Aparecido Raimundo de Souza
“Homem
de verdade é aquele que ama cinco mulheres ao mesmo tempo, uma de cada vez, em
pontos diferentes, torcendo, todavia, para que elas nunca se encontrem na mesma
hora, e de preferência, na mesma cama”.
Da série Aprazo Sem Garantia
HOMEM DE VERDADE, É
AQUELE que sabe o
momento exato de parar, de tirar o time de campo, de pegar seu banquinho, sair
à francesa e seguir adiante, sem olhar para trás. Sequer dar uma relanceada de
olhos para uma despedida fugaz respingada por dissabores de horrenda solidão.
Solidão é um mal arredio e perverso. Sempre aflora quando nos acantonamos
isolados e melancólicos dentro de nossos piores desesperos.
Homem de verdade é aquele que anda de cabeça erguida. O que jamais se
deixa abater diante dos atravancos e empecilhos, nem tropeça duas vezes nos
mesmos erros cometidos. Sempre arranja novos desafios para se divertir e chegar
à conclusão que superou a própria imbecilidade moradora dentro de si. A
imbecilidade é uma célula de má índole fixada em nosso corpo, como um vírus
superpoderoso. Ao menor sinal de imunidade baixa, faz questão de se mostrar
vivo e pulsante.
Se porventura o homem de verdade desvia os passos, ou sai da rota
previamente traçada e involuntariamente se depara e cai motivado por uma topada
inesperada, levanta de novo. Bate ligeiro na poeira, suspira forte, ergue a
cabeça e segue de onde estancou a jornada. Faz isso sem derrubar o amigo que
está ao lado, ou logo atrás. Derrubar alguém, cedo ou tarde fará com que um
castigo intempestivo se faça dominante como uma queda abrupta e ultrajadamente
demolidora.
Homem de verdade não faz xixi nas vias públicas. Tampouco mija nos
muros. Não faz cocô em terrenos baldios, nem atira gracejos às moças
desacompanhadas quando cruza com elas pelas ruas da cidade. Chalaças à
estranhas nem sempre resultam em desfechos positivos.
Homem de verdade não dirige embriagado, não manda o guarda de trânsito
tomar naquele lugar e, quando sai com os companheiros para se divertir, não
devassa a compostura bebendo o conteúdo do copo além da conta, a ponto de
inflamar vexames ou provocar escândalos a quem quer que seja. “Quem quer que
seja”, por mais convizinho que possa parecer, debanda, distanciando a amizade e
retrogradando os laços da simpatia e cumplicidade.
Homem de verdade não vive enroscado com trapaças, engodos, tramoias ou
claudicações. No mesmo norte, não tenta embaçar, fraudar, extorquir ou
ludibriar a boa-fé alheia. Não mente para a esposa nem a trai arranjando
amantes. Principalmente “babados imaginários”. Não gasta dinheiro à toa em
boates e motéis de categorias duvidosas. Pocilgas de beira de estrada denigrem
a imagem do homem de verdade e o faz devasso e indecoroso diante de sua própria
consciência.
Homem de verdade não é perfeito em tudo o que empreende, porém, cuida
para que esse “tudo” pareça perfeito, esmerado e benignamente divino. Quando está ao lado daquela que escolheu para
ser a eleita do seu cotidiano, vibra em presença, se desmancha em mesuras e
cortesias, reverencias e vênias. A
adoração à consorte é o ponto nevrálgico para manter um relacionamento regular
e atraente a dois. Relacionamentos a dois são como o côncavo e o convexo num
idêntico patamar de elucubrações, onde cada um deve contribuir com a sua melhor
essência interior.
