Aparecido Raimundo de Souza
Zé Besta, pensador e morador de rua – Ladeira do Pelourinho,
Salvador Bahia - BA.
OUTRO DIA
NOS PERGUNTARAM, numa entrevista, como definiríamos o país Brasil. Para
nós, brazzil (escrito exatamente dessa forma). Estávamos propensos a responder
que o brazzil não tem definição. É um território de merda, dirigido por um
presidente “Tampa de privada”, com uma câmara e um senado cheio de cagalhões
fedorentos. Sem falarmos, evidentemente, na justiça. Coitada! Nasceu e morreu
cega dos três olhos. Foi enterrada, numa cova rasa de cemitério de perímetro
duvidoso. Essa, caros leitores e amigos, seria a avaliação certa, correta e
honesta que gostaríamos de ter dado ao colega entrevistador.
Porém, para não sermos boicotados, maneiramos o linguajar e
asseveramos o seguinte: “O brazzil é como se fosse uma dessas putas de zona.
Uma vagabunda bem depravada. Para o cidadão que não conhece e acabou de chegar
de fora, deve usar aquela regrinha básica do Facebook. E qual seria essa
regrinha? Simples. Primeiro o estrangeiro vem e curte. Logo depois de curtido,
dá uma cutucada aqui e ali, faz um sessenta e nove para ver o que acontece. Por
fim, curtido, cutucado, e “sessentaenoveado”, compartilha com os amigos mais
convizinhos observando, a eles, que a coisa é realmente boa. Não ótima, mas
boa”.
Dá para o gasto. Serve a boa terrinha brazzil (em vista de
coisa mais reconfortante), para uma ou duas trepadas e depois, ato contínuo,
ser deixada de lado para os colegas e companheiros se banquetearem. Em resumo, o brazzil que gostaríamos de ter,
o BRASIL de verdade, o sonhado, para ser seguido por homens sérios, de brio e
vergonha na cara, precisaria se assemelhar aos pinguins das regiões frias da
Antártida. Ainda assim, esses incorruptíveis e prestimosos necessitariam andar
com uma batelada de sardinhas fresquinhas nos bolsos.
Para encurtarmos o assunto, careceríamos urgentemente nos
frontispícios do poder (dissemos PODER e não FODER), um chefe de estado de
verdade. Que tivesse pulso, garra, pegada de macho, um saco roxo e que não se
vendesse em troca de favores. Um líder carne de pescoço, tipo Kim Jong-Um, que
segundo os linguarudos de plantão, detém sob seus sovacos (levando em conta a
quantidade de urânio e plutônio enriquecidos, sabe-se lá como) a poderosa bomba
atômica e os mísseis teleguiados mais eficazes do planeta.
Fazemos referência tão somente ao poder de mando, de
persuasão e prepotência do qual esse sujeito é revestido. Não aquela
envergadura arbitriosa de destruição ou de escravização de massa. Longe
disso. Sabemos que o rechonchudo Kim
escraviza, espezinha e mantém faminto um povo que (estamos carecas de saber),
não teria condições de sobreviver, não houvesse a intervenção direta da ajuda
humanitária internacional. Por aqui, amados, acontece o inverso. Temos um
comandante picareta, com cara de ET vindo dos quintos. O crápula tem, em suas
mãos, a mesma bomba atômica (talvez até mais poderosa que a do norte coreano)
da qual, todavia, se utiliza, apenas para fazer medinho a seus comparsas e
impor estupefação e sobressalto a seus pares e apaniguados.
De contrapeso, o boçal (o nosso) acorrenta, agrilhoa, oprime
a sua gente. Mantém esfomeadas e
sôfregas, as bocas escancaradas e sem dentes de alguns milhões e milhões de
brasileiros que ainda insistem em lhe render homenagens. Nessa altura do
campeonato, nem o amor de Romeu e Julieta, de Shakespeare, ou de Adão pela Eva,
ou ainda, de Abraão por Isaque, salvaria esse rincão maravilhoso. Para
concluirmos, falemos do judiciário. Ou melhor, da justiça estigmatizada em alto
grau de miopia. E quem seria a nossa caríssima e estimada Senhora dona das Leis
e da ordem? Perdão, da desordem?!
