Aparecido
Raimundo de Souza
OS SENHORES DEVEM ESTAR lembrados. Dissemos essa
frase mais de uma vez em textos publicados aqui na “Revista Cão que Fuma” em
nossas “Rasgações de Verbos”. Recordam? Ei-la de novo, aflorando, para que
movimentem e exercitem suas mentes. “Vivemos no país do caos, da desordem, dos
loucos, dos ladrões, dos vândalos e dos arruaceiros eternos”. Sobrevivemos numa
terra sem lei, num planeta onde proliferam os homicídios mais estapafúrdicos e
inacreditáveis.
Para se juntar a essas matanças estapafúrdicas,
foram criados novos ternos. O Feminicídio, por exemplo ou (matar mulheres)
encabeça a lista, sendo seguido pelo Criancianicídio (matar crianças),
Cachorroanicídio (matar cachorros), Bocetanicídio (matar bocetas),
Caralhonicídio (matar caralhos) etc. Evidentemente são nomenclaturas
fresquinhas, saídas a pouco do forno dos bifrontes e chegadas, portanto,
recentes no pedaço. Apesar de ainda bebezinhas, com poucos dias de vida, estão
alegres e saltatrizantes. Iguais dançarinas espoletas, surgidas de alguma
periferia a todo vapor e bem visível num livro que cognominaram com o título de
“Código Penal”.
Para quem não sabe, o “Código Penal” é aquela
sistematização de um amontoado de normas fora das linhas. Preceitos vazios,
retrógrados, que só valem e se prestam a punir a grossa massa de pretos, e a
enormidade galopante dos pobres e fodidos. Apesar da “enormidade”, os pretos e
os pobres, os pés rapados e as descamisadas, não vão além de uma “minoria
desvairada”. O Código Penal, em resumo, é um cagalhão que saiu da privada nos
idos de 1940. Um ser completamente cego das vistas, ultrapassado, tão velho,
tão carcomido, tão em desuso, que seu tempo de atividade se esvaiu para os
quintos de lúcifer faz tempo, apesar de, ao longo desses anos todo ter passado
por algumas modernidades para torná-lo mais “incoerente com as características
do nosso tempo de mil novecentos e... e... e...”.
Os pais biológicos dessas novas figuras citadas
(feminicídio, criancianicídio e outros crimes hediondos que acima pontilhamos),
ou de forma mais clara, os seus autores, ou os legisladores de merda que lhes
deram o sopro da vida, se esqueceram de enterrar seus restos mortais. Vivemos
(e batemos nessa tecla, insistentemente), vivemos no país dos bandoleiros, dos
arruaceiros, dos “Mamadores das Tetas Gordas e Sadias”. As “Tetas Gordas e
Sadias” estão no grande pasto brazzzilia, enquanto as nossas “leiteiras” magras
e raquíticas mal conseguem dar um passo dentro do curral em direção a um
punhado de capim.
Enganamos a nós mesmos, com a ideia abestalhada
de que somos uma plebe firme e forte. Na verdade, não passamos de prisioneiros
de um imaginário social inexistente. Convivemos cada minuto das nossas vidas
com a miséria entrelaçada a uma devastação cada vez mais crescente e imutável.
Vejam, por exemplo, o SUS, sigla que se traduz por SISTEMA ÚNICO DE SACANAGEM.
Precário, frágil e emperrado. Chafurda, o SUS, na putaria e no esquecimento.
Percebam que faltam os remédios primordiais que o filho da puta do ministério
da saúde deveria oferecer à população (através das farmácias cidadãs).
Enquanto isso nos Castelos da Dinamarca
(desculpem), nos Castelos e Palácios do Planalto, os nossos larápios eternos,
os parasitas que além de chuparem nossos paus, não contentes, se boqueteiam nas
“tetas gordas” das vaquinhas sadias. Vivem esses ratos, nababescamente às
sombras negras dos peculatos. Ganham fama nos entrelaçamentos das organizações
criminosas. Pautam seus valores, esses vermes, nos tanques imundos, onde as
lavagens constantes do dinheiro público (do nosso dinheiro), não têm fim. Da
mesma forma as apropriações indébitas, as falcatruas, os conchavos os jeitinhos
brasileiros os panos quentes, igualmente não perdem terreno.
O brazzzil está vivendo a era dos extremos. Atola
na podridão, se desordena no suborno da imoralidade. O brazzzil está afundado
na anarquia, na bagunça, no fuzuê do escangalho. O brazzzil está submergido no
vandalismo, no barbarismo, na arruaça, na conturbação do desassossego. As
multidões de norte a sul, de leste a oeste, se deparam com uma centena de incertezas
e outras mil de inquietações as mais diversificadas. Somos uma existência
vegetativa. Não temos vida própria. O ar que respiramos está contaminado pelo
fervedouro das amuadas e sobressaltos. A nação que deveria honrar o Estado
Democrático do Direito se cagou toda. Faliu, na verdade.
