sábado, 5 de maio de 2018

A Vergonha Súbita do PS

Cristina Miranda


E de repente, assim do nada, figuras “tristes” do PS que prestavam vassalagem a Sócrates, começam a sentir um enorme desconforto e vergonha pela corrupção no governo do Zé (como Salgado gosta de o tratar). Compreendo. Enquanto nada se sabia e tudo parecia confinado apenas ao Sócrates e seu fiel amigo “generoso”, dava para fingir que – tal como Arons de Carvalho afirmou – era aceitável um primeiro-ministro viver de empréstimos (ah! ah! ah!). Agora com Pinho apanhado nas escutas com Sócrates (veja aqui) já não dá para esconder. Ou seja, não é a vergonha por roubar que os move, mas sim, por terem sido apanhados.

O partido socialista é quem mais governa desde 1995 e somou inúmeros escândalos que fariam qualquer um, com moral e ética, morrer de vergonha. Mas não, não morreram de vergonha com Guterres: nas célebres  “viagens Fantasma”; no negócio dos submarinos com Escom com luvas, em 1998, como denuncia e bem,  Cecília Meireles (veja aqui);  na polémica da Fundação para a Prevenção Rodoviária que provocou a demissão de António Vara, uma fundação que servia apenas para duplicar o trabalho do Estado para usufruir de dinheiros públicos; a queda da Ponte de Entre-os-Rios que matou 59 pessoas por negligência grosseira do Estado.

Não, não houve vergonha no caso “Cova da Beira” com o “famoso” Sócrates como protagonista, suspeito de receber 150 mil contos em luvas para influenciar resultados do concurso para o aterro sanitário. Onde foram feitos 3 arguidos posteriormente absolvidos (os amigos são para as ocasiões)) apesar da prova bancária. Sócrates escapou porque o procurador titular não deixou fazer buscas à sua casa (olha só que simpático!) Curiosamente Carlos Santos Silva esteve ligado ao Processo Cova da Beira pois era sócio de Horácio Luis de Carvalho na empresa Conegil que fazia parte do Consórcio HLC que curiosamente ganhou a adjudicação (ena! são só coincidências!). Curiosamente também este processo foi arquivado com Sócrates ainda como primeiro-ministro.  É preciso ter sorte!

Também não vi ninguém com vergonha do caso Freeport em que um vídeo (veja aqui) provava ter havido luvas pagas a Sócrates (outra vez) através de um primo (mais uma rica coincidência!),  para construir em área de reserva natural quando Sócrates era Ministro do Ambiente. A Procuradoria Gera, resolveu pegar no processo que estava nas mãos do Ministério Público do Montijo e transferiu para o Departamento de Cândida Almeida no DCIAP, que em 2010 o encerra intempestivamente num despacho com 27 perguntas a Sócrates que ficaram sem  resposta por… falta de tempo.  Mas que sorte outra vez! O Processo terminou com 2 acusados absolvidos e Sócrates, nadinha.

Não houve vergonha com o “Face Oculta” em que Sócrates (outra vez!) tenta controlar a TVI como comprovavam as escutas com Vara. Mas o Procurador Geral Pinto Monteiro resolveu enviar as escutas para o Presidente do Supremo Tribunal, Noronha do Nascimento, que não as validou e mandou destruir!!! Já agora, espreite aqui as escutas e faça você mesmo o seu juízo.  O PGR resolveu assim não abrir inquérito e para impedir a consulta dos factos por terceiros, procedeu ao arquivamento administrativo (é só amizade).

Não os vi envergonhados com o Processo Casa Pia onde claramente, nas escutas (veja aqui), Costa, Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues (que entretanto se “cagava para o segredo de justiça”) mexeram cordelinhos para safar o amigo socialista Paulo Pedroso que pelo meio foi retirar rapidinho um sinal de nascença, em zona íntima,  que várias crianças tinham identificado (quanto não vale ter amigos na política!).

Também não os vi minimamente envergonhados ou revoltados pela monstruosa bancarrota de 2011,  graças à governação da festa socialista socrática onde não faltou grandes “bebedeiras de despesismos” com TGV caríssimo, aeroportos  para moscas em Beja, Parque Escolar com candeeiros de Sisa Vieira, PPP’s com Estado a assumir todos os prejuízos de privados, os créditos escandalosos pedidos à CGD, no tempo de Vara (outra vez!) por políticos e empresários do regime sem garantias, entre eles o próprio Sócrates.

Não houve vergonha, muito pelo contrário, já com Costa ao leme: com as  viagens pagas pela Galp em conflito com Estado para levar políticos à bola;  quando se descobriu as SMS de Centeno que provaram haver favorecimento à nova administração da CGD para não apresentar declaração de rendimentos com a ajuda de um decreto feito à pressa no escurinho da noite; com Carlos César a empregar à descarada a família toda na Função Pública, nem por ter andando a receber despesas de viagens que não fez;  quando mais de uma centena de pessoas sucumbiram nos Grandes Fogos de Verão 2017 e centenas de outras ficaram feridas e desalojadas e que continuam grande parte delas à sua triste sorte; pelo  material de guerra que desapareceu por um buraco duma rede em plena luz do dia, misteriosamente; por se morrer de legionella, apanhar sarna ou piolho do pombo nos hospitais públicos; por deixar SNS em falência técnica; pelo caso Raríssimas com ex-secretário da saúde apanhado numa relação íntima com a Presidente; por nos carregar escandalosamente com austeridade em período de bonança, governando de forma totalmente oposta ao tão famoso plano macroeconómico que justificou o derrube do Passos pelas esquerdas!!

A dita vergonha súbita do PS não passa de estratégia. Primeiro para limpar a imagem do partido. Depois, provocar a saída aparente e muito conveniente do “calimero” Sócrates – devidamente concertada – para, entretanto preparar o caminho, sem levantar suspeitas, para ilibar os ex-ministros socráticos, decretando leis da rolha, movendo os peões do tabuleiro judicial que permitirão a saída airosa desejada deste pantanal. As nódoas continuarão lá, mas branqueadas.

Pensem: quem no PS quer ver Sócrates verdadeiramente zangado a dizer tudo o que sabe? Ninguém. Por isso, tudo farão para o ajudar. Indiretamente.

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