Agência Lusa
Estudo da Fundação Francisco Manuel dos
Santos explica que só com a subida em três anos da idade da reforma é possível
evitar que o atual regime entre em colapso em 2038, devido ao envelhecimento da
população.
O número de pensionistas
deverá crescer de 2,7 para 3,3 milhões até 2045, o que deveria levar ao aumento
da idade de reforma, para evitar transferências do Orçamento do Estado, refere
um estudo a que a Lusa teve acesso.
Face ao cenário demográfico e
macroeconómico referido num estudo, que será hoje divulgado, em Lisboa, pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), e que prevê que "o número de pensionistas cresça
consideravelmente", entre 2020 e 2045, os seus autores defendem o aumento
da idade de reforma. "Aumentar a idade de reforma parece ser a forma mais
eficaz de minorar a necessidade de financiar o sistema com recurso a
transferências do Orçamento do Estado (OE)", concluiu a equipa de
investigadores coordenada por Amílcar Moreira.
No estudo sobre a
"Sustentabilidade do Sistema de Pensões Português", adjudicado ao
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa pela FFMS, os
investigadores consideram estar "indelevelmente marcado pela evolução
demográfica".
Perante a perspectiva de uma
redução de 23% da população total de Portugal nos próximos 50 anos, os autores
afirmam que a diminuição da população em idade ativa será de 37%, entre 2020 e
2070, o que "limitará, de forma decisiva", o potencial de crescimento
da economia portuguesa no mesmo período.
Apesar da quebra da população
ativa, o estudo prevê, devido à perspectiva de crescimento salarial, que o
valor das contribuições para a Segurança Social cresça ligeiramente no período
em análise, de 8,1% do PIB para 8,7%.
"Este crescimento ligeiro
das contribuições não será suficiente para compensar a subida da despesa com
pensões no Regime Previdencial da Segurança Social (RPSS), que deverá começar a
registar défices crônicos a partir de 2027", refere o documento.
Segundo os investigadores,
seria possível prolongar até 2039 a sustentabilidade financeira do mesmo
regime, recorrendo a transferências do Fundo de Equilíbrio Financeiro da
Segurança Social.
Mas, a perspectiva é de que, à
medida que se avance no tempo, as transferências do OE sejam necessárias para
cobrir os défices do RPSS.
A situação pode ainda
agravar-se se a produtividade e os salários não crescerem ao ritmo previsto
pelo cenário macroeconômico da Comissão Europeia.
Paralelamente, os
investigadores preveem uma degradação ligeira do valor das pensões de velhice e
de sobrevivência da Segurança social, em comparação com os salários, o que
poderá contribuir para o aumento da taxa de pobreza entre os pensionistas.
Os autores do estudo avaliaram
o impacto de um conjunto de reformas que poderiam ser postas em prática a
partir de 2025, nomeadamente o aumento das contribuições dos trabalhadores e
dos empregadores para a Segurança social.
A redução do valor das futuras
pensões e o aumento da idade de reforma foram outras alternativas analisadas.
"Dentro das opções
consideradas, aumentar a idade de reforma parece ser a forma mais eficaz de
minorar a necessidade de financiar o sistema com recurso a transferências do
OE", concluiu o estudo.
A FFMS, que comemora 10 anos
de existência, está a organizar um ciclo de conferências sobre temas sociais. A
desta sexta-feira será dedicada ao sistema de pensões, à sua sustentabilidade
financeira e social e, nesse âmbito, será apresentado o estudo a que a agência
Lusa teve acesso.
Título, Imagem e Texto: Agência Lusa, SÁBADO,
12-4-2019
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