O quinto poder se subestima.
Os aposentados franceses deveriam se
associar a um movimento destinado a defender os seus direitos e as suas vozes, avalia
o jornalista e escritor José-Manuel Lamarque
De acordo com as últimas estatísticas
disponíveis, final de 2015, os aposentados franceses eram 16 milhões. O número
cresceu, mais ou menos, 152 000 pessoas, ou seja, um aumento aproximado de 1%.
Antes de tudo, uma primeira reflexão concernente a tributação dos reformados.
Como explicar que os reformados sejam tributados, já que eles descontaram
durante toda uma vida para construir a sua aposentadoria e foram,
evidentemente, tributados, portanto, pagando também o imposto referente à sua
reforma. Assim, hoje reformados, eles pagam um segundo imposto eis que o
primeiro foi honrado, é justo isso?
Em seguida, o cálculo de 16 milhões de
pensões multiplicados por um mínimo médio de 1 283 euros nos leva ao número de
20,5 milhões de euros mensais que vão diretamente para os bancos. É uma segurança
tanto para os bancos como para o Estado, podemos falar de um colchão. E não é
tudo. Os aposentados são atualmente o primeiro poder de compra, eles cobrem
alguns setores da sociedade como o paramédico ou o turismo, entre outros.
Durante as férias escolares os reformados contribuem para a boa saúde do setor
de viagens. Todos nós sabemos que os aposentados fazem a alegria da poupança do
nosso país. Na verdade, eles são reais protagonistas do funcionamento da
França, sem saber. Os aposentados são um pilar da nossa sociedade, começando
pela ajuda familiar ou financeira que eles prestam aos filhos e netos. Mas
serão eles mais do que tudo isso sem o saber?
Efetivamente, eles são muitos mais e
ignoram isso. Porque se se fala de poderes na França, a imprensa sendo o
quarto, os aposentados são um quinto poder que se subestima. Refletindo um
pouquinho, os reformados não estão todos alojados em asilos ou lares para
idosos, longe disso. Uma grande maioria está ainda ativa com um potencial
pessoal que vem, em primeiro lugar, da sua boa saúde, e da sua sabedoria
adquirida de múltiplas maneiras e, enfim e sobretudo, do seu savoir-faire devido aos quarenta anos de
trabalho que lhes trouxeram uma capacidade toda própria.
De fato, se os reformados soubessem se
unir num movimento, não um partido político, mas um movimento cidadão, este
movimento unido na e para a defesa dos seus direitos poderia se fazer ouvir e
seria a voz de 16 milhões de franceses. Isso seria único em nossa história, até
da história da Europa, e isso tem um nome, um lobby! Porque os aposentados vêm
de todos os horizontes profissionais, eles poderiam pôr em prática os seus
conhecimentos adquiridos em prol da sua própria causa. Seria a sua melhor
representação e a sua melhor defesa. Um movimento dos aposentados franceses
seria um interlocutor de peso junto a todos os poderes. Unidos e associados, os
reformados seriam ouvidos, não ignorados, como hoje em dia. Eles teriam a
capacidade de influenciar vontades políticas. A sua força viria do fato de que eles
não estariam inscritos em nenhum partido político, estariam fora do debate
politiqueiro, portanto, este movimento teria ainda mais peso. Tomarão eles e
elas consciência que eles e elas são os verdadeiros atores da sociedade
francesa, porque sem eles e elas partes inteiras da nossa economia não estariam
tão floridas?
Aposentados, acordai. Sim! Vocês não
serão mais somente vôs e vós aos olhos dos vossos netos, mas também participantes
que sabem se unir e ter voz. É necessário dar um exemplo para compreender a
importância dos reformados atualmente? Simplesmente, se a dirigente ou o
dirigente deste movimento dos aposentados pedisse aos participantes,
simpatizantes, companheiros do movimento, de esvaziar as suas contas bancárias amanhã
a partir das 10h. Imaginem o pânico que essa determinação suscitaria... aí, opa!
os aposentados existem bem mais do que eles imaginam. É tempo que o vô e a vó
entrem na resistência!
Título e Texto: José-Manuel Lamarque, Valeurs Actuelles, nº 4242, de 15 a
21 de março de 2018.
Tradução: JP
Tradução: JP
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