terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Quer excedentes orçamentais? Deixe de pagar contas

Cristina Miranda

Mas como é que eu não me lembrei disto? Andei este tempo todo sempre a fazer contas e planificações do meu orçamento doméstico para poder fazer face às despesas, sempre com muito controlo para não falhar com nada em casa; a trabalhar que nem uma “moura” para governar minha vida e eis que Centeno [foto] revela a sua fantástica estratégia que fez gerar “excedentes” milionários: cativar toda a despesa e pagamentos enquanto carrega forte nos impostos dos contribuintes que trabalham arduamente para  sustentar a máquina do Estado. Não é genial?

Foto: José Sena Goulão/Lusa
Com esta “brilhante” lição de economia aprendi que, se não pagar luz, água, gás, renda, compras de supermercado, gasóleo, créditos e outras responsabilidades; nem fizer manutenções de nenhuma espécie em casa com eletricidade quando há curtos-circuitos ou nas canalizações quando rompem  ou no telhado quando voam telhas;  nem  arranjos mecânicos no carro quando há avarias, mudanças de óleos ou pneus quando estão “carecas”;  nem comprar sapatos mesmo que rotos ou roupas mesmo que velhas e gastas, posso abrir conta na Suíça e com os juros pagar uma férias milionárias à família no Mônaco ou comprar um Lamborghini  ou uma mansão à beira mar como o visionário Al Gore!! Sou mesmo idiota.

Eu sempre desconfiei das capacidades de gestão do nosso “Ronaldo das Finanças” e denunciei-o no meu artigo de Março de 2017, “O défice de 2016 é um embuste” onde afirmei: “O défice que nos apresentaram é uma perigosa bomba relógio. Não há mérito nenhum nos 2,1%. Muito menos prova que usando outras políticas se consegue os mesmos objetivos como disse Marcelo. O que há são malabarismos grotescos, diria quase criminosos, de “chico-espertice tuga” que escondem o maior embuste, depois de Sócrates, fundamentado em mentiras, patranhas e ilusões para o iletrado cidadão. Uma falta de respeito por toda uma Nação a quem se pede constantemente sacrifícios fingindo ser pelo bem de todos. Uma mentira abençoada pelo PR que nos deveria fazer corar de vergonha. Infelizmente.”

Repeti-o no meu artigo de 16 Outubro 2017, “O monstro da dívida” quando escrevi:” OE 2018 volta ao ASSALTO habitual ao contribuinte. Faz falta dinheirinho para alimentar os esquemas habituais da governança e suas respectivas clientelas FAMINTAS a quem se promete mundos e fundos sem um chavo no bolso! O monstro da dívida, esse, cada vez mais gigantesco não se mata. Não se diminui. Controla-se, isso sim, o défice, como se o défice não tivesse nenhuma ligação à dívida pública e chama-se a isso “controlo” (sim, é o controlo contabilístico do empurra para debaixo do tapete). É para rir? Isto claro, até ao próximo colapso. Mas alguém acredita que com o tetra em bancarrotas os credores não nos tentem pôr os patins rapidamente? Não brinquem com coisas sérias. Porque só temos tido dinheiro para pagar as despesas do Estado graças à UE. Esqueceram-se?”

Voltei a lembrá-lo no meu texto “Não felicito Centeno“, em Dezembro de 2017,  quando afirmei: “Não, não o felicito porque por causa dele temos 3 Orçamentos de Estado às costas carregados de aumentos de impostos como consequência do seu eterno “amem” às clientelas da geringonça;  temos cativações grotescas que colocaram em risco a saúde, a educação, a segurança e o bem estar dos portugueses, e perspectivas de futuro com mais agravamentos de impostos para impedir um novo colapso das contas.”

Mas dou agora a mão à palmatória. O homem é mesmo um “grande génio”. Conseguiu o que ninguém consegue sem qualquer peso na consciência: défice zero e excedentes orçamentais só com uma brutal asfixia financeira de todas as instituições do Estado e aumento do roubo fiscal às famílias trabalhadoras deste país.

Isto não é para qualquer um. É só para gente muito corajosa ou estúpida. Quem arrisca colocar os serviços públicos de um país inteiro em falência técnica e empobrecer os portugueses que vivem dos seus parcos rendimentos só para agradar à Geringonça em quatro anos de legislatura, com o risco que daí advém para os mais vulneráveis? Só mesmo um pequeno génio fantoche à espera de uma recompensa como o “Bobby” que faz tudo o que o dono manda por um croquete ou um osso.

Só tenho pena de nós, cidadãos, não podermos seguir a mesma dica – sem irmos presos – e suspendermos todos os nossos pagamentos ao Estado, já! Quem sabe assim, provando do seu próprio veneno, a “pulhítica” acabasse de uma vez no Parlamento por falta das verbas que alimentam esta casta nojenta que nos escraviza e ainda se regozija dos “grandes feitos” contabilísticos como se fôssemos todos parvos.

Com isto podemos então tirar a conclusão de que o estado lastimável em que deixaram as escolas, os hospitais, os transportes públicos, as esquadras, a segurança nacional e muito mais, que matou e ainda mata muita gente, é mesmo de propósito por um “excedente” fictício. Bravo, Centeno! Ninguém faria pior.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 9-12-2019

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