segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O extremismo, quando é de esquerda, é “fofinho”

Cristina Miranda

A TVI, na sua crônica criminal (sim, criminal) do programa Você na TV, subordinada ao tema “Precisamos de um novo Salazar?”, decidiu convidar Mário Machado um ex-recluso e antigo líder do movimento Portugal Hammerskins (PHS) para uma entrevista. Imediatamente foi o fim do mundo! O PCP (sim esse!) pediu uma audiência urgente da ERC afirmando que “a Assembleia da República, enquanto órgão de soberania representativo da democracia portuguesa, não deve permanecer indiferente perante atentados aos valores democráticos e humanistas” quando é o próprio a defender e louvar as ditaduras sanguinárias  que nada têm de humanistas e ignora todos os dias as matanças que por lá se fazem!  Os comentadores marxistas, que defendem também as maravilhosas ideologias leninistas, estalinistas, trotskistas, maoístas, chavistas responsáveis pelos genocídios que todos conhecemos da História, indignaram-se coitadinhos e não pouparam críticas severas (deve ser por medo da concorrência). Entretanto, os “humanistas democráticos moderados e tolerantes” ameaçaram de morte o autor da rubrica Bruno de Carvalho e sua família. Mas que hipocrisia monumental é esta?


A ver se nos entendemos: a TVI é uma empresa privada e a decisão boa ou má de trazer este convidado ou outros ao programa, é da sua única e inteira responsabilidade e um direito ao abrigo da liberdade de expressão numa sociedade que se diz democrática. Não coagiram ninguém a assistir ao programa. Há um botão na TV que liga e desliga para quem quiser. Somos livres. Estava enquadrado num programa de entretenimento numa rubrica criminal (repito, criminal). A escolha, mesmo que polémica, não deve ser condicionada porque isso é censura. É o regresso do “lápis azul”.  E para quem enche a boca constantemente para relembrar a censura de Salazar, não deixa de ser irónico esta colagem fascista da malta da esquerda ao “ditador”. Decidam-se! Porque se é para proibir os extremistas, proíbam-se TODOS! Ponto.

Tenho tolerância zero à hipocrisia. Não, não sou defensora de extremismos sejam de direita ou esquerda. O que está aqui em causa é a dualidade de critérios que os esquerdistas impõem consoante suas conveniências apelidando de “fofinho” e heroico todo o extremismo CRIMINOSO de esquerda. Só isso. Vamos a exemplos?

Comecemos pelos “artistas” da extrema-esquerda do BE e PCP que têm assento no Parlamento e que assumidamente enaltecem, defendem e louvam ditadores assassinos como o foi Fidel Castro, Che Guevara e ainda o são, Nicolás Maduro e Kim Jong-un e que nos entram a toda a hora, pela casa adentro em horário nobre, em tudo quanto é tv, a defender essa ideologia hedionda, que quer no presente quer no passado, exterminou milhões de pessoas (mais de 100 milhões) só para impor à força o comunismo. E pior: só com 8% de votos estão em coligação a decidir (destruir) nossas vidas coladas ao Costa, à espera de uma oportunidade para colocar essa ideologia mortífera em prática. Alguém se incomoda com isto?

Depois temos Otelo que foi um dos fundadores das FP25, um grupo terrorista perigoso que assassinou gente só por questões ideológicas nos anos 80 e que não foi condenado porque foi amnistiado por Mário Soares, mas mesmo assim encheu as televisões de entrevistas. Veja aqui mais detalhes sobre o tema. Alguém se incomoda com isto?

Recuando ainda mais no tempo, temos Rolão Preto um líder do Movimento Nacional-Sindicalista inspirado em Hitler que se descrevia como antidemocrático, anticomunista, anti-burguês, antiparlamentar, nacionalista, corporativista e familiar. Ou seja, um radical extremista que queria derrubar Salazar para impor outra ditadura mais “fofinha” – a dele. Como lutou contra o ditador, Mário Soares acabou por, a título póstumo, condecorá-lo com a Ordem do Infante D. Henrique pelo seu «entranhado amor pela liberdade», leia-se, amor ao poder. Ou seja, Soares condecorou um Nazi português. Alguém se incomodou com isto?

Mais recente, na RTP, uma grande entrevista com Isabel do Carmo, um ex-membro do extinto grupo armado terrorista “Brigadas Revolucionárias” em que ela foi bombista e assaltante de bancos, reconhecendo que incitou à tomada do poder pela violência, diga-se, terrorismo, e que nesse exercício morreu gente inocente, entre elas crianças. Na entrevista que pode ver aqui, não só explicou animadamente como assaltava para financiar as armas e material para fazer bombas, como se se tivesse tratado de uma brincadeira inofensiva de adolescentes, como branqueou completamente a gravidade daquelas ações afirmando que foram para derrubar o Estado Novo e devolver a liberdade. Acontece que este grupo formado em 1973, intensificou suas ações terroristas precisamente depois do 25 abril, já o governo tinha caído e desmembrou-se para formar as FP25 que atuaram até 1980. Ou seja, o objetivo destes terroristas era tomar o poder absoluto que ainda não tinham conquistado com a revolução dos cravos. Como prémio foi condecorada por Sampaio. Alguém se insurgiu contra esta entrevista?

E para terminar em grande, o famoso Camilo Mortágua a quem já se deu palco nas TV’s, um terrorista da LUAR, também este a tentar impor o comunismo com bombas e sangue e que segundo a filhota foi tudo a “brincar”.  Alguém se revolta com isto?

Se demos palco a estes terroristas e ainda deixamos que eles estejam representados no Parlamento a apregoar a ideologia que só se consegue impor com derramamento de sangue, qualquer outro também pode. Vamos lá ser sérios, ok?

A mim não me incomoda que os entrevistem e os mostrem (até agradeço) desde que os jornalistas façam um trabalho exemplar de investigação isento, fazendo o contraditório com perguntas pertinentes e certeiras que ajudem a percebermos quem são realmente estes indivíduos para que possamos fazer um juízo correto sobre suas ações.  Isso é serviço público e pedagógico porque dá a conhecer as personagens, o seu modo de pensar e atuar elucidando-nos sobre suas motivações. É com informação de qualidade, disponível a todos, que se protege a sociedade dos extremismos e não o contrário.  Porque esconder aumenta a ignorância e isso sim é perigoso.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 8-1-2019

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