segunda-feira, 8 de outubro de 2018

[Aparecido rasga o verbo] Dia dos palhaços

Aparecido Raimundo de Souza

Ontem, domingo, dia 7, logo cedo, voltei a exercer mais uma vez a minha honrosa função de palhaço. Desta vez, ou melhor, mais uma vez, apareci em público como um bufão anônimo, que se juntou a tantos outros, a tantos mais desconhecidos, nos famosos cartórios eleitorais, ou melhor, nas zonas eleitorais. Zonas... no meu tempo... tinham outros significados.

Constituíam um deles, em locais prazerosos, onde a gente comia e se esbaldava com uma infinidade de boas e fogosas putas, figuras maravilhosas que nos faziam ver estrelas incandescentes em plena meia noite. Nos dias atuais, essas putas mudaram os sentidos das velhas e queridas zonas. Hoje elas, as zonas, nos fodem e ainda pagamos, não para ver estrelas de primeira grandeza, mas para sermos massacrados como se fossemos um punhado de merda.  E acreditem, somos um punhado de merda.

De cara, anuncio logo (antes que me perguntem) não votei em ninguém, apenas cumpri com dignidade forçada, com decoro imposto, meu papel de idiota. Todas essas desgraças e infâmias que aí estavam, à cata de votos, fosse para deputado, senador, governador, presidente, ou qualquer outra bosta que tenha esquecido de mencionar, a meu ver deveriam estar queimando os ossos nos quintos do inferno.

Infelizmente, há uma pedra enorme no meio do caminho. Se não se comparece a essa zona de putaria, o cidadão (cidadão??!!) é penalizado e passa a não existir oficialmente para a vida pública. Não tira passaporte, não requer identidade, não sai do país, nem pode ir para o raio que o parta. A justiça eleitoral ou tribunal eleitoral (não sei qual a porra pior, através desse comparecimento, me obriga, me espicaça, me infringe um dever, e, só por isso, fui exercer meu papel de palhaço, de otário, de Mané), com todas as letras.

O voto (conhecido também pela bosta de sufrágio universal) deveria ser livre. O tradicional “Vai quem quer”. Jamais uma imposição, uma exigência, uma ordem. O mais engraçado: ainda temos filhos da puta que chamam a isto de país democrático. País democrático devem ser os nomes das vadias. Mães de todos esses ladrões e vagabundos que ai estão grudados em nossos colhões faltando apenas que arriemos as calças para que eles nos preguem, no rabo, a frase exposta espetada na portinha da entrada do cu: “VOTE EM MIM. QUERO SER SEU REPRESENTANTE”. 

Como estamos num país de safados, de canalhas... democracia é palavra bonita, pomposa. Contudo, na realidade, só existe mesmo, de verdade, no papel. Demo é sinônimo de coisa ruim. Demo lembra demônio e cracia... kikikikikiki... cracia fica para quem tiver melhor imaginação e quiser dar um sentido mais amplo, para essa figura retórica. No meu entender, democracia é a arte vilã, de se ter em mãos, aquilo que não existe.

Minha dúvida, no momento em que botei os pés fora de casa, foi saber se, quando coloquei o nariz vermelho, na fuça, se me fiz representar como um verdadeiro Arrelia, ou seja, se me identificaram como  Chapolim,  Professor Girafales, Carequinha, Bozo... ou qualquer outro destaque  imaginoso que a gente ainda consegue ver nos picadeiros. E tome pica... santinhos do pau oco, etc. etc...

Devo lembrar, a todos os meus amados leitores o seguinte: se tirarem este texto do ar, ou o site, ou melhor, se a Rede Social (que lindo nome, Rede Social!) podar este comentário de qualquer de uma das minhas páginas (não estamos num país demo - crático?!) farei a gentileza de publicar estas palavras, este meu desabafo, em livro.

Vocês aí, de trás dos tocos, de trás dos muros, ou escondidos na casa do caralho, enfim, no geral, tipo um saco de gatos se arranhando como veados e meretrizes de sarjetas, generalizando, são todos salafrários e vagabundos.  Saibam e entendam o seguinte. Podem me parar aqui, me brecar... quero ver, todavia, terem peito e coragem, para recolherem meus livros de circulação.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, 65 anos, jornalista. De Vitória, no Espírito Santo. 8-10-2018

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Um comentário:

  1. Infelizmente como cidadãos de bem temos que cumprir nossa obrigação! Mas confesso me sentir envergonhada de ser brasileira, não por ter que exercer meu papel, mas ver e ouvir tantas asneiras, seja de candidatos, seja de eleitores.
    Nosso país virou uma verdadeira bagunça, um grande puteiro, onde as putarias andaram soltas em vários protestos, meu comentário não é favor de um ou de outro, e sim de repúdio a algumas pessoas, que estão denegrindo mais ainda a imagem de nosso país, que além de ser conhecido como o país da corrupção, agora o país dos peladões. Agora somos o país da putaria. E vamos nós de novo mais vinte dias, Bem o Brasil é de todos, mas confesso que estou enojada. Parabéns pelo texto Aparecido. Atenciosamente Carla

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