Cristina Miranda
Caro Diogo,
Apesar de ter sido aconselhada
a ignorar o seu tendencioso artigo onde distorce
completamente o sentido das minhas palavras, pela reposição da verdade que se
impõe dada a gravidade das suas afirmações e fazendo uso do meu direito de
resposta, permita que o corrija em honra do meu bom nome:
1 - A sua análise não
foi sobre o que escrevi no meu artigo no Observador, mas sim sobre o que gostaria que eu tivesse
escrito, ou seja, uma interpretação falaciosa para causar sensação nos media à
custa das agendas na moda onde (você) se
promove. Tivesse feito uma análise séria e ficava sem material
para criticar;
2 - A sua afirmação “A
Cristina é antifeminista, logo, essencialmente é contra a igualdade de
gênero”, é falsa. Não me identificar com o feminismo de 3ª geração,
aqui investigado neste excelente documentário “Red Pill” por Cassie Jaye, uma insuspeita ativista
feminista famosa, e que conclui com factos indiscutíveis que não há
defesa de igualdade entre sexos, deita por terra a sua narrativa.
Faça o favor de o ver até ao
fim. É que da teoria bonita das definições de dicionário à prática vai
uma distância galáctica. Veja aqui também neste meu artigo “Onde estão as feministas para repor a igualdade”,
com dados da PORDATA sobre o tema. Leia;
3 - Não sou feminista,
mas fiz mais pela libertação das mulheres que aquelas que o dizem ser:
aos 16 anos fui trabalhar como operadora de empilhador numa fábrica a carregar
camiões, porque quis, e lá permaneci até aos 20.
Enfrentei um casamento pautado
por violência doméstica. Fugi desse casamento porque não me concediam o
divórcio, que há trinta anos era socialmente mal visto, a mulher rotulada de
“adúltera”, e era necessário ter motivos considerados “válidos” – adultério ou
a não consumação do casamento, por exemplo, caso contrário o marido podia
recusar-se a assinar, pois a violência psicológica não era motivo
suficiente.
Enfrentei o mundo dos homens
de negócios, que olhavam para mim como uma presa sexual, onde foi difícil
ganhar credibilidade pelo meu trabalho.
Enfrentei uma luta de sete
anos por homens juízes me terem retirado a filha, alegando “abandono do
lar” e acusando-me de ser “má esposa”.
Enfrentei relações com homens
preconceituosos, que diziam amar-me, mas eram incapazes de assumir uma mulher
divorciada e com filhos. E venci. Cada etapa. Tudo e todos.
Sozinha. Não precisei de me inscrever em movimentos de Simone de
Beauvoir para lutar pelos meus direitos como mulher e como ser humano.
Bastou a minha determinação, resiliência, teimosia, fé e muita coragem;
4 - Continuo ainda a lutar pelas mulheres, ao educar o meu filho de 13 anos no sentido de cuidar da sua roupa, do seu quarto, de lavar a loiça, cozinhar e pôr a mesa; ao ter apoiado as opções da minha filha mais velha quando, em criança, não queria usar saias nem vestidos e só pedia tartarugas ninja, jogos Nintendo, legos e computadores.
5 - O meu pai,
que era um conservador de direita, ensinou-me a conduzir empilhadores e outras
máquinas industriais, a mudar pneus, usar o berbequim, pôr um carro sem bateria
a trabalhar e resolver outros problemas mecânicos, a pregar pregos, a mudar
lâmpadas, a plantar legumes, criar galinhas, porcos, coelhos e
vacas. E vocês, progressistas, o que fizeram de parecido junto das
vossas filhas pela igualdade de género?
6 - Administrei
empresas e criei outras. Estive em quatro áreas distintas: construção civil,
segurança privada, apoio ao estudo e apoio domiciliário. Na primeira, nunca
vi uma única mulher a responder a uma vaga de emprego. Na
segunda, só respondeu uma mulher em cinco anos. Nas
restantes foram mais mulheres que homens. Quem foi que as impediu de se
candidatarem às vagas? Foi você?
E você, Diogo? Quantas
empresas criou? Quantas mulheres empregou? Quantos salários lhes pagou? O que
sabe realmente, e não a partir da “agenda feminista”, sobre essa problemática?
7 - Se é defensor da
igualdade de gêneros, por que não fez um repto (aquele que o tornou “famoso”)
aos dois sexos, homens e mulheres, para denunciarem a violência doméstica e
não apenas as mulheres? Isso é defesa da igualdade?
8 - Com 23 anos já era
independente, responsável, mãe (apesar de não ter desejado esse filho),
estudante-trabalhadora e com currículo de trabalho e de lutas pelos meus
direitos desde os 16. E você? Que currículo tinha com essa idade? Que aprendizagem
da vida já possuía sobre a luta pela igualdade?
9 - Sobre as restantes
considerações tendenciosas do seu artigo, diga-me: é mentira que se um branco
criticar o comportamento de uma minoria racial é rotulado de
xenófobo? Se um heterossexual criticar a doutrinação dos movimentos
LGBT é rotulado de homofóbico? Que a ideologia de género imposta nas escolas,
cujos manuais foram escritos por feministas (vá lá ver), promove a ideologia
LGBTQ – é só ler os manuais (vá ler) do Ministério da Educação – e
pretende a substituição da família tradicional? Que o marxismo é uma
ideologia totalitária? Que o aborto promove a irresponsabilidade? Que as drogas
ditas leves legalizadas promovem o seu consumo? Que se um nacionalista disser
que os negros escravizaram tanto quanto os brancos é acusado de racismo?
Que ser de direita e defender o controlo da entrada de migrantes sob
estatuto de refugiados é imediatamente rotulado de extremista? Não, não é. E,
conscientemente, você sabe disso.
5- O meu artigo
é apenas uma chamada de atenção à intolerância relativamente ao pensamento que
não se enquadra no politicamente correto, que é contra as narrativas vigentes
da agenda progressista – enviesadas e cheias de inverdades – e que
é atacado assim que se manifesta numa simples opinião. O artigo foi tão bem
sucedido que basta ler os comentários ao mesmo para ficar demonstrada cada
linha escrita – anônimos e figuras públicas cospem ódio, insultam, ou
simplesmente ridicularizam, por verem contrariadas AS AGENDAS PROGRESSISTAS.
Você foi um deles.
Por fim, agradeço o conselho
que deu à minha filha. Porém, não é ela que tem de me dar um abraço e
confortar-me. Sou eu que a tenho de a tranquilizar e
dizer firmemente: “Não! a tua mãe não é homofóbica, xenófoba, racista,
ditadora, extremista, e o diabo a quatro que este Diogo, Madalena Freire,
“Jovem Conservador de Direita” e tantos outros como eles pintam por aí,
para promover uma falsa liberdade, igualdade e humanismo”. A tua mãe é exatamente
aquilo que conheceste: justa, defensora dos valores que recebeu do teu
magnífico avô, humanitária, solidária, inclusiva, amiga, respeitadora e
tolerante. E que ao contrário dos “diogos” desta vida não impede os outros de
serem o que são. Dizer-lhe que a culpa não é dela por se sentir confusa.
É de quem usa o mediatismo à custa das causas na moda para confundir, distorcer
e manipular tudo o que não lhes convém. Porque falar a verdade estraga
a agenda.
Título, Imagem e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
17-2-2020
Bravo!
ResponderExcluirParabens tudo dito!
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