José Mendonça da Cruz
Assisti serenamente a mais uma
demonstração do jovial servilismo dos media, quando o governo
inventou mais um imposto, agora sobre os plásticos, e rádios, televisões e
jornais acorreram, atentos, venerandos e obrigados, a dizer que o plástico
é um ho-rrrrr-rrroooorrr, e que até uma baleia coitadinha, morreu porque
ingeriu plástico, a pobre, plástico mau, que tudo polui. Inventaram até que a
União Europeia também está a taxar o plástico, que não é só cá, embora nós
(eles) estejamos (estejam) na vanguarda da «modernidade».
Ora eu, que já sabia muito bem
-- e até achava curioso -- que os media portugueses
sempre defendem o seu governo, nunca os cidadãos leitores
(embora paradoxalmente se queixem de que já ninguém lhes liga, e roguem
algum subsídio por parte daqueles a quem servem) ora eu, dizia, senti, ainda
assim que faltava qualquer coisa, uma adenda, um complemento, uma convergência,
uma unanimidade qualquer. Ontem, ela chegou: Rui Rio acha muito bem mais
impostos de plástico, e, para não ficar atrás da ideia, até sugere a urgência
de outros: taxem mais o açúcar, o sal, os doces, os fritos, taxem a vida,
taxem o sol, a chuva, o gasto dos passeios, o ar, taxem tudo para que os
«cidadãos» (a gente) aprendam a comportar-se.
Rui Rio tem sempre esta forma
engraçada e dinâmica de demonstrar a sua própria inutilidade. Mas, tirando
isso, que é um mero apontamento, resta o importante, que é o facto de estarem
todos unidos contra o contribuinte, ou seja, nós. Dizem que é por bem, que
querem mudar a nossa forma de vida -- que é má (eles é que sabem) -- embora
secretamente prefiram que mudemos o mais tarde possível para, entretanto
enriquecerem taxando a nossa falta de virtude. E eu, que já
recentemente simpatizei com o PCP a propósito da eutanásia, vou fazer como o
PCP outra vez, e denunciar um novo e sinistro grupo: ora aí têm mais uns
fascistas que acabaram de revelar-se.
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas,
8-6-2018
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