terça-feira, 26 de junho de 2018

[Aparecido rasga o verbo] Das Escrituras, o que vocês não leram e outras patacoadas

Aparecido Raimundo de Souza

O CASAMENTO É, ACIMA DE TUDO, um ato solene, uma legitimação religiosa que remonta desde os tempos de Rebeca. Para quem não conhece a Bíblia, Rebeca era filha de Betuel, irmã de Labão (o lambão) mulher de Isaque e mãe de Jacó e Esaú.  Perdão, senhoras e senhores. De Esaú e Jacó, da linhagem de Machado de Assis. Para completar, sobrinha de Sara, de quem dizem as bocas ferinas, teria herdado a raridade esfuziante da beleza inigualável. Aliás, foi ela, Rebeca, quem montou com sua cauda volumosa num belo e vistoso camelo, o Palocci, para comparecer a uma cerimônia. E quem estava se enforcando nessa cerimônia? Ela mesma.  E por quê?! 

A explicação é fácil. Temendo ficar para titia, Rebeca resolveu pular e se dar em núpcias, com todos os dotes que possuía, nos braços de Isaque. Esse varão, Isaque, descendia de Abrão e Sara e para tumultuar a história, pai de Jacó e Esaú. Desculpem. Padrasto de Esaú e Jacó. Só para lembrar, o pai verdadeiro dos dois, Machado de Assis. Deu até romance. Nesse balaio de gatos, errou feio quem respondeu Tiradentes.  Tiradentes? O que Tiradentes teria a ver com tudo isso? Nada. Mencionamos alguém estar se enforcando. E registramos que Rebeca foi a uma cerimônia.

Recapitulando, amados e amadas. Quem se enforcava? Ela mesma, Rebeca. Rebeca desposou Isaque. Bem da verdade Rebeca jamais soube que existiu uma cidade chamada Ouro Preto e que essa cidade ficava em Minas Gerais, ou que alguém chegou a perder o pescoço por aquelas paragens. Menos ainda ouviu falar, nem por ouvir dizer, na figura de Tiradentes. Pois bem. Também não é de agora que os varões, antes de se tornarem conjugais de papel passado e carteirinha de identificação procuram, como agulha no palheiro, as verdadeiras qualidades de uma esposa perfeita. Se algum curioso tiver a paciência de pesquisar, verá que a busca do homem pela companheira ideal (a sem nódoas, a casta e inimitável), vem sendo perseguida desde os primórdios da criação do macaco do rabo cotó.

Em paralelo, a sacanagem do enlace dos pares para se harmonizarem como manda o figurino, passou a ser encarado como instituição falida desde o Édem, passando por Abraão, que depois de minar a paciência de Sara, cantou para ela aquela música do cearense Belchior (“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixa que eu decida minha vida...”), se encantou e passou a meter bala em uma tal de Quetura. Isso porque ela, jovem fogosa e extremamente quente, incendiava os corações de quem dela se aproximava. Daí a denominação de seu patronímico. Quetura. É bom que se diga, Quetura, apesar de “chamosa” (de chama), não guardava nenhuma relação direta ou indireta com aquela que atura. Depois de Quetura (que por sinal não aturou Abraão muito tempo) levou o mal-amado a desposar a esfuziante Agar.

Agar, coitada, trabalhava como serva egípcia de Sara, esposa de Abrão. Agar lembrava a Dilma Rouboussett, nos tempos em que a fulaninha atuava como guerrilheira e anos, anos, muitos anos depois, tomou uma pernada do anjo decaído do paraíso celestial, Michel Temer. Agar, antes da pernada de Temer, deu umazinha com Abraão e fez um filho com ele, que veio a se chamar Ismael.   

Falemos, agora, um pouquinho de Adão. Essa criatura aparentemente humilde e pacata, de concreto, um verdadeiro tarado. Taradão, até dizer chega. Para início de conversa, viveu maritalmente com Eva. Teve uma penca de filhos, todavia, juridicamente falando, perante a lei de Deus, nunca chegou a esposar Eva como mandavam (ou como mandam, até hoje), os padrões da Santa Madre Igreja Romana. Não fosse pouco, Adão cometeu alguns crimes bárbaros (que hoje seriam punidos pelo Código Penal), entre eles os de manter relações com as próprias filhas (Incesto).

