EM SÃO
BERNARDO DO CAMPO, região do grande ABC Paulista, o advogado criminalista José Corifeu
Fortunato, de 65 anos, desconfiado que a sua companheira (com quem vivia
maritalmente há seis meses), a modelo e atriz pornô Ana Berenice Pinto, de 18,
o traia com outro homem, não pensou duas vezes. Serroteou a infeliz ao meio,
fugiu do local do crime e se escondeu com a outra metade em um lugar que nem
ele saberia dizer aonde fica.
Em face disto, a polícia, não pode reconhecer
inteiramente a vítima, embora tenha encontrado a metade de baixo, e uma banda
da CTPS da jovem, onde se conseguiu identificar o pinto do home, perdão, o
“Pinto” do seu sobrenome. O delegado, doutor Carlos Rotundo, da Delegacia de
Defesa da Mulher, órgão logradourado na Rua José Meza Mendonça, no bairro
Jardim do Mar, informou aos jornalistas de plantão na porta do distrito, o
seguinte.
Palavras dele, ipsis litteris: “tão logo
encontremos a outra parte faltosa do corpo e com um pouco de sorte, alguma
coisa que nos leve a capturar a vítima, e de roldão, o assassino de Ana
Berenice, até agora, infelizmente, este desgraçado frio e calculista em
completo estado de carpe diem, convocaremos imediatamente a todos vocês, da
imprensa, para uma ‘colaefetiva’ esmiuçada dos fatos apurados até este momento”.
NO EDIFÍCIO
COPAN, na fervorosa Avenida Paulista, nº 200, bairro República, centro de São
Paulo, o professor de português da rede pública Carlos Pompeu Brumoso de 25
anos, morador da emblemática construção projetada por Oscar Niemeyer, tentou se
matar pulando desembestadamente na frente de um carro que adentrava a garagem
do referido prédio.
Brumoso devia nove meses de aluguel e igual número
de prestações ao condomínio. Daí o desespero do rapaz em sair de cena pondo um
fim trágico, e definitivo às contas. Deu azar. Foi salvo graças à perícia do
motorista, que freou a tempo, evitando que o malfadado viesse a óbito.
Socorrido e levado para um hospital particular, Carlos Pompeu Brumoso descobriu
(ainda na enfermaria) que seu gesto mal pensando só fez aumentar as contas. E
muito!
O motorista que, por pouco, não o mandou, de vez,
para a terra dos pés juntos, não outro senão o engenheiro Igor Barata Café, de
75 anos, proprietário da quitinete que Pompeu, ocupava. Naquela hora em que
chegava ao local do acidente, Igor intencionava bater na porta de seu
inquilino, sem aviso prévio, em face do mesmo não atender aos seus telefonemas
e retornar aos infindáveis recados deixados tanto no WhatsApp como na portaria.
Carlos Pompeu para se livrar da vergonha de ter
seus cacarecos jogados no meio da movimentadíssima Avenida Paulista, precisou
declinar o telefone de seu pai ao senhorio, que fazendo uso de suas economias
saldou de uma só vez todos os alugueis atrasados do filho. Ainda por cima, o
pai do moçoilo arcou com a conta do hospital e os respectivos remédios que lhe
foram receitados. Sem falar, claro, nos
boletos do condomínio com o síndico contrapesando o “quantum” devido com os
juros e as respectivas correções impostas por lei.
EDUARDO QUINTANILHA, bancário, de 30 anos, se viu
de repente, apunhalado pelas costas com vinte e duas facadas, possivelmente por
um morador de rua drogado quando atravessava o viaduto do chá, no Vale do
Anhangabaú em direção a Rua Barão de Itapetininga, também no do coração de São
Paulo. A polícia afastou imediatamente a hipótese de suicídio.
O delegado responsável pelo inquérito, doutor
Agripino da Glória, da DPPC Delegacia de Proteção a Pessoa e a Cidade, sediada
na Avenida São João, afirmou categoricamente em nota aos jornalistas que “para
apunhalar as próprias costas, a vítima não conseguiria se autoflagelar sozinha,
desferindo, em si mesmo, mais de dez estocadas. A não ser que fosse um exímio
estibordista”.
JOÃO VICTOR
DE OLIVEIRA, vendedor de uma rede de lojas de artigos esportivos, se escondeu
dentro de um carro da polícia civil estacionado na frente de uma agência
bancária, na Avenida Paulista exatamente para dar um flagrante na sua esposa, a
jovem Arminda do Espírito Santo Oliveira, quando ela saísse do trabalho.
Vinha recebendo a dias seguidos, bilhetes anônimos,
com a informação que ela, Arminda, o traia com o gerente da dita agência.
Amoitado no assento de trás, ligou, para o 190 e avisou que a instituição tal,
na avenida tal estava sendo assaltada. Quando as guarnições da militar chegaram
e cercaram o quarteirão, nem as moscas teimosas se atreveram a voar pelo
perímetro ocupado.
João Victor, todavia, acabou meia hora depois preso
em flagrante como um dos elementos que supostamente pretendiam praticar o
assalto (anunciado de mentirinha) ao banco. Para complicar um pouco mais a sua situação,
foi enquadrado como ladrão e suspeito de querer roubar as armas e os pertences
dos policiais de dentro da viatura (policiais estes que estavam exatamente do
outro lado da calçada) em uma missão que nada tinha a ver com aquele episódio.
O DESOCUPADO
JOÃO BRANDINO DE ALMEIDA, de 40 anos, ex-foragido e com varias passagens pela polícia, acabou
detido dentro do hospital psiquiátrico do antigo pinel Juquery (hoje CAISM
Centro de Atenção Integrada a Saúde Mental) em Franco da Rocha, região
metropolitana de São Paulo. Numa manobra acidental, despencou do telhado se
estatelando numa das alas de uma das colônias destinadas aos malucos
incuráveis.
Apavorado e tentando não ser preso, e, sobretudo,
temeroso em voltar para a cadeia, se disfarçou de eletricista. Recebeu ordem de
prisão dentro de uma das enfermarias, quando enfiava uma lâmpada com bocal e
tudo no rabo de uma paciente recém-internada naquela instituição.
WALTER
CASANOVA, de 28 anos, chegou do serviço mais cedo e, para piorar seu resto de
tarde, completamente bêbado. Fora de si, gritando e falando palavrões, decidiu
dar umas “porradas” na pobre da mulher, a doméstica Maria do Carmo, igualmente
de 28 anos.
Com esta ideia tresloucada, de fato, mandou bala.
Apossado de um cabo de vassoura, sentou o cacete na criatura, sem dó nem
piedade. Preso logo após o espancamento por uma viatura da guarda municipal
chamada às pressas pela vizinhança, neste momento Walter está internado no
hospital com três orelhas nas mãos.
A galera da perícia técnica, não teve, até este
momento em que relatamos esta ocorrência, explicações plausíveis para este fato
deveras intrigante. No mesmo pé sem sapatos, a Maria do Carmo (esposa e
vítima), não atinou com uma teoria que lhe permitisse vislumbrar uma luz no fim
do túnel. A quem pertenceriam estes outros ouvidos em duplicatas nas mãos de
Casanova? As suas orelhas e as do próprio agressor se acham apenas escoriadas,
entretanto, inteiras e nos devidos lugares.
Título e texto: Aparecido Raimundo de Souza, de São Bernardo do Campo, Região do
ABC Paulista, São Paulo. 5-3-2019
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