terça-feira, 28 de maio de 2019

[Aparecido rasga o verbo] Nós, Orfeus e Eurídices, continuamos estáticos

Aparecido Raimundo de Souza

OS SENHORES DEVEM ESTAR lembrados. Dissemos essa frase mais de uma vez em textos publicados aqui na “Revista Cão que Fuma” em nossas “Rasgações de Verbos”. Recordam? Ei-la de novo, aflorando, para que movimentem e exercitem suas mentes. “Vivemos no país do caos, da desordem, dos loucos, dos ladrões, dos vândalos e dos arruaceiros eternos”. Sobrevivemos numa terra sem lei, num planeta onde proliferam os homicídios mais estapafúrdicos e inacreditáveis.

Para se juntar a essas matanças estapafúrdicas, foram criados novos ternos. O Feminicídio, por exemplo ou (matar mulheres) encabeça a lista, sendo seguido pelo Criancianicídio (matar crianças), Cachorroanicídio (matar cachorros), Bocetanicídio (matar bocetas), Caralhonicídio (matar caralhos) etc. Evidentemente são nomenclaturas fresquinhas, saídas a pouco do forno dos bifrontes e chegadas, portanto, recentes no pedaço. Apesar de ainda bebezinhas, com poucos dias de vida, estão alegres e saltatrizantes. Iguais dançarinas espoletas, surgidas de alguma periferia a todo vapor e bem visível num livro que cognominaram com o título de “Código Penal”.

Para quem não sabe, o “Código Penal” é aquela sistematização de um amontoado de normas fora das linhas. Preceitos vazios, retrógrados, que só valem e se prestam a punir a grossa massa de pretos, e a enormidade galopante dos pobres e fodidos. Apesar da “enormidade”, os pretos e os pobres, os pés rapados e as descamisadas, não vão além de uma “minoria desvairada”. O Código Penal, em resumo, é um cagalhão que saiu da privada nos idos de 1940. Um ser completamente cego das vistas, ultrapassado, tão velho, tão carcomido, tão em desuso, que seu tempo de atividade se esvaiu para os quintos de lúcifer faz tempo, apesar de, ao longo desses anos todo ter passado por algumas modernidades para torná-lo mais “incoerente com as características do nosso tempo de mil novecentos e... e... e...”.

Os pais biológicos dessas novas figuras citadas (feminicídio, criancianicídio e outros crimes hediondos que acima pontilhamos), ou de forma mais clara, os seus autores, ou os legisladores de merda que lhes deram o sopro da vida, se esqueceram de enterrar seus restos mortais. Vivemos (e batemos nessa tecla, insistentemente), vivemos no país dos bandoleiros, dos arruaceiros, dos “Mamadores das Tetas Gordas e Sadias”. As “Tetas Gordas e Sadias” estão no grande pasto brazzzilia, enquanto as nossas “leiteiras” magras e raquíticas mal conseguem dar um passo dentro do curral em direção a um punhado de capim.

Enganamos a nós mesmos, com a ideia abestalhada de que somos uma plebe firme e forte. Na verdade, não passamos de prisioneiros de um imaginário social inexistente. Convivemos cada minuto das nossas vidas com a miséria entrelaçada a uma devastação cada vez mais crescente e imutável. Vejam, por exemplo, o SUS, sigla que se traduz por SISTEMA ÚNICO DE SACANAGEM. Precário, frágil e emperrado. Chafurda, o SUS, na putaria e no esquecimento. Percebam que faltam os remédios primordiais que o filho da puta do ministério da saúde deveria oferecer à população (através das farmácias cidadãs).

 Nesse barco afundando do SUS, a SAÚDE navega aos trancos e barrancos num mar de águas profundas, escuras e barrentas. Ao lado dele, mesmo norte, segue por uma estrada esburacada, o DESEMPREGO. A falta de trabalho digno para atender a milhões de brasileiros, deixa o pai de família à beira de um ataque de nervos. Multipliquem esse pai de família pelos outros salafrários agarrados nos colhões do Poder. Essa infâmia de marginais no Poder cresce a olhos vistos. É um vírus que se espalha e se propaga como o vento. Em todos os quadrantes da federação, o que vemos é uma onda de insegurança, um tsunami de insatisfações, um dilúvio de dúvidas. O DESEMPREGO é uma espécie de ARCA DE NOÉ. Suas portas, a cada minuto, se tornam mais apertadas e estreitas.   

Enquanto isso nos Castelos da Dinamarca (desculpem), nos Castelos e Palácios do Planalto, os nossos larápios eternos, os parasitas que além de chuparem nossos paus, não contentes, se boqueteiam nas “tetas gordas” das vaquinhas sadias. Vivem esses ratos, nababescamente às sombras negras dos peculatos. Ganham fama nos entrelaçamentos das organizações criminosas. Pautam seus valores, esses vermes, nos tanques imundos, onde as lavagens constantes do dinheiro público (do nosso dinheiro), não têm fim. Da mesma forma as apropriações indébitas, as falcatruas, os conchavos os jeitinhos brasileiros os panos quentes, igualmente não perdem terreno.