Homem de verdade não agride a companheira, não maltrata os filhos
pequenos, nem desleixa com os compromissos que assumiu. Faz vibrar o coração da
epiderme que afoita, reclama carinhos e atenções. Não permite que a amizade
entre as almas se meça somente por sorrisos e elogios. Vai mais longe,
coadjuvando para que a maviosidade do efêmero não se perca em dias e noites
sombrios. Dias e noites sombrios (entre duas criaturas não pontilhadas no mesmo
objetivo, se ambas estiverem fora da sintonia meridiana dessa “intenção”)
contribuirão para que o propósito final, ou a ambição escopada feneça e se espedace
nos laços intrusos do inconsequente.
Homem de verdade não vive metido com drogas, não anda em más
companhias, nem se deixa levar por falsas amizades. Falsas amizades são aquelas benquerenças
disfarçadas de apegos e entusiasmos que servem somente para alimentarem a
destruição e a autoestima. A autoestima é a vitamina que sustenta que encoraja
que agasalha e protege esses apegos e entusiasmos, desmascarando suas
incertezas e favorecendo o prosseguimento da reciprocidade entre os laços
humanos.
Homem de verdade curte literatura, aprecia boa música, tem gosto
apurado e elegante por pratos especiais. É um perfeito cavalheiro, e quando
quer fumar se afasta do grupo para não incomodar os que lhe são caros. Os que
são caros, não são obrigados a aturarem seus defeitos e manias, ainda que esses
embustes não sejam perniciosos ou, via outra, coloque, em risco, o bem maior, a
saúde.
Homem de verdade é dono de si. Sempre. Tem completo controle da
situação, é safo pronto, ágil, idôneo por natureza. Carrega uma visão próspera
de futuro, aquém, às vezes, da sua capacidade de entendimento. Sabe como
encontrar os caminhos e atalhos, as brechas e desvãos para chegar à felicidade
total levando a amada a ver estrelas incandescentes em pleno meio dia de sol a
pino. A amada é o fluxo do sangue que percorre as veias, como o ar benfazejo
que alimenta o anfêmero.
O homem de verdade, na genuinidade legítima da palavra, não existe. É
literalmente fantasioso, quimérico, utópico. Mesmo sentido, é peça incomum,
desprovida do frequente singular que envolve o comum. Em outros modos: é
produto raro, ilógico, difícil de encontrar. É ainda sonho e, acima de todas
essas coisas, politicamente surreal e fictício. Fictício como o vento que sopra
e não se vê, embora dele necessite para continuar vivo, pleno, e abastecido de
venturas.
RESUMINDO O ÓBVIO. SE O HOMEM DE VERDADE EXISTISSE, O MUNDO EM QUE
HABITAMOS NÃO TERIA NENHUMA GRAÇA. ENTENDAM O SEGUINTE. NINGUÉM VIVE
(PRINCIPALMENTE AS MULHERES), SEM A COMÉDIA, SEM A FARSA, SEM O FINGIMENTO, SEM
O TEATRO, SEM A PATRANHA, SEM O EMBUSTE, E, SOBRETUDO, SEM A HIPOCRISIA INFAME
DE UM “HOMEM DE VERDADE”, LITERALMENTE VELHACO E DIAFANADAMENTE MENTIROSO.
MENTIROSO NA ENPOLGAÇÃO DE DIZER “EU TE AMO”, QUANDO NO CERNE, QUERIA
PROFETIZAR UM “EU ME ADORO, COMO SE FOSSE UMA CRIATURA ÚNICA E
INIMITÁVEL”.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. Do Aeroporto Internacional de Viracopos, em
Campinas interior de São Paulo. 22-5-2018
Colunas anteriores:
Concordo com cada palavra dita no final Aparecido, como sempre texto impecável, mas usando suas palavras, não existe a mulher perfeita, que graça o mundo teria se todas as mulheres fossem perfeitas existe mulheres para todos os gostos ( principalmente para os homens) assim como os homens gostam de uma farsa ,de mentiras, de manipular, de achar que estão arrasando,as mulheres também é ÓBVIO o mundo dos homens precisam disso para viver se a mulher fosse perfeita, como o homem acreditaria nas mentiras contadas no dia a dia, como o homem sobreviveria sem a tais palavras manipuladoras "Eu te amo" portando não existe mulher ou homem perfeito. Existe pessoas procurando se encaixar nas imperfeições uns dos outros. Carla
ResponderExcluirCoincidência! Enquanto lia esse artigo, estava ouvindo Ney Matogrosso com "Eu sou homem com H". Então amigo, quando essa música foi lançada ainda havia a preocupação nos "homens" de se "provar" a masculinidade, bons tempos aqueles! Porém, o que importa atualmente é "ser feliz" ao seu modo, doa a quem doer. Homem ou mulher, perfeitos? No mundo real? Não creio que possa existir, eu pelo menos, nunca tive a sorte de encontrar. Portanto, vamos nos contentar com algum que possua pelo menos a qualidade de ser e não apenas "parecer", honesto e trabalhador. (Coisa rara).
