Cristina Miranda
Nunca as coisas foram tão
claras como agora, ao tomarmos conhecimento que Costa não colocou na lista a
apresentar junto ao presidente da República, o nome de Joana Marques Vidal [foto]
para o cargo de PGR (Procuradora-Geral da República]. E o mais incrível disto
tudo é que ele nem sequer disfarça. Podia ter incluído o nome só para “inglês
ver”. Mas não. O ato de omitir o nome é uma clara mensagem ao presidente da sua
intenção de não a ver renomeada. Clarinho como a água.
Assim, Costa declara que “não
vê” qualquer mérito no trabalho de seis anos da atual PGR. É isso mesmo! Portanto, a brilhante “Operação
Marquês” que, pela primeira vez na história de Portugal, coloca no banco dos
réus políticos, banqueiros e
ex-governantes como José Sócrates, Ricardo Salgado e Armando Vara, entre
outros, por fraude e branqueamento de capitais; a corajosa “Operação Fizz”
contra o ex-presidente angolano igualmente por corrupção; o megalómano “Processo
Universo Espírito Santo” sobre o maior colapso financeiro registado em Portugal
com ligações políticas nefastas para o erário público; e ainda a menos badalada
“Operação O Negativo” de que já nem se fala, mas igualmente grave e que envolve
o ex-presidente da Octopharma e o
ex-presidente do INEM, num esquema que envolvia a venda de plasma sanguíneo,
lesando gravemente o Estado, não são currículo mais do que suficiente para
reconduzir esta competentíssima profissional. Não, senhor. É “currículo a mais”
para o cargo que se deseja ser desempenhado por gente frouxa, “amiga do seu
amigo”. Ao estilo daquele que safou Sócrates quando ele era ainda primeiro-ministro.
Percebem?
É preciso, portanto, chutá-la
dali para fora por falta de “perfil adequado”. Porque para governos opacos que
gostam de se mover em lodo, transparência, justiça e separação de poderes não
interessa nem um pouco. Porque isso torna-se um obstáculo ao “safanço” dos
amigos entalados na justiça e que com uma “Joana Marques Vidal” no caminho, poderão
ser uma ameaça, abrindo a boca, levando consigo outros para o banco dos réus
assim que perderem a imunidade parlamentar. Estão a ver o problema? Assim, Mulheres
determinadas, isentas e sem qualquer hipótese de compadrio, não são desejadas
no meio podre da máfia portuguesa, que ameaça todos de alguma forma, de tantos
tentáculos que os ligam entre si.
O problema é que ao não
reconduzir Joana Marques Vidal, Portugal perde credibilidade porque está a
passar a imagem para o exterior, de que não privilegia o combate à corrupção,
antes combate quem lhe faz frente de forma exemplar. Cá dentro passa a imagem
de que não existe justiça igual para todos, nem separação de poderes, mas sim,
arranjos políticos tal como nos países do terceiro mundo. É a desacreditação total
de uma Nação que se diz democrática, mas a toda a hora se comporta como numa
ditadura.
O único que pode e deve salvar
a honra deste país, é o presidente da República com o poder de decisão que lhe
cabe nestas circunstâncias, de acordo com a nossa Constituição. Será dele a
última palavra. E dele, espera-se sentido de Estado que ponha ordem nesta
bagunça. Falta saber se será essa a decisão, para dar continuidade a um
trabalho louvável e irrepreensível ou se vai deixar que a política tome conta
da justiça em Portugal.
Esperemos que a defesa pelos
interesses da Nação e não outros, fale mais alto na hora de assinar.
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