Observações médicas de interesse geral
Aparecido Raimundo de Souza
ACONTECEU ASSIM.
De repente alguém passou perto de mim com um cheiro diferente, anormal
quase aberrante. Talvez um perfume na roupa, um desodorante, sei lá. Alguma
coisa crudélica. Em outras palavras, fora do padrão normal. O fato é que esse
odor irregular e maluco mexeu feio com o meu nariz, deixou o brabo, irado e,
consequência disto, me deu ou me veio uma vontade louca de espirrar.
Afinal, já que falamos nele, o que é o espirro?
Os leitores amigos saberiam explicar? Tentaremos à nossa maneira. Alguns
autores dizem que o espirro nada mais é que uma alergia respiratória oriundada
por uma alergia respiratória. Ponto pacífico. Essa alergia pode ser causada por
rinite alérgica ou por alérgica rinite. Ou vice-versa.
Vejamos agora quais são esses sintomas: comichão
irritante na parte saliente piramidal do centro da face, tosse permanente,
contínua, perdurável, buracos nasais obstruídos, ou com coriza (corrimento de
catarro), leve dificuldade respiratória, espirros secundários frequentes,
geralmente catastróficos, coceira na cabeça do pinto e colhões, e, nos olhos,
forte e incoerente vontade de chorar OK. Tudo bem até aqui. Mas e as causas?!
Entre as mais conhecidas, estão os ácaros,
fungos, pelos de animais (gatos com corpos de gatos, cachorros com corpos de
cachorros), poeira empoeirada, mudanças de climas,
ambientes úmidos, e fumaça. Principalmente as
expelidas por altas chaminés de fábricas clandestinas.
Li num manual para narizes indefesos (versão
recente revista e aumentada para escoteiros e lobinhos), toda vez que
espirramos liberamos em torno de 40.000 gotículas infecciosas num raio de
duzentos metros em linha reta perpendicular curva. O espirro, na verdade, nada
mais é que uma forma do corpo expulsar o dióxido de carbono em excesso, sob a
forma de partículas líquidas, conhecidas também como perdigotos.
O espirro é geralmente um acontecimento ruidoso,
malcheiroso e se torna particularmente desagradável quando a pessoa que
espirra, não põe as mãos em atitude de prece na frente do espirro e ele claro,
esguicha longe, projetando uma espécie de chuva-raio trovão e ventania. Tudo à
moda Anísio Chico. “Vupt Vapt”.
O espirro é ainda uma expulsão de ar, convulsiva
e semiautônoma do nariz e da boca. Como a vontade de cagar ele vem sem aviso.
Sai aos trambolhões, do mesmo modo, sem anunciar. Isso quer dizer que o espirro
praticamente não difere muito ou quase nada de uma boa vontade de expelir as
fezes intestinais.
Aliás, a diferença de um para o outro, se funda
no seguinte. Segundo o médico cientista e oncologista Dráuzio Varella, “a bosta
escorre pelos trilhos do ânus (o reto e o semi-reto) e o espirro pelos desvãos
da bunda (ou órgãos do olfato), diferentemente do nosso ânus traseiro, em face,
logicamente de estas fossas ficarem situadas no meio do rosto e fazerem parte
do que a medicina especializada classificou de sistema respiratório”.
E prossegue o especialista, autor de vários
livros, entre eles, ‘Estação Carandiru e Carcereiros’. “O ânus tem um furo só e
o nariz dois buracos de iguais tamanhos. No nariz você exerce certo controle na
hora agá, ou seja, consegue tapar com as mãos, ou abafar com um lenço embebido
em éter ou álcool. No bosteamento, o controle nem sempre chega a ser a
contento’”.
Em resumo, caríssimos leitores, quem manda na
vontade de cagar é o cu e fim de papo. Por mais que se tente segurar essa
vontade, não se consegue, em vista da forte pressão que se forma no intestino
grosso. Além de grosso o sujeito se considera delgado. Não importa. O ato em si
se torna impossível. Assim, o azedume, quando resolve se pôr a caminho acaba
escapando e, em consequência, exalando o ambiente com seu cheiro fuzarcamente
acre e indigesto.
O acre, como sugere o nome ACRE, não é bom.