Depois do nascimento de Caim e Abel (que só ficaram famosos por causa do primeiro homicídio, onde, nesse evento, Caim Matou Abel com uma ossada de tromba de elefante) o jovem lavrador fugiu (Meu Deus fugiu de quem?). Não importa. Por fim, Caim tropeçou, como o pai, em adultério. Nessa fuga levou uma mulher (uma das irmãs) que ficou sendo, logo em seguida, sua esposa. Eva, no mesmo caminho, se deitou com um Cobro Macho, cobro descarado, safado, que apareceu do nada, e fez a pobrezinha comer da fruta da árvore proibida.  Dizem as línguas que não cabem nas respetivas bocas, Adão, após saber da traição da Eva com o Cobro Macho, teve coragem de se deitar com uma das filhas e, de raiva, palitar os dentes com as pregas da bundinha de um anjo meio abichado que guardava a porta do paraíso. O nome do anjo? Luiz Inácio Lula da Silva.

Outro que não ficou por baixo: Jacó, o liso, como era conhecido entre seu povo. Não contente em mandar brasa na filha mais moça de Labão, irmão de sua mãe, Rebeca, coabitou, com a maior cara de pau, igualmente com a mais velha, a Léia. Não satisfeito, por detrás dos olhos de Labão, botou chifres adoidados nas duas, traindo as sobrinhas com as servas da família Zilpa (a do nariz pequeno) e Bila (a empregada de Raquel), que se diga de passagem, não podia ver um bilau dando sopa que dava logo vontade pular em cima. Em consequência dessa vontade incontida, Raquel, não podendo conceber um rebento, deu-a de presente a Jacob. Com Jacob, Bila teve dois filhos: Dan e Neftali. Mais tarde, Dan mudou de nome e virou escritor. Escreveu o “Código da Vince”. Neftali virou Naftalina e hoje serve para espantar pequenos insetos rasteiros dentro de guarda-roupas. 

No fundo, caros leitores e amigos, Jacó carregava uma mágoa profunda. Não gostava de seu irmão Esaú porque ele tinha o corpo todo coberto de pelos. Parecia um orangotango. Virou personagem famoso, num dos livros do gaúcho Luiz Fernando Veríssimo, “Boris e os orangotangos eternos”. Jacó, ao inverso, não tinha pelos. Nascera liso de corpo e bolso. Pior, feito minhoca malnutrida. Essa história esquisita de ter pelos e não ter mexeu muito com a sua cabeça. Tanto, mas tanto, que planejou uma vingança. E qual foi? Isaque passou a mão na ferramenta de trabalho e sem pensar nas consequências, extravasou o seu ódio e a sua raiva futricando intermitentemente a cunhadinha, cujo nome de batismo era Violinha, irmã da sua ex,  Rebeca.

Insatisfeito, esfolou o traseiro de Zilpa, ora enfiando o pé de mesa no buraco da Bila e enquanto descansava, bolinava Léia e ainda chacoalhava a caveira com a outra irmã, a Zolpa. Zolpa não é uma figura muito citada nas Escrituras. Apesar dessa falha, registrou-se que cortou os pendurados de Isaque e os atirou para os cachorros. Dão conta, ainda, os escritores da Bíblia, que esses cachorros morreram, mês seguinte, envenenados.  

Não podemos esquecer também de Esdras. Coitada de Esdras. Chegou a rasgar as vestes, ficar com a bunda de fora, além de arrancar um por um os fios de cabelos, ao saber que a maioria do seu povo estava casando com os pagões (não confundir com apagões), ou seja, seu povo estava se aliançando com aqueles que “pagavam” alguma coisa a alguém. Com certeza, naqueles tempos, algum parente de Wesley Batista (ainda que em linhagem distante) existia e vivia de pequenos negócios escusos, como abrir contas fantasmas para lavadores de dinheiro em ilhas afrodisíacas e bancos suíços.

