Haroldo P Barboza
Nos últimos vinte ou trinta
anos, alguns meses antes das eleições majoritárias, algumas TVs levaram ao ar
debates entre os candidatos ao cobiçado cargo executivo da vez. A BANDNEWS
(apesar de sua atuação regular de se aproximar da verdade), em função de
“acordos” entre os concorrentes, nem sempre conseguiu tal objetivo devido ao
“formato” dos debates. Nós eleitores, ficamos com o sentimento de que diversas
perguntas não foram “incisivas” (mas sim combinadas) e pior, as respostas na
maior parte foram “evasivas” - o condutor do debate também não pressiona
(talvez pelo exíguo tempo) para que a mesma seja objetiva e o fulano arguido
acaba escapando da “saia justa” sem se comprometer, com frases prolixas e
ornamentadas com molduras que não se ajustam ao tema que a população deseja
entender melhor.
Com as sucessivas decepções que colecionamos ao longo destes anos, nosso povo, que não foi educado (por conveniência dos falsos líderes) para defender seus direitos, resignou-se mais e continuou a manter no topo da cadeia governamental os ratos parasitas que sugam nossas dignidades e nossos impostos em proveito próprio.
Desta forma, nos acomodamos
sem ímpeto para lutar contra o alastramento de facínoras nos altos escalões,
que lá chegaram por más escolhas nas urnas. Tais batalhas ficaram por conta de
abnegados jornalistas que possuem experiência e gabarito para explorar as
informações sobre os desmandos que florescem sob o manto da impunidade. Mas sem
respaldo do povo prejudicado, as evidências perdem brilho e caem no
esquecimento. Então concluímos que o tal túnel onde uma luz brilhava, desabou.
Virou uma cova (onde sobrevivemos) que em breve poderá estar coberta com terra
enlameada.
Mas o ser humano jamais
desiste da esperança para que o sentido da vida continue definido e sinalizando
a busca de melhor qualidade de existência para cada um de nós. A partir de
março de 2018 o grupo BANDNEWS planeja debates para tentar nos ajudar na
caminhada por esta trilha obscura e cheia de armadilhas. E daqui do conforto do
meu teclado, sem nenhum compromisso com a opinião pública, tentarei resumir
algumas considerações onde obtive quase unanimidade (um grupo de menos de cinquenta
pessoas) sobre os temas levantados. Torcendo para que alguma coisa útil possa
ser aprimorada para que estes tais debates programados nos permitam enxergar
alguma centelha que ilumine nossas mentes, apesar de sabermos que o menu de
opções registra uma quantidade
indesejável de nomes não confiáveis para receberem nossa procuração para conduzirem
esta nação moralmente falida (minas ela ainda possui bastante).
Esperamos que a análise destas
questões permita aos promotores criarem um evento que retrate a intenção dos
eleitores em receber informações corretas sem acordos de bastidores usados com
destreza para iludir a percepção popular.
Claro que as perguntas devem
ser formuladas por analistas políticos que vivenciam o cenário diariamente. No
entanto, deve ser previsto um espaço para que o povo efetue quatro ou seis
perguntas (não é difícil criar um link=livre para coletá-las e uns quatro
estagiários para filtrá-las e um chefe de equipe para redigi-las claramente).
Um desempregado não quer saber quantos navios o Brasil vai comprar da Noruega,
por exemplo. Nem que ouvir a frase padrão: “- vamos criar um grupo especial (só
com raposas) para combater a corrupção”. Mais de 90% de certeza que não vai.
Ele quer saber quantas oportunidades de trabalho serão criadas e a que preço o
feijão deve chegar à sua mesa. Sem frases de efeito.
Aproveitado este hipotético
link-livre, será possível expor um menu com cinquenta problemas que mais
denigrem nossas qualidades de vida. Cada participante (informa seu título de
eleitor) elege os cinco que mais lhe incomodam para que a produtora do debate
tenha uma linha de perguntas que realmente interesse aos eleitores/pagadores de
altos impostos.
A participação do candidato no
debate deve estar atrelada ao registro de sua plataforma em cartório. Uma cópia
pode ficar exposta num link da emissora. Desta forma ele seria fiscalizado a
partir do dia de sua posse. A cada medida futura contraditória, ali estaria a
arma para derrubar a carreira de quem promete e depois inverte.
É preciso que o mediador
colabore para a mudança do tal “formato” viciado. Cada vez que um questionado
responder algo do tipo “vou mergulhar fundo neste problema” e/ou “vou criar uma
comissão para conduzir o assunto” deve ser replicado pelo apresentador com pelo
menos uma das perguntas simples:
- Este seu procedimento
prometido consta de sua plataforma registrada?
- O público terá acesso
trimestral ao andamento da “comissão”?
Algumas questões cruciais.
1 – Investimento com a Democracia
nunca é caro. O voto impresso faz-se urgente para reduzir as falcatruas em 80%.
