Entidade diz que ainda não existem
evidências sólidas sobre efeitos
Andreia Verdélio
O Conselho Federal de Medicina
(CFM) emitiu parecer hoje (23) em que reforça o entendimento de que não existem
"evidências sólidas" da confirmação do efeito da cloroquina e a
hidroxicloroquina na prevenção e tratamento da covid-19. O presidente da
autarquia, Mauro Ribeiro, esteve hoje em reunião com o presidente Jair
Bolsonaro e, na saída, disse que ainda assim é possível a prescrição do
medicamento em situações específicas. “O que estamos fazendo é dando ao médico
brasileiro, dentro da sua autonomia profissional, o direito de utilizar a
droga, em decisão compartilhada com o paciente. É uma autorização, mas não
recomendação”, destacou o médico.
Ribeiro esteve em reunião com
o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Nelson Teich,
nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, para apresentar o parecer do
CFM e os critérios e condições para a prescrição da hidroxicloroquina em pacientes
com o novo coronavírus.
Segundo ele, a entidade é
guiada pela ciência e não há nenhum ensaio clínico ou evidência científica
forte que aponte o benefício ou sustente o uso da droga para o tratamento de
covid-19. A droga é indicada para doenças como malária, lúpus e artrite.
“No entanto, existem estudos
observacionais, que tem pouco valor científico, mas são importantes. E baseado
nisso, o CFM liberou o uso da hidroxicloroquina para os médicos brasileiros”,
disse. “Não podemos desprezar essa informação nesse momento. Diante dessa
doença devastadora a opção foi dar um pouco mais de valor ao aspecto
observacional de vários médicos sérios, que tem usado essa droga e relatado
bons resultados. Em outra situação, o CFM não liberaria o uso da droga, a não ser
em caráter experimental”, explicou.
De acordo com o médico, a
droga pode ser administrada em três situações de casos confirmados de covid-19:
para o paciente com sintomas leves, na fase inicial da doença, desde
que descartada influenza, H1N1 ou dengue; na segunda fase, com
sintomas mais severos, quando o paciente procura o
hospital; e para o paciente em situação crítica, já
entubado e internado em terapia intensiva, com lesão pulmonar e inflamação
sistêmica. Nesse último caso, o uso é compassivo, “por compaixão”, quando não
há possibilidade terapêutica.
Pesquisas
Riberio destaca que não há
indicação da cloroquina para uso preventivo e que, em todas as situações
apresentadas, deve haver autorização do paciente ou da família para o seu
uso. “É uma decisão compartilhada e o médico é obrigado a explicar para o paciente
que não existe nenhuma evidência de benefício do uso da droga e que a droga
pode também ter efeitos colaterais importantes”, disse.
A expectativa do conselho é
que em cerca de dois meses já haja algo “mais palpável” para o tratamento de
covid-19, já que, segundo Ribeiro, há mais de 500 ensaios clínicos sendo
estudados hoje por grandes cientistas em todo mundo. “E o
CFM, junto com algumas entidades médicas
e sociedades de especialidades, vamos estar atentos e
a qualquer momento podemos modificar as nossas orientações para
os médicos do Brasil”, disse.
Segundo o presidente do CFM, o
que existe hoje no mundo para o enfrentamento ao novo coronavírus,
baseado nas experiências de diversos países, é a prevenção por meio da
higienização e do afastamento social das pessoas. O médico frisou, entretanto,
que não compete ao CFM estabelecer o momento ideal de se acabar com o
afastamento social.
Protocolo
O presidente Bolsonaro vem
defendendo a possibilidade de tratamento da covid-19 com hidroxicloroquina
desde a fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir médicos, pesquisadores
e chefes de Estado. O governo federal chegou a zerar o imposto de importação
cobrado pelo medicamento.
No final de março, o
Ministério da Saúde passou a adotar a prescrição da droga para
casos graves de pacientes internados com o novo coronavírus. Entretanto, na
época, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a indicação
da hidroxicloroquina como protocolo de tratamento para covid-19 deveria partir
das entidades médicas.
Hoje, Ribeiro explicou que
compete ao CFM deliberar sobre as drogas e procedimentos para uso no Brasil. Os
protocolos clínicos de atendimento ficam a cargo das sociedades de
especialidades e da Associação Médica Brasileira.
O Parecer nº 4/2020 do CFM, sobre o uso da hidroxicloroquina
está disponível na página da entidade.
Título e Texto: Andreia Verdélio;
Edição: Narjara Carvalho – Agência
Brasil, 23-4-2020, 15h09
Conselho de Medicina libera uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 | SBT Brasil (23/04/20)
ResponderExcluirFim do Coronavirus! Tratamento é descoberto no Brasil. 22/04/20
ResponderExcluirApesar de não recomendar, CFM libera cloroquina para coronavírus; médico explica
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