Imaginem agarrado a uma fuzarca qualquer, e para piorar o quadro, indigesta.
Neste tom, a vontade de cagar sem cheiro não é cagada, é mera ventosidade anal
disfarçada de peido, como um traque retraído, assim tipo o espirro.
A propósito disto, leciona o ensaísta Antonio
Maria Corifeu de Azevedo Marques. “Peidar não é cortar a ventosidade anal, mas,
sim, orientar a cagada para o lugar certo e sem atropelos para a privada que a
receberá”. Voltando ao foco, sem a liberação de gotículas não é espirro é mero
projeto de espirro.
O espirro geralmente é causado por irritação e às
vezes por bloqueio bacteriano na garganta, pulmões ou nas passagens internas do
nariz. Para espirrar de propósito, os especialistas recomendam que se façam
cocegas com uma pena nas portas do nariz, ou com um consolo de porte médio na
porta do ânus.
Substâncias que causam alergia como pólen, pelos
de animais, bocetas mal lavadas, sovacos cheirando a cecê, assim como outras
iguarias hipersensíveis que não causam alergia e são, geralmente, inofensivas.
Todavia, quando irritam os buracos do nariz, o corpo padece e, por padecer,
responde, ao expirá-las, pelas articulações nasais.
O espirro é por outro lado, uma reação do corpo à
obstrução das vias internas, principalmente o nariz e a garganta. Sua função é
botar para fora do corpo, sem mais delongas, algo que o esteja incomodando. É
por isso que espirramos quando estamos em ambientes empoeirados, sujos ou muito
perfumados.
Outra ocasião em que borrifamos bastante é quando
estamos resfriados. Nesse caso, o organismo usa a constipação para tirar do
corpo o catarro acumulado nos pulmões. Os músculos das costas, abdômen, aqueles
fruscos abaixo das costelas estão envolvidos diretamente no espirro. Quando
poeira, fumaça ou cheiro irrita o nariz, o centro respiratório é informado e
interrompe a respiração normal, o que faz a gente inspirar profundamente.
Subitamente, em contrapartida, mexe com todos
esses músculos que se contraem, empurrando todo o ar para fora de uma vez só. A
glote bloqueia a saída do ar dos pulmões, como se fosse uma tampa na garganta,
e, logo em seguida, se abrem, liberando o caminho.
Geralmente é considerado impossível alguém manter
as pálpebras abertas durante um espirro, ao contrário do cu que se arreganha
todo como mala velha. O reflexo de fechar os olhos é devido a uma proposta não
óbvia: os nervos que servem aos olhos e ao nariz estão próximos e relacionados,
e o estímulo a um deles, geralmente, assanha alguma resposta esquisita no
outro. Entretanto o fechamento dos órgãos da visão protegem os ductos lacrimais
e vasos sanguíneos das bactérias expelidas no espirro.
Com o cu ocorre o atalho inverso. Se você tentar
abortar um peido, ou uma possível “cagada em andamento”, seja tamponando a
vontade ou espantando o desejo, mostrando, por exemplo, um gato molhado, ele, o
espirro, se avoluma de tal forma que transforma a coisa em um ataque duplo, ou,
uma manifestação súbita de espirros intermitentes juntamente com a bosta, ambas
na mesma sintonia meridiana.
Acontece, pois, uma explosão inesperada. Devemos
ter em mente que uma vez a merda virada bosta, o cocô fulmina com tudo, como se
algo muito forte e pesado o puxasse com sólida contração para o lado de fora.
Em face desta humilde explicação, o melhor que se
tem a fazer é: deu vontade espirrar, espirre. Mesmo modo, sentiu vontade
defecar, procure a privada mais próxima e acomode os fundilhos. Fique atento,
todavia, para o chamado espirro manhoso ou espirro teimoso.
Entendam a logística: o espirro manhoso ou
teimoso é aquele que vem sem que se espere, e junto, de roldão, ao ser jogado
na atmosfera, costuma ser seguido de uma “cagada destemperada”. Se isto
ocorrer, reze para que esteja em casa. Ou próximo. Em público, amigos e amigas,
dentro de um ônibus lotado ou qualquer outro lugar em que não haja um banheiro
disponível, o vexame será duplamente maior.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de
Janeiro. 12-4-2019
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