Em plena crise sanitária, a União Europeia
decidiu acelerar o processo de adesão da Albânia e da Macedônia do Norte. Uma ordem
de prioridades reveladora do fanatismo ideológico dos dirigentes europeus
Jordan Bardella
Bastaram poucos dias para que
a divisa europeia “Unida na diversidade” se espatifasse de novo contra o muro
da realidade. Nesta segunda-feira (30 de março), foi um avião cargueiro russo,
transportando dez milhões de máscaras cirúrgicas fabricadas na China, que
aterrou no aeroporto Paris-Vatry, no Marne.
Alguns dias antes foi a vez da
Itália implorar à China de a reabastecer de máscaras e equipamentos médicos.
Mas para aonde foi a União Europeia? Uma Europa “covarde”, “feia”, “morta”:
o veredito da imprensa italiana é unânime e sem apelo.
Porque enquanto a Europa chora
a cada noite as centenas de novas mortes, as suas instituições têm a cabeça em
outro lugar.
Nos dias 21 e 22 de março,
depois de ter recebido sinal verde de Emmanuel Macron e seus homólogos, a União
Europeia decidiu acelerar o processo de adesão da Albânia e da Macedônia do
Norte, em plena crise sanitária!
“Eu não penso que o que
está acontecendo [sobre o coronavírus] seja de natureza a modificar a
decisão dos Estados-membros”, se gabava o chefe da diplomacia europeia,
Joseph Borrell. Até onde vai a obsessão...
Sem dúvida ele estava
impaciente para fazer esquecer a humilhação recente da União, fraca e
incrivelmente dócil, depois da agressão à fronteira grega pelo neosultão
Erdogan, e o abandono ao relento da Grécia submersa e sozinha para defender as
portas da Europa.
Esta ordem de prioridades é
reveladora do fanatismo ideológico dos dirigentes europeus, incapazes de colocar
limites numa organização que eles desejam desarraigada, “aberta” e altruísta.
Longe de nos fortalecer, a União Europeia nos torna vulneráveis. Vulneráveis a todos os maus ventos da mundialização que desmantelam qualquer forma de proteção, que deslocalizam setores estratégicos – dos quais 90% da nossa produção de medicamentos.
Longe de nos fortalecer, a União Europeia nos torna vulneráveis. Vulneráveis a todos os maus ventos da mundialização que desmantelam qualquer forma de proteção, que deslocalizam setores estratégicos – dos quais 90% da nossa produção de medicamentos.
Vulneráveis por
constrangimentos orçamentários arcaicos que obrigam os Estados a cortar na
carne serviços públicos essenciais como a saúde pública, assim como a liquidar
os estoques de máscaras em tecido para economizar alguns cêntimos.
Olhando para o lado, a União
Europeia se transformou em desertora. Minimizando uma crise sanitária que o bom
senso popular pressentia grave e iminente – clamando aos estados de fechar as
fronteiras para se proteger –, a União é responsável por não assistir povos em
perigo.
Enquanto Bruxelas olha para a
Albânia e a Macedônia do Norte, as populações europeias, elas, se voltam para
as suas pátrias.
Não é o “Hino à Alegria” (hino
da UE desde 1985, NdT), mas o seu hino nacional que entoam, das suas janelas,
os italianos em estado de resiliência popular.
Não é à tecnocracia de Bruxelas
que que agradecem e aclamam toda a noite, em França, em Espanha ou em Portugal,
mas à armada de batas brancas que combate ferozmente este inimigo invisível.
Título e Texto: Jordan
Bardella, vice-presidente do partido “Rassemblement national”, Valeurs
Actuelles, nº 4249, de 2 a 8 de abril 2020
Tradução: JP, 21-4-2020
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Meu simpático amigo e amante de cães como eu (Dirnei Guedes):
ResponderExcluirSabe?, o “Brexit” lembra a eleição de Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Explico: quando as “pessoas boas” vencem as eleições, é o percurso normal e desejável, a democracia “venceu”. Quando as “pessoas más” vencem as eleições, estas são imediatamente rotuladas de populistas, fascistas, “istas” e “aquilas”.
Quando o resultado do referendo sai como prevê a “elite”, tudo bem! Festa da democracia! Povo é lindo!
Todavia, se o resultado não é o esperado, bora insultar os vencedores e os eleitores! Então, recomeça o desfilar de rótulos: populistas, fascistas, “istas” e “aquilas”.
Não se combate essa tropa com ingenuidade.
Abraço de saudades./-