O resultado da eleição (via log das urnas-E) sai no mesmo dia. Mas a
confirmação pode sair quinze dias depois com baixo custo com apuração manual
setorizada. Um teste de penetração das urnas deve ser feito por entidade não
ligada ao TSE. O TSE normatiza, organiza, fiscaliza as ações e JULGA (???) os
recursos sobre anomalias denunciadas em SEU processo (nunca se condenou). Então
perguntamos: o que o candidato fez nos últimos anos buscando um processo
transparente na escolha de dirigentes públicos?
2 –Depois da posse, a equipe
vencedora toma conta da chave do cofre e através de manobras obscuras (mercado
futuro, precatórios e pedaladas) manobra as verbas por estranhos caminhos
inacessíveis ao povo que alimenta a montanha de impostos. Então perguntamos: o
candidato se compromete a publicar um “balancete” semestral mostrando o que
prometeu, o que arrecadou, o que realizou e quanto gastou?
3 – Em países sérios, normalmente
temos três partidos políticos. Em alguns dá para suportar uns cinco (cada um
tem sua ideologia). Aqui no Brasil temos quase quarenta “ideologias”! Clara
indicação de que o “negócio” é bom, pois tem o povo “otário” para sustentar um
bando de aproveitadores desocupados (nem trabalham a semana cheia) montando
esquemas para garantir seus ganhos. Então perguntamos: o candidato alguma vez
se colocou publicamente contra este cenário degradante? Possui plano para
reduzir esta anomalia?
4 – Mesmo sem os valores disponíveis
ao cidadão comum, temos noção de que as dívidas de bancos e grandes empresas
para com o fisco se aproximam de R$ 500 BILHÕES! Com esta grana no cofre da
união certamente não seria preciso esfolar o povo para equilibrar as contas da
previdência pública. Então perguntamos: ao longo de sua carreira o candidato já
apresentou um projeto para receber estes valores? Pode resumir um plano para
receber (inclusive de quem patrocinou sua campanha) estas quantias?
5 - Diversos elementos dos escalões
inferiores são regularmente denunciados em escândalos de desvios de verbas.
Então perguntamos: se algum membro de sua equipe for apanhado com “batom na
cueca” será sumariamente desligado enquanto é investigado?
6 – Esta atitude de “emprestar”
divisas (a fundo perdido) para outros países num cenário em que nossas
instituições exibem estado de penúria próxima ao desabamento (físico e moral),
nos passa a impressão de que estamos tirando alimentos e oportunidades de
nossos herdeiros em prol de necessitados onde os dirigentes são corruptos e
incapazes como os nossos. Então perguntamos: em alguma época o candidato
condenou esta prática? Deixará de exercê-la?
7 – As elevadas mordomias que governantes
desfrutam (aviões, jantares, gabinetes suntuosos, viagens de comitivas
“inchadas”, frotas de carros, aspones decorativos, etc) à custa de nossos
impostos são exibidas sem nenhum constrangimento pelos praticantes. Então
perguntamos: em alguma época o candidato condenou esta prática? Deixará de adotá-la?
8 – Por dolorosas experiências,
sabemos que ANTES do pleito os candidatos são imensamente gentis (andam sobre
jegues, beijam crianças sujas de lama, visitam lixões, recebem relatórios de
núcleos oprimidos e assemelhados). Depois disponibilizam gentis aspones para
acionarem “resposta-padrão” cada vez que são cobrados por atos não atendidos.
Então perguntamos: o candidato possui algum plano pronto para ser ativado onde
o cidadão possa ser informado (e possa cobrar) sobre os problemas que mais nos
incomodam?
9 – A prática do nepotismo está
complicada pela vigilância virtual atualmente desenvolvida. Mas existe aquela
artimanha do gestor AAA abrigar parentes de BBB e vice-versa. Então
perguntamos: em alguma época o candidato condenou esta prática? Não fará uso
desta malandragem?
Eu tenho mais umas vinte
perguntas para sugerir. No entanto não desejo monopolizar o espaço (outros
leitores certamente terão importantes questões a incluir junto à empresa
jornalística) nem inchar a pauta que certamente será reduzida para caber no
tempo disponível de cada programa (que pela importância merece três horas de
duração).
Só esperamos que este
depoimento sirva para confirmar (ou derrubar) nossas suspeitas de que tais
debates não polarizam na dimensão necessária para um pleito mais consciente.
Para finalizar minha parte,
resumo esta fábula abaixo.
Um consumidor “esclarecido”
entrou na confeitaria bem arrumadinha. Na vitrine ele observou três tipos de
doces em “promoção”.
O 1º vencido há seis dias
custava R$ 0,75; o 2º vencido há quatro dias custava R$ 1,25; o 3º vencido há 3
dias custava R$ 1,50. Prevendo mal-estar futuro com gastos inesperados (médico
+ remédios = R$ 650,00) o “esclarecido” não comprou nenhum doce. Na semana seguinte
foi às urnas e votou NULO.
Neste momento, também enxergo
esta equação: menos ruim =
NULO.
Parece meio “impatriótico”.
Mas se o debate não produzir algo que deixe odor de honestidade (nas respostas)
para o povo com fome de dignidade e respeito, qual será o jeito?
Nossa sociedade é um colosso.
Sobrevive no fundo do poço.
Título e Texto: Haroldo P. Barboza, Vila Isabel,
42-2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-