesão Chulé Frieira e Rodrigo Maia), não se omitam, não se olvidem, sem exceção, são personagens de atos de bandalheiras e corrupção. Passaram meses e meses esperando a merda feder, para em resposta a esta sociedade de bundas moles e imbecis embrulhados em mortalhas de fome, apresentarem uma solução que parece mágica. Mágica, amados, nem nos quintos do inferno. Por derradeiro, se preparem.

Ei, nos prepararmos para quê?! Simples. Para a surpresa. Será mais uma conta camuflada em algum tipo de imposto que virá e cairá, como uma nuvem negra (de gafanhotos indisciplinados, por exemplo) direta para “tomar” no sopapo, os nossos minguados, escassos, franzinos e inválidos salários. Essa INTERVENÇÃO mostra, num primeiro momento, a fraqueza do governo, o seu despreparo, a sua falta de visão, a sua ausência de pulso forte para governar uma nação às moscas.

Num segundo ponto, só não vê, ou não enxerga, quem não tem orelhas. Tudo não passa de um grande circo armado, um show para televisão em capítulos meticulosos, bem escritos, nos moldes do BBB 18. Para os que são surdos da burrice galopante, abrimos aspas. BBB é a sigla da Boca Boceta e Bunda que a Globo exibe todos os dias, em horário nobre. Fechamos aspas.

Mister se faz deixarmos claro e declarado, destapado e esculpido, a incompetência do Jackson Temer, o seu raquitismo insosso, o seu escasso despreparo para estar à frente de uma NAÇÃO atolada, chafurdada, imbecilizada, idiotizada, até os colhões, num gigantesco buraco do qual, só um milagre divino, a livrará do caos grotesco em que se encontra. Vamos torcer, para que todos esses desgraçados do imenso Avião Pousado que hoje nos escravizam (a porvindouro quase às portas), se fodam, se lasquem, se arrebentem e tenham o mesmo destino de Belerofonte.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, do sítio “Shangri-la”, um lugar perdido no meio do nada. 20-2-2018

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2 comentários:

  1. As Forças Armadas são para proteger o país contra ataques de países inimigos. Esta é a função. Aqui no Brasil ela é usada para proteger o país do próprio povo. Quando forças especiais de outros países forem chamados para intervir na baixaria em que se encontra o Brasil... Aí será fincada a guerra civil.

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  2. Pelo que se lê por aí, estamos muito próximos da unanimidade, direita e esquerda estão convergindo quando se trata da intervenção "apatralhada" no rio.
    Foi uma decisão sem nenhuma garantia de sucesso e sem um planejamento detalhado.
    Ou como diz um jornal do rio, “O exército pegou um abacaxi político!".
    Até o Bolsonaro e o Ciro , já se pronunciaram ,fazendo coro com Dilma e Gleise, portanto...
    Insisto na minha tese de que direita ou esquerda não tem nada a ver com isto, ou com as falhas de caráter das pessoas.
    Temos canalhas em ambos os lados, faz parte de nossa raça e não de ideologia.
    O que deve ser combatido é o mal em si.
    Seja este de direita ou esquerda!
    Aliás , alguém já disse aqui ,que já não existem separações entre extremos ideológicos.
    Os extremos se confundem e se atrapalham!
    Pelo menos aqui na nossa política tupiniquim.
    O próprio Lula execrado pela direita teve comportamentos conservadores na economia, proporcionando lucros estratosféricos ao sistema financeiro.
    Então, pelo menos no Brasil, não há mais que se falar em esquerda ou direita!
    Independente destes conceitos retrógrados, o que vale é o respeito pelo próximo e a luta pelo bem comum.

    Paizote

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