Bandeira 2 é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede
Globo, entre 1º de outubro de 1971 e 18 de julho de 1972, em 179 capítulos. Foi
a 15ª "novela das dez" exibida pela emissora. Escrita por Dias Gomes
e dirigida por Wálter Campos e Daniel Filho, foi produzida em preto-e-branco.
Pois, eu que desembarcara no Galeão em 29 de março de 1972, "dei de cara" com essa novela, já ia para lá da metade. Me impressionavam as atuações dos atores. E duas músicas da trilha internacional ficaram para sempre na minha alma: Mamy Blue e Love's Whistle. Na minha e nas de milhões de brasileiros.
No dia 1º de novembro de 1971 entrava no ar no horário das 22h na Globo a
novela Bandeira 2. Escrita por Dias Gomes e
dirigida por Daniel Filho e Wálter Campos, a
história retratava o universo dos bicheiros, e tinha Paulo Gracindo como
protagonista.
A trama girava em torno de Artur do Amor Divino, conhecido como Tucão
(Paulo Gracindo), e sua rivalidade com Jovelino Sabonete (Felipe Carone), com
quem disputava a supremacia nos negócios do jogo do bicho na região do bairro
de Ramos, zona norte do Rio de Janeiro. Além da rivalidade nos negócios, Tucão
e Jovelino Sabonete ainda viram seus filhos, Taís (Elizângela) e Márcio (Stepan
Nercessian), respectivamente, se apaixonarem, dando início a um amor proibido
em meio àquele cenário de contravenção.
Neste cenário também se encontra Noeli (Marília Pêra), que é motorista de
táxi e porta-bandeira da escola de samba Imperatriz Leopoldinense. Desquitada
de Tavinho (José Augusto Branco), ela é uma mulher independente que desperta
paixões, entre elas a de Zelito (José Wilker), filho de Tucão que vive recluso
em seu quarto, pintando quadros. Noeli também é muito amiga de Zé Catimba
(Grande Othelo), um dos mais antigos e queridos integrantes da escola de samba.
Um grande sucesso, Bandeira 2 alçou Paulo Gracindo a grande astro da TV
graças à popularidade de Tucão, que, mesmo contraventor, conquistou a
audiência. No entanto, segundo o site Teledramaturgia, o personagem chegou ao
ator por acaso. Isso porque o ator Sérgio Cardoso havia pedido para
protagonizar uma novela de Dias Gomes, que lhe apresentou Tucão. Mas o astro
não gostou do personagem e pediu para mudá-lo, proposta que foi rejeitada pelo
autor. Por conta disso, Dias Gomes sugeriu ao diretor Daniel Filho o nome de
Paulo Gracindo que, até então, só fazia coadjuvantes e grã-finos. Bandeira 2,
portanto, se tornou um divisor de águas na carreira de Gracindo.
Já para a atriz Marília Pêra, Bandeira 2 não foi um momento feliz. Isso
porque a atriz aceitou a personagem Noeli acreditando que seria a grande
estrela da novela, algo que não aconteceu em razão da enorme popularidade de
Tucão. Assim, ela acabou pedindo para sair da novela, mas não teve o seu pedido
atendido.
A popularidade de Tucão, aliás, era tão grande, que o personagem era
muito bem-visto pelos bicheiros da vida real. Só quem não gostou do
protagonista de Bandeira 2 foi a Censura Federal, que exigiu que Tucão fosse
morto. A produção da novela ainda se viu obrigada a reforçar o número de
figurantes na gravação da cena do enterro de Tucão, em razão da enorme
quantidade de pessoas que compareceu ao cemitério, levadas por um boato de que
Paulo Gracindo realmente havia morrido.
Bandeira 2 também marcou a estreia dos atores José Wilker, Grande Othelo,
Ilva Niño e Francisco Di Franco em novelas, além de dar origem à peça O Rei de
Ramos, com partitura musical de Chico Buarque e Francis Hime, encenada no Rio
de Janeiro em 1979, com o próprio Paulo Gracindo no papel principal. A trama
também chegou a “quebrar a banca” do jogo do bicho duas vezes, graças aos
palpites acertados dados durante a novela.
A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) premiou Dias Gomes como
melhor novelista e Paulo Gracindo como melhor ator do ano de 1972 por seus
trabalhos em Bandeira 2.
Texto: André Santana, Observatório da Televisão, 1-11-2017
Os vídeos a seguir são de autoria de Mano El Neto, (onde poderão ser ouvidas todas as faixas do LP) pubicados em 21 de agosto de 2015.
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