O brazzzil está vivendo a era dos extremos. Atola na podridão, se desordena no suborno da imoralidade. O brazzzil está afundado na anarquia, na bagunça, no fuzuê do escangalho. O brazzzil está submergido no vandalismo, no barbarismo, na arruaça, na conturbação do desassossego. As multidões de norte a sul, de leste a oeste, se deparam com uma centena de incertezas e outras mil de inquietações as mais diversificadas. Somos uma existência vegetativa. Não temos vida própria. O ar que respiramos está contaminado pelo fervedouro das amuadas e sobressaltos. A nação que deveria honrar o Estado Democrático do Direito se cagou toda. Faliu, na verdade.

Chegou à banca rota. Nossos miSInistros do STF obedecem a seus chefes. Prestam contas. São comandados. As leis que esses senhores vivaldinos e candongueiros tanto dizem preservar, viraram moedas de trocas, dos “toma lá, dá ca”, das barganhas e trapaças, das chicanias e gatunices. Somos um grupo (grupo?!) desnorteado de rostos enxovalhados, de sorrisos incolores. De barrigas vazias, de “mesas falta” (não confundam, por favor, com mesas farta), onde a muito, estão ausentes o pão e o café com leite e um prato de comida decente para darmos de comer aos nossos filhos. Nossas estruturas de plausibilidades foram parar nos cus dos senhores engravatados. A câmara dos deputados, o senado, e outras pocilgas e esterqueiras estão à beira da falésia.

Precisamos, sem mais delongas despertar a nação desse sono letárgico e modorrento. Desse mazorro apático e engrunhido. Acordar, para a vida plena, essa galera de idiotas e desnorteados que esperam por um milagre que jamais chegará. Estamos diante de um ardil totalitário. Essa armadilha endrominada se tornou um monstro de mil tentáculos com as mandíbulas prontas para entrarem em ação. Estão programadas para nos engolir, nos devorar num único abocanhamento. Enquanto um deputadozinho feito nas coxas quer proibir o uso de expressões como “carne de soja”, por achá-la chula, a Alemanha sobressai perante o mundo inaugurando a maior rodovia elétrica do planeta, que recarrega caminhões em movimento.

Na mesma bateção de punheta, duas ou três dezenas de parlamentareszinhos fazem um carnaval apoteótico, nojento e sem graça, para aprovarem a maldita e degradante novela da “reforma da previdência”, do outro lado do oceano, a Coréia do Sul trabalha no aperfeiçoamento dos robôs “fanbots” permitindo que torcedores possam (através de um stund) apoiar seus times de coração e até mandarem mensagens ao vivo e a cores a seus atletas, sem precisarem estar nos estádios. E o brazzzil o que faz? Fode a todos nós. Toma no rabo, leva no pescoço em Francês.

E nós, brasileiros sem eira nem beira, filhos sem mães, órfãos e divorciados de um futuro promissor, viramos uma infindável legião de integrantes beócios e acaipirados. Como se não bastasse, nos tornamos assíduos e amiudados “caras de cornos mansos” dessa sociedade (sociedade não, estamos mais para um ajuntamento de burros e cavalos, jumentos e bestas), fomos traídos pelos nossos compatriotas. Seguimos iguais vaquinhas de presépio nesse ajuntamento lodacento e estercado por tramolhadas e volutabros. Fingimos para outros povos, que por aqui está tudo nos trilhos, como manda o figurino. Senhores acreditem. Não está tudo nos conformes. Despertem se fortaleçam se encorajem. Percebam os erros, os absurdos, as aberrações e as anomalias que estão estralejando diante de nossos narizes. Atinem enquanto é tempo e ainda temos tempo. Todavia, levem em conta. Falecemos a cada dia um pouquinho. Vivemos ao deus dará.

Respiramos ao sabor do salve se quem puder, submetidos, subordinados algemados e mambembeados à sanha de uma morte horrenda literalmente em câmera lenta. Chegou a hora de botarmos para quebrar. Ou isso, prezados, ou a degradação e a degenerescência da nossa dignidade. Ou agimos agora, ou choraremos as noites vindouras no quentinho de nossas camas, agarrados feitos Prometeus desolados aos nossos travesseiros. Precisamos colocar um ponto final definitivo nessa sacanagem. Dar um basta, um chega pra lá. Repetindo: ou isso ou veremos  (e veremos sentindo na pele) até quando aguentaremos calados, pasmos e petrificados.

Lembrem caríssimos leitores, que o tranco, a trombada, o abalo será irremediável, mortífero, letal. Enquanto não decidimos sair com a bunda e o rabo de cima do muro, salve a fuzarca, o bafafá, a barafunda, a choldra que aí está posta. Resguardemos para o bem dos nossos filhos e netos, num derradeiro sopro, a ralé, acautelemos a plebe, precatemos a gentalha. E viva... viva o INFERNO. O Capeta e seus asseclas, o Tinhoso, o Coisa Ruim, o Capiroto já estão apostos e no P O D E R.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Salvador, na Bahia. 28-5-2019

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Tal mãe, tal filha

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