Chegou à banca rota. Nossos miSInistros do STF
obedecem a seus chefes. Prestam contas. São comandados. As leis que esses
senhores vivaldinos e candongueiros tanto dizem preservar, viraram moedas de
trocas, dos “toma lá, dá ca”, das barganhas e trapaças, das chicanias e
gatunices. Somos um grupo (grupo?!) desnorteado de rostos enxovalhados, de
sorrisos incolores. De barrigas vazias, de “mesas falta” (não confundam, por
favor, com mesas farta), onde a muito, estão ausentes o pão e o café com leite
e um prato de comida decente para darmos de comer aos nossos filhos. Nossas
estruturas de plausibilidades foram parar nos cus dos senhores engravatados. A
câmara dos deputados, o senado, e outras pocilgas e esterqueiras estão à beira
da falésia.
Precisamos, sem mais delongas despertar a nação
desse sono letárgico e modorrento. Desse mazorro apático e engrunhido. Acordar,
para a vida plena, essa galera de idiotas e desnorteados que esperam por um
milagre que jamais chegará. Estamos diante de um ardil totalitário. Essa
armadilha endrominada se tornou um monstro de mil tentáculos com as mandíbulas
prontas para entrarem em ação. Estão programadas para nos engolir, nos devorar
num único abocanhamento. Enquanto um deputadozinho feito nas coxas quer proibir
o uso de expressões como “carne de soja”, por achá-la chula, a Alemanha
sobressai perante o mundo inaugurando a maior rodovia elétrica do planeta, que
recarrega caminhões em movimento.
Na mesma bateção de punheta, duas ou três dezenas
de parlamentareszinhos fazem um carnaval apoteótico, nojento e sem graça, para
aprovarem a maldita e degradante novela da “reforma da previdência”, do outro
lado do oceano, a Coréia do Sul trabalha no aperfeiçoamento dos robôs “fanbots”
permitindo que torcedores possam (através de um stund) apoiar seus times de
coração e até mandarem mensagens ao vivo e a cores a seus atletas, sem
precisarem estar nos estádios. E o brazzzil o que faz? Fode a todos nós. Toma
no rabo, leva no pescoço em Francês.
E nós, brasileiros sem eira nem beira, filhos sem
mães, órfãos e divorciados de um futuro promissor, viramos uma infindável
legião de integrantes beócios e acaipirados. Como se não bastasse, nos tornamos
assíduos e amiudados “caras de cornos mansos” dessa sociedade (sociedade não,
estamos mais para um ajuntamento de burros e cavalos, jumentos e bestas), fomos
traídos pelos nossos compatriotas. Seguimos iguais vaquinhas de presépio nesse
ajuntamento lodacento e estercado por tramolhadas e volutabros. Fingimos para
outros povos, que por aqui está tudo nos trilhos, como manda o figurino.
Senhores acreditem. Não está tudo nos conformes. Despertem se fortaleçam se
encorajem. Percebam os erros, os absurdos, as aberrações e as anomalias que
estão estralejando diante de nossos narizes. Atinem enquanto é tempo e ainda
temos tempo. Todavia, levem em conta. Falecemos a cada dia um pouquinho.
Vivemos ao deus dará.
Respiramos ao sabor do salve se quem puder,
submetidos, subordinados algemados e mambembeados à sanha de uma morte horrenda
literalmente em câmera lenta. Chegou a hora de botarmos para quebrar. Ou isso,
prezados, ou a degradação e a degenerescência da nossa dignidade. Ou agimos
agora, ou choraremos as noites vindouras no quentinho de nossas camas,
agarrados feitos Prometeus desolados aos nossos travesseiros. Precisamos
colocar um ponto final definitivo nessa sacanagem. Dar um basta, um chega pra
lá. Repetindo: ou isso ou veremos (e
veremos sentindo na pele) até quando aguentaremos calados, pasmos e
petrificados.
Lembrem caríssimos leitores, que o tranco, a
trombada, o abalo será irremediável, mortífero, letal. Enquanto não decidimos
sair com a bunda e o rabo de cima do muro, salve a fuzarca, o bafafá, a
barafunda, a choldra que aí está posta. Resguardemos para o bem dos nossos
filhos e netos, num derradeiro sopro, a ralé, acautelemos a plebe, precatemos a
gentalha. E viva... viva o INFERNO. O Capeta e seus asseclas, o Tinhoso, o
Coisa Ruim, o Capiroto já estão apostos e no P O D E R.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Salvador, na Bahia. 28-5-2019
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