O STF claro, conhecido entre nós, como o Colegiado Maior.
Nossos ministros, capapreteados sobre bons linguajares, donos de um português
irretocável, impecável e magistral, apesar de vomitarem bonito, deveriam usar
burka ao invés de toga. Esses “cavaleiros” estão desorbitados dos juramentos
proferidos ao longo de suas vidas profissionais. Abrem, a cada nova seção de um
circo ricamente armado e bem engendrado (lembrando, os palhaços somos nós, os
partícipes dessa sociedade de babacas e hipócritas) perigosíssimos precedentes
aos despudores dos crimes praticados contra a nação à sombra do poder despótico
dos partidos políticos que os marioneteiam como se fossem bonequinhos presos em
cordões não vistos a “olhos nus”. E de fato não passam disso. Bonequinhos.
Faz tempo senhoras e senhores, o STF (supremo tribumal
fedemal, escrito dessa forma e em minúsculo) deixou de ser dogmático, incisivo,
etéreo e inflexível, para se transformar numa torre de babel, usque feira
livre, cambionegrada a (quem paga mais?!), onde vândalos e bandidos da pior
espécie, como os casos recentes de josé dirceu (“dirceuzinho tem possibilidades
efetivas de ter seus recursos acolhidos em instancias superiores...”) e o
trombadinha pau mandado, ex-tesoureiro do PP, joão cláudio genu ou (gecu) que foram soltos sem nenhuma
imposição restritiva das leis existentes. Os nossos ordenamentos jurídicos se
perderam molhados pelas lágrimas de um país inteiro fodido e ameaçado,
amedrontado e manietado, num gigantesco amontoado de croquis e ensaios que os
gilmares, os ricardos e os dias tófollis, entre outros, atiraram ao lixo.
Nessa bagunça, a Carta Magna, não ficou esquecida. Virou
Bombril. Conseguiram dividir a infeliz em mil e um fragmentos. Todos esses
pequenos pedaços sem utilidades nenhuma. Nem para limpar a bunda servem. Com
essa façanha, a Constituição Federal kikikikikiki... virou para os Poderosos e
para os Vigaristas rabos presos, moeda a
peso de ouro, no eterno “Toma lá, dá cá”. Resumindo essa balela toda, caros amigos
e leitores. Chegamos ao final da linha. O que vemos nesse momento, é a
desmoralização do conceito de ética, de probidade, de respeito à cidadania. Na
mesma porrada em nossas fuças, o escárnio que a tal da carmem lucia (igualmente
escrito dessa forma, em caixa pequena) prometeu combater com eficácia, com mãos
de ferro (ou seria de forro??) porém, na hora agá, a firoscófica beldade
(beldade??!!) se espavoriu, se acanhou tirando o rabinho da seringa. Nada mais
a ser dito.
“Pontofinalizamos” com a frase bombástica de Michele
Bachmann veiculada em tempos remotos, pensamento que embora antigo, não
envelheceu como a literatura Machadiana aos olhos dos que ainda creem em algo
pior. “NÃO SEI O QUE DEUS DEVE FAZER PARA CHAMAR A ATENÇÃO DESSE BANDO DE
CABEÇAS OCAS E VAZIAS. TIVEMOS VÁRIOS TERREMOTOS, UM PUNHADO DE FURAÇÕES,
INCENDIOS CATASTRÓFICOS E MORTES INEXPLICÁVEIS. ELE ESTÁ DIZENDO: VÃO COMEÇAR A
ME ESCUTAR?”.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. De São Paulo, Capital. 6-7-2018
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