Finalmente, o mais cara de pau nessa história toda foi, sem dúvida alguma, Salomão. Chegou a ter setecentas mulheres e trezentas concubinas, num total de mil “carnes de mijo” a sua disposição, sem mencionarmos as periquitas das sirigaitas com as quais levou para detrás das moitas de alfafa, sem que se tenha sido registrado algum flagrante. Em sua época, só os cavalos e jumentos viviam atrás de um bom punhado de alfafa. Final do folhetim: Salomão saiu pela tangente, e para encurtar conversa, acabou pegando um pobre coitado, um Zé Mané da vida, para otário, ou seja, para ser servido à posteridade, numa bandeja com molho pardo e creme de papaia e recheio de Sergio Moro como bode expiatório. Nome do babaca: Lameque.

Esse infeliz, em parte, até que se deu bem. Acabou como machão assumido, comedor inveterado, sujeito forte, bom de cama, um espada, dono de um facão entre as pernas para vagabunda nenhuma ver defeito e apontar falhas de fabricação. Veio, pois, à glória, o abestado, como o primeiro trígamo que se tem notícia. O mais hilariante nessa fofocaiada toda: Lameque embora lhe sejam atribuídos todas essas qualidades indispensáveis a um homem capaz de satisfazer uma centena de donzelas de uma só vez, comentavam, tinha um pintinho de anjo, como o de um garoto de dois anos.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De São Paulo, Capital. 26-6-2018

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6 comentários:

  1. Parabéns! Texto maravilhoso, uma mistura de personagens era antiga com os atuais, bela comparação, um pouco doido um pouco maluco mas quem não é um pouco das duas coisas. Muito bom, impecável. Carla

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  2. Não me contive.
    Essa historieta é pior que o livro "Marimbondos de Fogo".
    Deturpar a história comparando com lixos e vermes de nosso cotidiano, horrível é pouco.
    SOU ATEU e não uso "graças a deus".
    Quando me dizem:
    - Vá com deus.
    Respondo:
    - Vá você primeiro, não estou com pressa.
    Jamais devemos ridicularizar os preceitos religiosos ideológicos de outrem.
    Nada há de comparação, apenas lixo prolixo.
    fui...

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  3. Perdão , mas este texto é como servir "strogonoff" com feijão,em pratinhos plasticos ,acompanhado de suco em pó!
    Por mais talento que tenha o "chefe" - e tem, além de um português eclético - , ao levar a mesa tal combinação com certeza não agradará aos convivas.

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  4. Pão que bate em chico , fere Francisco!
    Complementando o comentário , acabei me deixando levar pela surpresa do texto e postei o meu com falha ,maior que a criticada.
    Sem revisão e com português de boteco. Apanha paizote!

    Não pretendi ser grosseiro e sei que o criador do texto cima,é pessoa de qualidades literárias em muito superior a minha , além de revisor/ jornalista respeitado , uma criatividade invejável.
    Mas, tem um gosto estranho e peca por ser prolixo , quando devia encurtar alguns textos.
    paizote

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  5. Viva a liberdade de expressão! Ainda existente nos países de cultura judaico-cristã, onde é possível ridicularizar Deus, a bíblia, o cristianismo... Ao contrário da falta de liberdade em países de outra cultura religiosa...

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  6. REALMENTE DAMOS VIVAS.
    A liberdade de expressão é direito fundamental e recebe ampla proteção na Constituição Federal,MAS, ela tem direitos fundamentais definidos previstos no ordenamento jurídico.
    A liberdade de expressão deve ser protegida quando as ideias ou opiniões forem desagradáveis, ofensivas, comparativas de escárnio ou que contrariem o senso comum e os interesses de determinados grupos religiosos socialmente conviventes.
    Questionar o sagrado ou criticar dogmas de fé, em público ou no ambiente privado, desde que não TENHA POR OBJETIVO propagar ou RIDICULARIZAR a inferioridade de certas pessoas ou grupos, está compreendido no direito à liberdade de opinião e de expressão.
    Acho os religiosos idealistas, mas eu os respeito.

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