Nome de Guerra: Ada
Ciolac
Onde e quando nasceu?
Rio de Janeiro, em 9 de junho
de 1965
Onde estudou?
Colégio Princesa Isabel e PUC.
Que faculdade fez?
Comunicação Social.
Onde passou a infância e juventude?
Nasci e cresci no Rio de
Janeiro, onde moro até hoje.
Quando começou a trabalhar?
Dos 18 aos 21 anos, trabalhei
em uma loja de roupas, a Company. Aos 22, entrei pra Varig e fiquei até à
falência.
Lembro da ‘Company’, ela dominou o Rio de Janeiro
nos anos 70 e 80... ainda existe?
Não existe mais. Quase
morreu junto com o fundador, Mauro Talbman, que morreu no início dos anos 90.
Você deve ter tido mais do que uma mochila da
Company, não? 😉
Hahahaha, um guarda
roupa inteiro! Coisa de adolescente, rs. Inclusive fui trabalhar lá porque
amava a marca.
Tem saudades dessas décadas, 80 e 90?
Ah, tenho! Muitas! Pra
começar, porque ali estava começando a minha vida, começando a trabalhar,
estudando, casando, tendo filhos. E também porque a vida parecia, e de fato
era, mais fácil. Cresci ouvindo minha avó dizer que o mundo tinha mudado demais
e hoje sou eu quem constata que ela estava certa. Digo o mesmo, rs.
E como a Varig ‘aterrissou’ na sua vida?
Um dia, conheci um rapaz
que estava fazendo o curso de piloto da Varig e ele me disse que as inscrições
para comissários estavam abertas. Aquilo me deu um estalo. Eu fazia faculdade e
enquanto isso trabalhava como vendedora, mas pensar em viajar pelo mundo, e
ainda ser paga por isso, era uma idéia muito tentadora.
Naquela época, a visão
romanceada que eu tinha da aviação, já me colocava imediatamente no upper deck do jumbo indo fazer dois
inativos em Los Angeles, kkk. E então eu comecei a voar, e acabei descobrindo
que aquilo era o que eu queria fazer para o resto da vida. E o orgulho de ser
da Varig, não cabia em mim.
Quando ingressou na Varig?
Meu primeiro voo foi no
dia 11 de novembro de 1986.
Lembra do seu primeiro voo?
Lembro como se fosse
ontem! Foi para Buenos Aires, de B-707. Me senti literalmente nas nuvens, rs.
Ué?! Começou a voar diretamente na Internacional?!
Não. Naquela época,
alguns voos para América do Sul, como Buenos Aires e Santiago do Chile e para
algumas cidades da África eram da Nacional.
Quando foi para a Internacional?
Em 1987, quando chegaram os 767, ou os A300, não lembro,
comecei a voar essa Inter mista. Em 1990 fui para o DC-10.
Quais os pernoites
preferidos?
Miami, Nova Iorque, Lisboa, Londres, Buenos Aires, Manaus, Fortaleza, Natal...
Miami, Nova Iorque, Lisboa, Londres, Buenos Aires, Manaus, Fortaleza, Natal...
Como passava o tempo nos pernoites?
Ah, não faltavam coisas para
fazer! Passeios, compras, jantares com a tripulação. Costumava dizer que eu
tinha o melhor emprego do mundo. Ganhava pouco, mas me divertia muito.
Compras?! Humm... 😊
Passou por algum perrengue na sua carreira
profissional?
Sim, por alguns. Um incêndio na turbina, uma despressurização em que as máscaras não caíram, um aviso de estol em cima da Cordilheira dos Andes, uma esteira de turbulência de um avião bem maior na reta final para o pouso, um trem de pouso que não abriu, foram os mais assustadores, mas tudo sempre deu certo no final, graças a Deus e à perícia dos pilotos.
Sim, por alguns. Um incêndio na turbina, uma despressurização em que as máscaras não caíram, um aviso de estol em cima da Cordilheira dos Andes, uma esteira de turbulência de um avião bem maior na reta final para o pouso, um trem de pouso que não abriu, foram os mais assustadores, mas tudo sempre deu certo no final, graças a Deus e à perícia dos pilotos.
Você disse anteriormente que ficou na RG até o fechamento. Então, você
também recebeu um telegrama? Qual foi a sensação?
