quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Durma que amanhã tem imposto para pagar

Haroldo P. Barboza

Os debates de candidatos a ocupar uma “boca” nas tetas do governo (qualquer esfera) só apresentam novidades na vestimenta dos participantes. A maioria comparece com sapatos novos (ou muito bem engraxados).

O cenário exibe os candidatos numa formação oval (a mais adequada), bem-comportados (pelo menos isto) e compenetrados.

De resto, os mesmos textos (trinta anos) anteriores. Confira resumo ilustrativo.


O apresentador anuncia as “regras” (previamente combinadas) de tempos que não são suficientes para esclarecer nada. Os candidatos adoram este modelo porque se tiverem quinze minutos para tentar explicar algo que a sociedade demanda, cairão em dezenas de controvérsias que apressarão o eleitor (patrão que desconhece sua força) a escolher 00 na urna.

Perguntas repetitivas:

“caso VE (ve = vossa excrescência) seja eleito, o que fará para aumentar (PIB, oferta de empregos, segurança, pesquisas científicas, fiscalização, arrecadação (*), vagas nas escolas, salários de Professores, vigilância nas fronteiras, energia, blá-blá-blá)?”.
(*) = ao longo dos últimos cem anos isto foi feito aumentando os impostos.

“caso VE (ve = vossa excrescência) seja eleito, o que fará para reduzir (desemprego, evasão escolar, desvio de verbas, burocracia, população carcerária, mordomias públicas, poluição dos rios, exploração infantil, tráfico de drogas, criminalidade contra a Mulher, blá-blá-blá)?”.

Notem que alguns temas se repetem.

Resposta padrão (soma das respostas usando sinônimos e adjetivos populares):

“Meus assessores já possuem alguns modelos de gestão que pretendemos colocar em prática tão logo possamos receber os dados da equipe de transição. Já na primeira quinzena de governo faremos uma reunião com nosso secretariado para que logo no primeiro trimestre a população sinta uma evolução em nosso cenário”.

Diante desta resposta, um eleitor mais lúcido (que não adora o BBBB) questiona:
“Por que quando ele foi Governador/Prefeito nos últimos trinta anos este “modelo” não foi colocado em prática com sucesso?”

Apresentador finalizando:
“-Qual será sua primeira medida após assumir o cargo?”
* Se o que vai ser substituído for do mesmo partido a resposta será:
“Vamos montar uma força-tarefa para definir prioridades e impulsionar os projetos agora em andamento.”

** Se o que vai ser substituído for de outro partido a resposta será:
“Vamos solicitar uma auditagem nas contas públicas dos últimos três anos para identificar licitações editadas sem base legal e lesivas aos nossos amados contribuintes.”
E quem não ama contribuinte que não faz valer seus direitos?
“E de quebra, vou reduzir a lotação nos presídios libertando quem furtou menos de dez salários-mínimos, agrediu idosos abaixo de 65 anos e apenas aleijou policiais”.

*****   *****   *****

Já que contei o “final do filme”, você pode colocar em outro canal com um programa mais atraente. Ou ficar no mesmo canal para dar boas risadas.

Ou dormir, pois o Brasil precisa de seu trabalho amanhã para sustentar as mordomias dos que agora assumirão o controle dos cofres.

No dia seguinte os jornais exibirão manchetes do tipo:

“Candidato A-171 sobe na preferência popular ao anunciar isenção de taxas para bailes realizados dentro de escolas públicas, que desta forma serão revitalizadas.”

“Candidato B-171 cai cinco pontos nas pesquisas por sugerir que pedirá aumento da pena para quem dirige embriagado.”
Título, Imagem e Texto: Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro, agosto de 2018

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