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O mesmo papa que se recusou
responder aos dubia de quatro cardeais, dois dos quais viram a
morte sem verem uma resposta sua, preferiu responder pessoalmente à carta do
ex-presidente e atual presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por
corrupção e lavagem de dinheiro em duas instâncias, pela justiça brasileira.
Os cleaners de
plantão se apressaram em justificar a atitude do pontífice, alegando que ele
apenas respondeu misericordiosamente à carta de um ex-chefe de estado e
atribuindo a utilização política da missiva aos petistas e a crítica à mesma
aos maldosos conservadores. É óbvio que esta tática não passa de um fingimento
estúpido.
Com efeito, embora seja
possível que um papa cometa lapsos, não pode ser um lapso o
fato de os cometer sempre na mesma direção. Errar sempre no mesmo sentido não é
um erro, mas um acerto.
Francisco é um papa de
esquerda e não se esforça por disfarçá-lo. É simples! Basta aceitar os fatos. O
negacionismo dos cleaners não é apenas uma tentativa de “tapar
o sol com a peneira” mediante análises textuais forçadas, em que se procura
dissimular a realidade através da exploração do campo semântico das palavras,
interpretadas em seu sentido mais estrito, mas é um esforço completamente
inútil: querem tornar ambíguo o que o próprio Francisco faz questão de
desambiguar. Ele quer ser o líder da esquerda mundial, quer ocupar o lugar que
Lula pretendia quando fundou o Foro de São Paulo.
O paralelo entre o pontífice
argentino e o presidiário brasileiro transcende em muito o recurso da negação –
assim como Lula, Francisco acaba de conceder entrevista a uma televisão mexicana em que,
perguntado sobre o caso do ex-cardeal McCarrick, simplesmente tentou se eximir,
dizendo que “não sabia de nada”. Na verdade, ele não se limita à histérica
defesa do multiculturalismo na política de imigração e do ecologismo psicótico,
mas acaba de promover um seminário sobre a “ameaça dos nacionalismos” e de convocar uma conferência para a criação de uma nova ordem econômica mundial em
2020, na cidade de Assis.
Não é de hoje que Bergoglio se
oferece para encabeçar a esquerda internacional! Quem não se lembra
daquele encontro com os movimentos sociais em Roma, em que quis congregar todos os
revoltados do mundo, no início do seu pontificado? Agora, com o sínodo da
Amazônia, ele avança com a sua revolução, rumo a uma Igreja a serviço do
tribalismo e de toda a desagregação do ocidente cristão!
Papa Francisco está
interessado em fazer política, e não em evangelizar. Ele sabe muito bem o que
faz e escreve: “no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a
salvação vencerá a condenação”; além disso, ele assegura que a avaliação de
Lula sobre o atual contexto sócio-político brasileiro lhe será de “grande
utilidade”… Para quê?
Nenhum chefe de estado se
prestaria a uma instrumentalização tão deplorável, quanto mais o chefe da
Igreja Católica! Imputar ingenuidade ao papa seria desconsiderar a sua
perspicácia confessa. Como ele mesmo acaba de dizer em entrevista,
os seus silêncios são muito bem pensados, quanto mais as suas palavras.
“Falei que ele (o Lula) está
condenado em segunda instância e não vou mudar o discurso porque quem não vê a
realidade é louco”, disse o próprio Ciro Gomes esta semana, em sua discussão com a deputada Maria do
Rosário. A realidade é que já não é mais possível defender o indefensável. E
indefensável também se tornou Bergoglio, a despeito de todas as tentativas
dos cleaners, mobilizados devotamente para defendê-lo e anestesiar
o povo.
No final das contas, enquanto
o pontífice argentino desprestigia o papado e se consagra ao completo
descrédito, todos os seus defensores também se condenam ao mesmo destino, mas,
infelizmente, não de modo isolado. Trata-se de todo um movimento suicida, mas
que se comporta ao modo dos terroristas, que se matam para levar consigo toda a
multidão de inocentes, no caso, para lançar no abismo a Santa Igreja Católica.
Contudo, diferentemente de
Lula, “a Palavra de Deus não está presa” (2 Tm 2,9): os cardeais dos dubia podem
morrer, mas a verdade é imortal. Francisco pode não os responder, mas a
resposta virá da história.
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