Não recebi. Eu tinha recém
feito uma cirurgia na coluna e estava de licença. Não poderia ser demitida na
ocasião. Eu fui demitida quando, um tempo depois, o Cemal cassou minha
carteira, ou seja, deixei de ser aeronauta, a passei a ser periciada no INSS.
Na primeira perícia o INSS me
deu alta e eu fui demitida. Foi bem punk. Sem emprego e sem as condições
físicas restabelecidas totalmente, e ainda por cima em uma nova função
qualquer. Eu que era totalmente inexperiente no mercado, já que fui comissária
a vida inteira, e de repente não podia mais ser, e me restabelecendo de uma
cirurgia bem complicada, e com a idade que na época já não era bem vista no
mercado.
Não consegui nada formal, com
carteira assinada. Tive que me virar nos 30, emprego informal sem direitos, mas
com muitos deveres, e por duas vezes tentei empreender, abri uma loja de
bijuterias autorais, e depois uma hamburgueria artesanal. Apesar do sucesso
inicial de ambos, a crise, os impostos, a concorrência desleal, a dificuldade
em geral de quem deseja empreender neste sistema, acabaram me tirando do jogo.
E atualmente?
Estou aposentada, mas inquieta, estou sempre procurando algo para fazer.
No momento estou confeccionando lindos anéis de cristal, rs.
Tem saudades da RG?
Muitas! Muitas! Muitas! Para
sempre!
Como vai o Rio de Janeiro?
Continua lindo como sempre,
mas muito violento, perigoso e tenso. Não vejo a hora de me mudar daqui. Mas o
mercado imobiliário está parado, e por enquanto não me resta outra alternativa a
não ser continuar morando aqui. E torcendo para que a vitória de Bolsonaro
finalmente dê um jeito na violência, na bandidagem, na criminalidade, com
políticas concretas de combate, e não com mimimi.
Tudo começa com Direitos
Humanos para humanos direitos. Se isso mudar, tudo muda em relação à bravura
dos criminosos, que hoje se consideram impunes. E de fato são.
Mas o Bolsonaro não é machista, racista, homofóbico, etc.?
Hahahaha, esse mito não será
desconstruído nunca, né? A esquerda mimizenta não deixa. A sorte é que os
cidadãos estão cada vez mais conscientes e esclarecidos. E para mim, Bolsonaro
é um fofo! Kkkk. Além de ser o único realmente de direita, e o único realmente
honesto.
E para os demais cargos já escolheu?
Vou de Wilson Witzel pra
governador. Flávio Bolsonaro pra senador, e serei obrigada a dar um voto útil
ao César Maia, para impedir que entre o Lindbergh.
Para deputado federal, voto
para a Frente Parlamentar do Aeronauta, representada no Rio do Janeiro pela Ana
Freyesleben. Em São Paulo, para os colegas que nos leem, o deputado federal da
frente parlamentar é o Cmte. Castanho. É muito importante termos uma frente
parlamentar no Congresso. Estou muito engajada em lutar por isso, porque é a
saída mais rápida e satisfatória que vejo para o acordo da DT. Para deputado
estadual, vou na irmã de um colega nosso, Ana Santoro. Todos alinhadíssimos com
Bolsonaro.
Você conhecia o cão tabagista?
Sim. Conheci um tempo depois
que a Varig quebrou, eu acho, quando começamos a nos comunicar pelas redes
sociais. Aproveito para parabenizar você, Jim, pelo conteúdo sempre pertinente
às questões que nos interessam, tanto do caso Varig, quanto do Brasil,
abordados de forma clara e isenta.
Obrigado.
Frente Parlamentar
do Aeronauta?! Não conheço...
Os deputados federais que
tiverem uma causa em comum, podem integrar uma frente parlamentar, que tem
muito mais força e voz do que um único deputado defendendo a mesma causa.
Existem candidatos de três
estados, nossas três bases principais, GIG, GRU, POA, que, se eleitos,
integrarão a Frente Parlamentar do Aeronauta juntos.
A pergunta que não foi feita:
Faria tudo de novo? Faria! Mas seria bem mais esperta
desta vez, kkk.
Uma derradeira mensagem:
O passado foi lindo, mas
passou. O futuro é promissor, mas ainda não chegou. Viva o presente.
