terça-feira, 8 de maio de 2018

«#metoo josé sócrates»

Rui A.


Está na hora de criar o movimento «#MeToo José Sócrates», para reunir as incontáveis vítimas do ex-«menino de ouro do PS», que se está a tornar, de há duas semanas para cá, num verdadeiro Harvey Weinstein português: Adão e Silva, Carlos César, João Galamba, Santos Silva, António Costa e, agora, até a Mariana de todas as nossas causas fracturantes, a sua ex-namorada Fernanda Câncio, todos foram vítimas do homem que mandou no PS e no país por sete anos consecutivos. Mas todas estas estrepitosas personagens têm, também, um outro elo em comum: em algum momento das suas vidas beneficiaram, e muito, do poder de José Sócrates, sem que isso as tenha minimamente incomodado quando o ex-primeiro-ministro tinha alguma coisa para lhes dar.

Tendo passado de viúvas de Sócrates a vítimas de Sócrates, talvez o exercício de repúdio do «menino de ouro» que mais incomoda seja este de Fernanda Câncio, que frequentemente parece confundir os seus papéis de ex-companheira, de ex-beneficiária da vida flauteada que teve com Sócrates, de (ex-) jornalista, de testemunha do processo e, agora, de vítima das inefáveis mentiras do antigo namorado.  É que ele há coisas, por mais que se queira demonstrar que se foi enganada e se tente fugir a eventuais responsabilidades (o ponto central do artigo, para Câncio, é este: «mentiu tanto e tão bem que conseguiu que muita gente séria não só acreditasse nele como o defendesse»), que, por pudor, não se devem fazer. E uma delas é não bater publicamente em mortos. Sobretudo, se nos deitámos com eles quando estavam vivos.

De resto, o que é que ignorava Câncio ao tempo dos factos de que acusa o ex-namorado, que tenha descoberto só agora? Que Sócrates «tratava como insulto qualquer pergunta ou dúvida sobre a proveniência dos fundos que lhe permitiam viver desafogadamente»? Mas não foi isso que ele fazia quando o inquiriam sobre o caso Freeport? Ou sobre a licenciatura ao domingo e a prova de Inglês Técnico? Ou com o processo da Cova da Beira? Onde estava, na altura, a indignada Fernanda Câncio? A passar férias com ele e com Carlos Santos Silva, provavelmente. Ou que, apesar de ter recusado receber pelos seus programas na RTP e rejeitado a subvenção vitalícia de deputado, fazia uma vida de luxos, que a própria Câncio estimulou, ao indicar-lhe apartamentos milionários para que ele pagasse com o seu salário da Octapharma e com a «fortuna» da senhora sua putativa sogra?

A ingenuidade da combativa jornalista Câncio está ao nível das pretendentes a atrizes de Hollywood, que ficavam muito admiradas com o teor das entrevistas de «trabalho» que Weinstein agendava para as suítes de hotel? Parece que sim. Pobre moça.
Título, Imagem e Texto: Rui A., Blasfémias, 7-5-2018

3 comentários:

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