ResponderExcluirÉ claro que existe o homem prefeito...pelo menos um em cada cidade!
ResponderExcluirPAIZOTE
Nos tempos atuais, onde se questiona a perfeição de Deus...buscar homem perfeito é fantasia!
ResponderExcluirPaizote
PODEM ME CHAMAR DE "VEADO", IMBECIL NÃO ME IMPORTA.
ResponderExcluirDIA 27 DE MAIO DE 1983 EU ME CASEI COM 32 ANOS, E NESTE 27 FAÇO 35 ANOS DE CASADO.
Não houve quem apostara, que nunca seria ETERNO, o feio e gordo casar-se com mulher tão linda de olhos de esmeralda.
Todos diziam que eu tinha o gênio insuportável.
Eu adorava cabarés, boites, dança dos queijos, os nudes das noites cariocas.
O beco das garrafas, a galeria Alaska, O Alfredão da Sá Ferreira, as festas do Farah, o Le Bateau, a Barbarella, a Mônica aqui no sul, o Madrigal, o gruta Azul.
EU FREQUENTAVA "OS LÁ HOJE DE TODOS OS LUGARES QUE CONHECI".
Em Maio de 1983 eu dei um "STOP" NAS MINHAS DESVENTURAS DE POUCA VALIA.
Sempre fui um marido honesto., nunca ciumento.
Apesar do texto eu me considero homem de verdade.
O homem do texto é um homem de mentira. Sinto muito aos que duvidam, dediquei e dedico cada momento de minha vida a essa santa devota do meu lado.
Se um dia ela me deixar eu dedico a ela a música "Cadeira Vazia" de Lupicínio Rodrigues sem tristeza nenhuma e agradecido.
Entra, meu amor, fica à vontade
E diz com sinceridade o que desejas de mim
Entra, podes entrar, a casa é tua
Já que cansaste de viver na rua
E os teus sonhos chegaram ao fim
Eu sofri demais quando partiste
Passei tantas horas triste
Que nem quero lembrar esse dia
Mas de uma coisa podes ter certeza
O teu lugar aqui na minha mesa
Tua cadeira ainda está vazia
Tu és a filha pródiga que volta
Procurando em minha porta
O que o mundo não te deu
E faz de conta que sou teu paizinho
Que tanto tempo aqui ficou sozinho
A esperar por um carinho teu
Voltaste, estás bem, estou contente
Mas me encontraste muito diferente
Vou te falar de todo coração
Eu não te darei carinho nem afeto
Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
Pra te alimentar, podes comer meu pão.
Genesis
ResponderExcluir(*) Texto de Carina Bratt
(Para meu patrão Aparecido R. de Souza).
Nós dois
Somos...
somos na verdade
Uma pessoa só.
Feitas
de um barro
diferente
que não vira pó.
Nossos corpos
queimam
na mesma
combustão
Nossas vidas
explodem
em idêntica
emoção.
Resumindo nós dois: paixão.
(*) Título e Texto: Carina Bratt, secretária e assessora de imprensa do jornalista e escritor Aparecido Raimundo de Souza. De Vila Velha, no Espírito Santo - ES.