Supere os traumas do passado
deixando-os no local a que pertencem, ou seja, no passado. Não os traga para o
presente, revivendo e revivendo como se fosse um longo e interminável Dia da
Marmota. Concentre-se no que você é agora. Veja a beleza à sua volta. Sua
saúde, sua família, seus amigos, seu novo trabalho, seu pet de estimação,
enfim, certamente você tem algum desses motivos para celebrar, e se orgulhar,
ao invés de ficar preso ao que poderia ter sido, mas não foi. E assim, quando
você menos esperar, o futuro chegou, e o trauma passou.
A Varig foi a nossa vida, mas
nossa vida agora é essa aqui, e a Varig infelizmente não existe mais. Mas sabemos
que vai existir para sempre, em nossos corações. E se as lembranças trouxerem
alegria ao invés de dor, essa memória então, estará para sempre preservada.
Muito obrigado, Ada!
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Conversas anteriores:
Ada! Você deve ter conhecido meu filho, o jornalista Lula Branco. Era de seu tempo, foi aluno e professor de Comunicação Social da PUC/RJ. Wilson Martins.
ResponderExcluirOlá Wilson! Talvez tenha sido meu conterrâneo, fiquei na PUC de 83 a 88, mas não recordo do nome.
ExcluirNão conheci a ADA pessoalmente, mas tenho uma vaga lembrança do rosto .
ResponderExcluirParabéns pela entrevista,uma simpatia , e me permitam destacar uma frase colocada por ela :
" O passado foi lindo, mas passou. O futuro é promissor, mas ainda não chegou. Viva o presente."
Ela e eu pensamos da mesma forma nesse ponto específico; o futuro é sempre promissor quando nós assim o buscamos . A Varig foi uma dádiva de Deus enquanto durou, mas na vida tudo se transforma e temos asas para alcançar novos rumos ; é a vida que segue...
Grande abraço.
Sidnei Oliveira
Oi Sidnei! Eu conheci um Sidnei Oliveira, marido da Sônia, é você, rs? Obrigada por complementar o que eu disse brilhantemente. Devemos nos concentrar em ser feliz aqui e agora, né? Grande abraço pra você!
ExcluirBom dia, Ada ;
ExcluirNão , meu nome de guerra era SILVA (Aeroporto Galeão), e fui desligado da Varig a partir de nov de 1996 . Dois meses antes gerenciei HKG nas férias do Carlos Kaduoka ; talvez você tenha passado por lá . Naquela ocasião estavam baseados na cidade o cmte. Paracelso e o chefe de equipe Araujo, com quem me dava muito bem.
Abração!
Fique bem !
Não cheguei a basear em Hong Kong. Em 96 estava voando PA porque tinha acabado de ter meu segundo filho. Mas é um prazer conhecê-lo agora, Sidnei. Grande abraço!
ExcluirSaudades de tudo, amigos tripulantes que só via qdo passavam por Salvador, comandantes,1ºs oficiais F/E´S comisarios/as , saudades dos aviões, daquela marca imponente gravada na carcaça acompanhada do ícaro. Vou parar por aqui, pois já estou com a voz embargada. Fui DOV por 28 anos . Foi muito demais ser Variguiano!!!
ResponderExcluirVerdade Luiz. A sua emoção é igual a minha.
ExcluirMas somos como uma grande família até hoje! Grande abraço!
Bacana Entrevista, descontraída, simpática e sincera. Ada, não lembro de termos voado juntos, talvez durante estes anos que passaram, tivemos uma Aviação ou melhor Escalas diferentes, mas lembro de seu rosto, sempre sorridente. Como dissestes, vamos em frente com o “hoje” , um Abs.
ResponderExcluirOlá Heitor! Confesso que tb não me recordo de você. Mas era tanta gente, né? Muito obrigada por suas gentis palavras! E segue o jogo, rs. Grande abraço pra você!
ExcluirAda Flávia? Quantos anossss..lembra do Gilson ? Sou a Clarinha, sobrinha dele..lembra? 🙄😊
ResponderExcluirMenina! Clara! Que legal você me achar aqui! Adorei!
ExcluirMe add no face, facinho de me achar, rs. Vamos colocar o papo em dia! Bjo gde!
😆😘😍😍 Meu face é Clara Vital.
ResponderExcluirLegal te achar !!!