O
Bloco de Esquerda e em particular a sua líder não estão bem.
O caso Robles ainda perturba e
parece não haver acampamento que lhes diminua o sobressalto.
Catarina Martins arroga-se da
sua própria frontalidade, mas refere de forma velada o Blasfémias no Twitter,
conforme ilustra a imagem que acompanha este post.
Um amigo comentava a
extraordinária coincidência de, tal como o prédio de Robles não ser de Robles,
mas da irmã de Robles, também o negócio de Catarina e do marido dos alojamentos
locais no Sabugal não ser de Catarina e do marido (nem sequer do marido de
Catarina), mas da família do marido de Catarina.
É um fato que Catarina é
deputada em exclusividade, mas daí a dizer que não tem qualquer
responsabilidade em empresas é uma forma criativa de ver a coisa. Não é
formalmente gestora, apenas o seu marido. Certo. Todavia tem uma quota na
Logradouro Ltda. É dona.
Percebo que um acionista ultraminoritário
numa empresa cotada em bolsa não se sinta responsável por nada do que lá se
passa. Mas, que diabo, a Logradouro Ltda. é uma micro sociedade por quotas,
familiar e da qual Catarina foi gerente até 2009. A gerência da empresa é agora
apenas do seu marido, mas para quê tentar passar a ideia de que Catarina está a
leste de tudo o que se passa neste negócio?
Catarina atribui ao Blasfémias
a propagação de “calúnias”, mas nunca identifica qual o embuste de que este
Blog é responsável. Além disso, alguma vez Catarina desmentiu factos veiculados
nestas páginas? Qual o motivo para cavalgar a onda da “cabala de Direita”
contra o Bloco em vez de assumir a verdade de dados objetivos?
Pois então, a bem da
transparência, partilho com os leitores algumas informações adicionais sobre as
empresas e entidades a que Catarina Martins (CM) está ou esteve ligada.
Devo dizer que nenhuma das
pessoas e entidades que irei referir são suspeitas, arguidas ou acusadas de
qualquer ilícito, irregularidade ou ilegalidade. Que eu saiba, é tudo lícito,
regular e legal. Além do mais, todas as seguintes informações são públicas e
podem ser acedidas por qualquer pessoa através da Internet.
Aqui vai:
· CM tem uma quota de 5% na empresa “Cassiopeia,
desenvolvimento de projetos culturais Lida”. (fonte: parlamento.pt e mj.pt)
· A sócia maioritária da Cassiopeia é a
coordenadora distrital do Bloco no Porto (fonte: portodistrito.bloco.org e mj.pt)
· CM é (atualmente) Presidente da Mesa da
Assembleia Geral da associação cultural sem fins lucrativos “Visões Úteis”,
fundada pelo marido de CM e da qual este é colaborador regular. (fonte: parlamento.pt e visoesuteis.pt)
· A Visões Úteis, desde 2012, beneficiou de mais
de 80 mil euros de contratos públicos, sobretudo da CMPorto e do TNSJ, por
ajuste direto. (fonte: base.gov)
· Um outro dos sócios de CM na Cassiopeia é também
um dos diretores artísticos na Visões Úteis. (fonte: mj.pt e visoesuteis.pt)
·
A Visões Úteis é financiada pelo Ministério da
Cultura e DG Artes (fonte: visoesuteis.pt)
· CM foi até 2009 Presidente da Mesa da AG da
PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas. (fonte: parlamento.pt)
· Na sequência do despacho 5883/2018, a PLATEIA
integra o Grupo de Trabalho para o aperfeiçoamento do Novo Modelo de Apoio às
Artes, formado pelo Ministro da Cultura. (fonte: plateia-apac.blogspot.com)
Outras curiosidades ainda:
· Em 2009, o cunhado (?) de CM (Tiago Carreira)
constitui a empresa INK PLACE, LDA da qual é sócio em 50% juntamente com a
STILOS INVESTMENT COMPANY LIMITED, sócio corporativo registado em Gibraltar. (fonte: mj.pt)
· No ato de constituição da Ink Place, a Stilos
(Gibraltar) foi representada pelo procurador Valdemar Dias da Silva Pedro. (fonte: mj.pt)
· Em 2015 Valdemar defendeu a tese de Mestrado em
Psicologia “A espiritualidade nos voluntários” (fonte: scholar.google.pt/citations?user=59jA_LIAAAAJ&hl=pt-PT)
· Em 2015 a Ink Place tem um aumento de capital e
alterações ao contrato de sociedade passando o sogro de CM a ter uma quota a
título pessoal na empresa e cujo objeto passa a ser mais alargado: “Comércio e
distribuição de equipamento informático e consumíveis. Reparação e manutenção
de equipamento informático. Formação profissional. Administração de
condomínios. Construção civil. Comércio de produtos alimentares. Fabricação de
doces, compotas e marmeladas.” (fonte: mj.pt)
O Bloco de Esquerda não está
habituado ao escrutínio democrático, nem da sua agremiação política, nem dos
seus dirigentes. Mas seria bom que um partido que está no poder, embora não
formalmente no Governo, e cujos membros são legisladores (muitas vezes
limitando a liberdade individual) sintam a obrigação de prestar contas e de
serem rigorosos nas informações que dão aos eleitores.
A cortina de fumo das
“calúnias”, das “fake news” e a narrativa da “cabala de Direita” não abonam
nada à confiança que alguém ainda possa ter em companheiros políticos de Pablo
Iglésias ou Lula da Silva.
Título, Imagens e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias,
18-8-2018
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