Carina Bratt
Na lição do escritor austríaco
Peter Drucker, autor do livro “O Gestor Eficaz”, “o futuro não é mais o que costumava
ser”. Se formos olhar pelo que está acontecendo atualmente, Drucker estava
muito além do seu tempo quando colocou no papel, essa frase. O futuro, de fato,
não é mais. Talvez nem exista, a não ser na nossa tosca e limitada
imaginação.
No tempo do poeta Drummond,
por exemplo, ele olhava para o céu da sua janela e gritava: “Ó vida futura! Nos
te criaremos”. Esse tempo do “nos te criaremos” se foi junto com Drummond, aliás,
se esvaiu com seus devaneios. Hoje, se perguntássemos a ele, como criaríamos a
vida futura, o que será que responderia? Mudando a indagação: o que você, minha amiga, teria
a dizer exatamente? Que poderíamos criar o futuro? Ou recriarmos ou refazê-lo? Sim, claro, poderíamos... muito vagamente...
Mas criar um futuro como? De que jeito? De que forma? Se o futuro
depende de nossos sonhos – melhor irmos dormir, porque acordados, o estrago que
vemos, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo, é infinitamente grande.
Melhor, de fato, dormimos. Com um olho aberto, logicamente!
No tempo dos meus pais, o
futuro se apresentava um desconhecido ilustre que nos chamava. Hoje talvez ele
nos convide, ou até nos grite, todavia, em face do quadro lúgubre e sombrio,
lamentoso e enlutado em que vivemos, não o escutemos. Quem sabe, pelo pavor
repugnante das balas perdidas, dos tiroteios das favelas, enfim, dos dias
tenebrosos que atravessamos, não o recepcionamos com a devida vênia e respeito.
Aos vinte e nove anos,
concordo plenamente com a romancista Mary Webb. Em seu livro “Ido à terra”, ela
escreveu: “nós somos o futuro do passado”. Em decorrência disso, por precaução,
necessitamos procurar seguir o conselho do filósofo Miguel de Unamuno. Ele
ensinou, com muita propriedade, que “é mais interessante ser pais de nosso
futuro do que filhos do passado”.
Pelo sim, pelo não, pelo não,
pelo sim, tenho por norma reinventar o passado, recriar o que se foi o que
trilhei até aqui. Não importa se bom ou
bárbaro. Meu objetivo, nessas horas, é redescobrir o ontem para ver a beleza do
futuro, sempre, ainda que ele, o indefinido, demore a se fazer presente, ou
NUNCA CHEGUE, vai se saber! Em mordida oposta, da boca nervosa que carrego a
esperança que vive em mim, em meu coração, em meu sangue, apesar dos pesares, é
indubitavelmente a última audácia que vai para o beleléu.
Em resumo, o futuro, na visão do
criador de “O corcunda de Notre-Dame”, o imortal Vitor Hugo, o futuro tem
muitos nomes: “para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o
desconhecido. Para os valentes, a oportunidade”. Para mim, em particular, o FUTURO NÃO VIRÁ.
EU, CARINA, IREI BUSCÁ-LO. E se o achar, o agarrarei pelos cabelos, embora
tenha consciência de que o senhor Futuro é um cidadão literalmente calvo,
conhecido “pela aí” como aeroporto de mosquito.
Título e Texto: Carina Bratt, secretária e assessora de imprensa do jornalista e
escritor Aparecido Raimundo de Souza. De São Paulo – Capital. 1-2-2018
Bem Carina, o tempo não é nosso Senhor é nosso carrasco.
ResponderExcluirTodos que dividem o tempo em passado, presente e futuro estão errados.
O passado existiu e se alonga a cada momento de nossas vidas.
O presente é um átimo de momento entre o passado e o futuro.
O FUTURO É NA REALIDADE O NOSSO PRESENTE INSTANTÂNEO que esvai-se na velocidade da luz para nosso passado.
Vivemos sempre no futuro presente, ou no presente futuro como queira.
O futuro que as pessoas pensam e se referem para acontecimentos longínquos, está por vir no PORVIR.
PORVIR talvez inatingível para os fracos, ou pela morte, mas a morte não é uma fraqueza. É desconhecido para todos, não só os temerosos.
Porvir é a oportunidade que chega no tempo para quem tem tempo.
Ele a agarrará pelos cabelos com certeza. Você não irá buscá-lo, ele a encontrará.
Agora se seu PORVIR for humano, sem consenso, perecerá muito antes.
fui...