segunda-feira, 16 de abril de 2018

Antipolítica e a eleição presidencial brasileira em 2018

Cesar Maia
        
1. Um voo amplo sobre as eleições de vários países, nos últimos anos, incluindo, claro, 2017 e 2018, mostra um crescimento sustentado da antipolítica, seja com os candidatos vitoriosos, seja com o crescimento de candidatos e novas forças, seja pela sinalização das pesquisas.
        
2. A antipolítica eleitoral e pré-eleitoral afirma a "morte" dos partidos políticos tradicionais e a necessidade da ascensão de nomes e movimentos, cuja principal bandeira é a rejeição aos partidos e aos políticos.
        
3. Como em geral as legislações eleitorais não autorizam candidatos avulsos, a antipolítica se apresenta fantasiada com a sigla de partidos políticos. Mesmo os partidos tradicionais - em muitos países - preferiram retirar de seu nome a palavra partido e passaram a se denominar por palavras-bandeiras.
        
4. É assim no Brasil com Rede, Patriotas, Podemos, Democratas, etc., e em outros países como a Espanha com Cidadãos e Podemos, que perfilam nas pesquisas ao lado dos tradicionais PP e PSOE. Exclua-se disso aqueles que tradicionalmente e há muitas décadas adotaram denominações com a expressão como União...
        
5. Agora, em 2018, pesquisas pré-eleitorais no Brasil - e especialmente a do Instituto Datafolha, pois foi realizada após as janelas de março e o troca-troca de partidos e a inclusão de personalidades no campo eleitoral - mostram claramente a força de saída da antipolítica.
        
6. Pelo menos, na América Latina, o amplo processo de corrupção envolvendo políticos e suas relações reforçou a percepção dos eleitores que há a necessidade de varrer do tabuleiro político os partidos tradicionais e que há que se dar prioridade aos que estão no campo da antipolítica.

7. Há que se sublinhar que a antipolítica e o populismo são primos irmãos e que se afirmam quase da mesma maneira, incluindo a tradicional rejeição às elites em defesa dos pobres. Isso traz incorporada a mensagem que os partidos e políticos formam as elites e que há que rejeitá-los. 
      
8. A pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no domingo, 15 de abril, mostra claramente esse quadro e a força da antipolítica. Ou seja, a força das pré-candidaturas que se afirmam pela rejeição aos partidos e aos políticos. O populismo antipolítico de Lula tem o destaque de sempre. Mas quando outros nomes do PT que não podem ser incluídos na antipolítica são apresentados, estes, não chegam a 2%.
    
9. Com o impedimento legal de Lula, a pesquisa Datafolha oferece alternativas.
    
10. Os dois primeiros nomes que se destacam e lideram as intenções de voto fazem parte do campo da antipolítica (rejeição a partidos, a políticos e até à política) independentemente de suas ideias. São eles Bolsonaro e Marina. E próximo a eles o ex-ministro do STF que capitaneou o julgamento do mensalão, Joaquim Barbosa. Bolsonaro perde um pouco de fôlego na medida em que outros nomes da antipolítica são oferecidos.
    
11. Ciro Gomes faz parte deste bloco na pesquisa, e aparentemente como nome partidário. Mas, seu passeio por vários partidos em sua trajetória política mostra coisa diferente. Não é exatamente o partido que o caracteriza. Mas seu populismo retórico e virulento, que aproxima sua comunicação da de Bolsonaro. E assim é percebido pelos eleitores.
    
12. É dessa forma que está formado o grid de largada para outubro de 2018. E esse será o desafio maior dos candidatos orgânicos, construir discursos e mensagens que os separem do facilitário oportunista da antipolítica.        
Título e Texto: Cesar Maia, 16-4-2018   

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