Aparecido Raimundo de Souza
Mr. Han – em “Karate Kid”
NO VELHO
TESTAMENTO, a vida e a morte não são consideradas como fenômenos inseparáveis e se
sucedendo naturalmente. Não se fala de um ponto de vista científico, porém, do
ponto de vista das relações do homem com Deus, à luz da fé que ele sente na
acepção verdadeira da palavra. Isto fica bastante esclarecido em “Como ser
salvo”, um trabalho de fôlego de J. C. Ryle, fundador (do Projeto Ryle).
Assim, sem esquecermos que é necessário comer para
viver, o Novo Testamento declara que a vida depende essencialmente de Deus, ou
seja, de quem a dá. É efetivamente o Deus vivo e imortal, aquele que faz todas
as coisas vir à tona se refazendo num círculo incansavelmente ad aeternum para
o que aqui conhecemos como mundo.
Do mesmo modo, este Ser Divinizado pode também
tirar a vida que deu ou destruí-la a hora que bem entender. Ele tem o livre
arbítrio e o controle de todas as coisas. O homem é, portanto, em paralelo,
responsável direito pelo uso que faz do seu sopro de vida diante de Deus, o
Juiz dos vivos e dos mortos. Entretanto, o Novo Testamento, diversamente do
Velho Testamento, insiste menos nas consequências imediatas da obediência à
vontade divina, do que naquelas que aparecerão no dia do juízo final.
Isto corresponde a uma evolução geral do pensamento
religioso de Israel. À medida que o povo viu escaparem-se lhe, como
consequência de calamidades que caíram sobre ele, as bênçãos que sua fé, aguardava,
tendeu em transladar para o porvir, a manifestação da justiça divina e,
especialmente, o socorro prometido a seu povo.
Nesta balbúrdia toda, uma indagação que prometemos
comentar no final da parte quatro, texto publicado em 15 de janeiro. Estão lembrados? O “Dia do Senhor”. Afinal,
“O Dia do Senhor” existe? Para responder a esta interrogação, John Piper de
‘Alegrem-se os povos’ sustenta que “se tornou ponto de convergência das
preocupações das pessoas vazias, daquelas criaturas que não tem um sentido
sólido para estarem aqui’. Sua linha de pensamento bate na tecla de que ‘estas
almas acreditam piamente no sagrado ‘Dia do Senhor’”.
Em pensamento oposto a Piper, Márcio Valadão no seu
“Vale a Pena Ser Diferente” elucida que ‘um dia não muito distante, sem
distinção de sexo, credo ou religião, todos na face da terra conhecerão a vida
em sua plenitude. Ainda que não a tenha vivido como deveria’ Este será o
esperado “O Dia do Senhor”.
Assim, se constituiu, grosso modo, a noção da vida
livre de todo o que turva a existência atual: onde não mais figuram a
enfermidade, o sofrimento, a morte, nem a causa profunda dos anteriores: o
pecado, uma vida em que o homem compartilhará do bafejo glorioso de Deus, pois
nada mais o separará Dele.
Como o reino de Deus, com o qual se confundem
alguns parâmetros, pode se caracterizar pelas definições: justiça, paz e
alegria no Espírito Santo e também pela palavra – glória. Para concluirmos esta
série de artigos sobre “O que é a vida?”, devemos dizer que o nome de “vida” se
dispensa qualquer outra expressão mais precisa para designa-la, pois “vida”
engloba toda a felicidade e todo encantamento que emana diretamente do coração
do Altíssimo.
Contudo, amados, esta mesma vida se chama
igualmente vida eterna. Devemos notar que este adjetivo indica, antes do que a
duração infinita deste anélito ou a sua relação interpessoal com o tempo de
salvação, onde ele, o desejo ardente deve literalmente se manifestar.
Eis porque é mesmo norte, chamada, ou cognominada
“a vida que há de vir (1Tm 4.8)”. Comparada a ela, a vida terrestre atual,
crismada pelo pecado e pela morte, não deixa de ser fundamentalmente uma
interrupção definitiva do ar expirado.
Vejam mais em “O que significa ser nascido de novo?” de R. C. Sproul.
Vale a pena.
Está visto que Deus é o único que dispõe desta vida
como da vida natural e que os homens somente podem herdá-la e recebê-la.
Entretanto, a atitude que agora tomamos em respeito a Deus, e a sua revelação
em Cristo, pode tornar-nos dignos dela.
Esta vida será anuída ou chancelada, por um ato do
Supremo, análogo àquele da criação: a ressurreição, que não concerne somente à
alma, mas a pessoa humana em sua totalidade, visto que o pensamento bíblico,
diversamente do pensamento grego e ocidental, não concebe a existência humana
desprovida de qualquer corporeidade. Corporeidade é o mecanismo pelo qual o
cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacionado com o planeta em
que vivemos.
Devemos dizer ainda nesta linha, que tudo isto que
aqui trouxemos, não passa de especulações religiosas, sem o evento chave que
solidifica ou que se constituí na pedra de ângulo do Evangelho: a volta de
Jesus Cristo no terceiro dia, de entre (ou dentre) os mortos, pela qual a vida
incorruptível foi manifestada e a esperança dos crentes fundada de maneira que
se tornou, incontinenti, uma familiaridade ou uma perspectiva eficaz e
lindamente duradoura.
Terminando, pois, esta série “O que é a vida?”
gostaríamos que se lembrassem das palavras de Habacuque (aquele remoto profeta
tiberiano do Antigo Testamento, aliás, o único que questionava Deus e não só
isto, veio a ser o oitavo dos doze profetas menores, provavelmente autor do
Livro que leva seu nome).
Habacuque disse o seguinte: “O justo viverá pela
Fé. Aquele que crer terá a vida eterna”. (1Tm 1.16; e Jó 3.15-16), esta
passagem citada por Alex Dias Ribeiro em seu “Sucesso e significado”.
Post-scriptum, queremos deixar delineado ou revelado, que não viemos aqui para
ensinar a palavra de Deus, ou tentar converter quem quer que seja a seguir esta
ou aquela denominação. Nosso empenho foi apenas o de fazer um estudo
“superficial”, sem aquele aprofundamento dos mestres e entendidos no assunto.
Só queríamos de uma forma camponesa, ingênua, tosca
e infantil, repetindo (vista através da nossa visão e do nosso perfil), deixar
alentado o que é ou o que pode ser a vida. O que é a vida? Resposta difícil,
insana, aventurosa, temerária. Jamais saberemos. Mesmo que vivamos um milhão de
anos.
Então, o que significaram todos estes textos?
Conjecturas, presunções, hipóteses, suposições, mais nada. Os vislumbres que
aqui trouxemos, foram teorias incertas de um cidadão comum que pesquisou alguns
livros e tirou de tudo o que leu (ou o que acha que entendeu) destas leituras
as suas próprias conclusões e ideias absurdas.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De Brotas, interior de São
Paulo. 18-1-2019
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Verdade é que morremos todos antes da maldita esperança!
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