A “separação das famílias” nos EUA prova
que a imigração é um assunto em que quase toda a gente tende a ser desonesta:
critiquem Trump, mas também os que gritam hipocritamente contra Trump.
Balseros cubanos, foto: AP,
abril de 2015
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Dizer que a imigração este ano
está abaixo do pico de 2015 e que por isso não tem qualquer significado — é uma
manipulação estatística grosseira. A migração legal e sobretudo ilegal para o
Ocidente cresce desde a década de 1990, e não por acaso. Cresce, como é óbvio, devido ao desnível
entre o Ocidente e algumas regiões próximas que não têm conseguido participar
na globalização a não ser através da circulação de pessoas. Mas cresce
também por causa dos cálculos e cinismos das elites ocidentais, em
que uns estão tentados a resolver o recuo demográfico através da importação de
mão de obra barata, e outros andam fascinados pela transformação dos migrantes
em blocos eleitorais cativos (como a esquerda americana, esperançada com a
expansão do “voto latino”). Sim, o problema da imigração foi criado pelos
políticos, mas por políticos do “sistema” como Angela Merkel, que ao tentar
fazer do descontrolo migratório uma prova de virtude provocou uma enchente em
que demasiada gente se arriscou e morreu.
A imigração não é um problema
para todos. Para as elites, representa um fluxo de trabalhadores dependentes,
que permitiu às classes médias abonadas voltarem a ter empregados domésticos:
na prática, tratam a África, o Médio Oriente e a América Latina como a velha
burguesia europeia tratava o mundo rural, como um reservatório infinito de
pessoal doméstico e de operários dóceis. A imigração, porém, é um problema para
a população menos qualificada do Ocidente, que têm de concorrer com os recém
chegados nos bairros e nos serviços sociais.
Para as elites políticas, esta
preocupação traduz apenas o “atraso” dos pobres. Mas a imigração não é apenas
uma questão de xenofobia. As elites ocidentais continuam a tratar a imigração
com aquela arrogância colonial que fazia da “integração” e da “assimilação” o
método de lidar com povos de culturas diferentes. Não conseguem admitir que as
novas comunidades migrantes possam manter a sua cultura de origem e recusar os
valores das sociedades de acolhimento. Não percebem, sequer, que o relativismo
e a má consciência desarmaram os ocidentais para efetuar integrações e
assimilações. E não se atrevem, por fim, a refletir na hipótese de o modo de
vida ocidental – a democracia, o Estado social, a tolerância, etc. — depender
da coesão nacional, e poder não sobreviver à transformação das sociedades
ocidentais numa justaposição de comunidades estranhas entre si. Não, a questão
identitária não é simplesmente um vício dos “nacionalistas”.
Finalmente, a imigração não é
só um problema para os países que recebem os migrantes: é também um problema
para os países que perdem os mais jovens, dinâmicos e por vezes bem preparados.
As migrações são também o resultado da cobardia e do egoísmo do Ocidente, que,
depois das descolonizações da década de 1960 e perante a concorrência do resto
do mundo, prefere importar a força de trabalho dos países pobres, em vez de os
deixar aceder aos seus mercados e de os ajudar a tornarem-se seguros.
De resto, como se viu agora
com a especulação sobre a “separação das famílias” nos EUA, este é um assunto
em que quase toda a gente tende a ser desonesta: já muita gente criticou o
rigorismo cruel de Trump, mas falta criticar a hipocrisia histérica
dos que gritam contra Trump, mas que mantiveram as leis que ele entretanto
anulou e não hesitaram em usar fotos do tempo de Obama, quando o número de crianças detidas era maior, para o incriminar.
Título e Texto: Rui Ramos, Observador,
22-6-2018
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Migrantes, dor e hipocrisia
ResponderExcluirNinguém aceita a separação de filhos dos pais, imigrantes ilegais, nos EUA. Mas também ninguém concordará, espero, com o uso de crianças como escudo do crime, ou com a detenção de menores nas prisões de adultos.
Por tudo isso, administrações anteriores criaram a TVPRA (2008) e os tribunais acordaram no Caso Flores (1997), prevendo o internamento infantil em orfanatos e casas de acolhimento dignas, mas só se não for possível devolvê-los à procedência em segurança, ou entregá-los à guarda de outros familiares.
Já no caso Aquarius, há outro fenômeno: Itália e países europeus da “linha de frente” não querem mais sofrer pela inação e hipocrisia dos outros.
Nuno Rogeiro, in SÁBADO, nº 738, de 21 a 27 de junho de 2018
ALL FAKED! Fake photo, fake news, fake media and the engineering of fake outrage to push an open borders invasion of America
ResponderExcluirA história brasileira e americana mostram generosamente quando a imigração é necessária.
ResponderExcluirBRASIL
Quando foi assinada a Lei Áurea menos de 5 % dos negros eram escravos. As leis proibindo o trafico, do ventre livre e dos sexagenários inibiram a escravidão.
Em 1889 a migração tornou-se necessária.
Muitos imigrantes negros continuaram escravos modernos, o menos abastados pagavam por casa e comida e quase sempre não recebiam salários. Muitos deles foram trabalhar em fazendas de Imigrantes para melhor viver.
Essa prática é ainda utilizada nos dias de hoje, por empresários de cana e de roupas. Escravizando os pobres, peruanos e bolivianos, principalmente no nordeste e em São Paulo.
Estados Unidos
Com o fim da guerra de secessão, Imigrantes solteiros ou com família foram habitar a América.No final de 1865 estima-se o número de mortos em 10% de todos os homens do norte entre 20 e 45 anos e 30% de todos os homens brancos do sul com idades entre 18 e 40 anos. Mais de 1 milhão de pessoas.
Africanos e latinos tem as mais poderosas gangues dos estados Unidos.
A Mara Salvatrucha é uma das mais poderosas gangues dos EUA, existem em 42 estados, são responsáveis pela maioria dos assassinatos na América. Espalharam-se pelo mundo inclusive no Brasil após a deportação de 20000 membros.
Porto Alegre e São Paulo já vivem problemas com senegaleses e nigerianos, aceitos no Brasil com diversos crimes em seus países. Aqui compram e vendem celulares roubados, e participam de distribuição de drogas.
Quando um país não produz suficiente comida e social para seu próprio povo não deveria aceitar imigrantes.
fui...
Texto interessante e que define quem iniciou a migração , e comprova que esta é uma característica inerente ao ser humano e sua sobrevivência.
ResponderExcluirhttps://blog.lusofonias.net/?p=3723