Considerado um líder arquétipo do Brasil
Plinio Corrêa de Oliveira
No tempo de Dom Pedro II [foto],
éramos indiscutivelmente um povo em que a organização da família ainda estava
viva e pujante, muito de acordo com o modo de ser afetivo do brasileiro. O
velho Imperador — respeitável, venerável e bondoso, com cabelos e barbas
brancos — foi durante décadas, por assim dizer, “o vovô do Brasil”; e o Brasil
se deliciava em ser neto de Dom Pedro II.
O modo como ele governava e dirigia a política brasileira era inteligente e cheio de jeitinhos, como o brasileiro gosta. O que fosse imposto à força, de acordo com o modelo de Frederico II da Prússia, não era apreciado pelos brasileiros e poderia “azedar” as relações muito desagradavelmente, ou até fatalmente.
Naqueles tempos, a
Constituição brasileira era liberal e reduzia muito os poderes do monarca. Mas
ele era muito sagaz e servia-se do prestígio de Imperador para negociar nos
bastidores o curso da política, de tal maneira que se tornou o principal
político do País. Acomodava os problemas e abafava as revoltas, fazendo reinar
a paz com muita prosperidade. Assim o Brasil se tornou uma das maiores nações,
com uma esquadra mercante que era a segunda maior do mundo.
Apesar de o Imperador seguir
inteiramente a Constituição, os políticos liberais reclamavam muito dele,
dizendo que exercia um “poder pessoal” extra-constitucional, porquanto
acumulava os dois poderes. A resposta dele era que nada na Constituição o
impedia de exercer influência política. Os liberais vociferavam, mas nada
podiam contra a força moral do Imperador. Assim ele conduziu a política até o
fim de sua vida, quando foi destronado. Deixou nos brasileiros saudades daquela
época, pois o Imperador os representava arquetipicamente.
Título, Imagem e Texto: Plinio
Corrêa de Oliveira, ABIM,
10-8-2019
Excertos da conferência
proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 17 de fevereiro de 1989. Esta
transcrição não passou pela revisão do autor. Fonte: Revista Catolicismo, Nº
824, Agosto/2019.
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