Nome de Guerra: Flávia
Mendes
Onde e quando nasceu?
Nasci no Rio de Janeiro, no
dia 16 de setembro de 1959, no bairro de Copacabana na Maternidade Arnaldo de
Moraes, atualmente Hospital São Lucas (kkk) e sou "Carioca da Gema"
Por quê?! (kkk) Filha de pai e mãe cariocas. (kkk).
Onde estudou?
Estudei em diversos Colégios
no RJ: Colégio São Cornélio, Colégio Angelorum, Colégio Pedro II, Colégio
Princesa Izabel e Faculdade Estácio de Sá.
Qual a faculdade que
cursou?
Cursei Comunicação Social na
Universidade Estácio de Sá. (UESA)
Onde passou a infância e
juventude?
Passei a minha infância e
juventude no Rio de Janeiro/capital.
Qual (ou quais)
acontecimento marcou a sua infância e juventude?
No âmbito familiar a minha
infância foi normal sem nenhum acontecimento relevante;
Na juventude, perdi meu Pai
aos quinze anos. Ele trabalhava na
aviação como ROV-Rádio Operador de Voo, na Panair e na Vasp. Acho que por isso
fui contaminada com o #AEROcoccus (kkk), desencadeando o meu interesse no
ingresso na aviação comercial.
Quando começou a trabalhar?
Comecei a trabalhar durante o
primeiro ano de Faculdade, na empresa para Mitsui Brasileira Importação e
Exportação Ltda. – a predecessora da Mitsui & Co. (Brasil) S.A – em 1977,
como Secretária do Departamento Petroquímico, onde fiquei até fim de agosto 1978.
E foi nesse mês de agosto
de 1978 que viu o anúncio da Varig no Jornal do Brasil? 😉
Não, de modo algum.
Ao longo do ano vinha
acompanhando a abertura de vagas para a Cruzeiro do Sul, telefonava sempre para
saber... No fim de julho fui informada que estavam abertas as inscrições para
Comissários de Voo e fui me inscrever na avenida Rio Branco, no prédio Bozanno
& Simonsen.
Em agosto fui chamada para uma
entrevista e uma dinâmica de grupo, fui bem-sucedida e selecionada para as
demais etapas, daí, para não comprometer a assiduidade, resolvi pedir demissão
de minha empresa.
Em 23 de outubro de 1978 fui
admitida na Cruzeiro do Sul, sob a Chefia de Dona Dinorah, e iniciei o curso de
Comissários de Voo ministrado pela Varig sob a direção de Dona. Alice Klausz.
Objetivando o voo
internacional, renunciei aos itens elencados, fui aprovada na aferição do
idioma e fiz parte da primeira turma da SC que passou para a Varig, com
admissão em 1 de setembro de 1981. Fiquei durante 5 anos na rota nacional da
Varig (RAN), aguardando vaga pela nova matrícula, para a rota internacional
(RAI).
Foram tempos bem difíceis
porque a Base Rio só fazia as conexões dos voos internacionais, portanto não
havia (hora extra), somente o salário (por ora, rebaixado) e quase nenhuma
diária, tendo em vista, as conexões dos voos internacionais serem pela manhã, com
uma ou outra conexão noturna fusionada, otimizando a operação no Rio de
Janeiro.
Posso dizer que fui tenaz e
perseverante na conquista do meu objetivo.
Lembra do seu primeiro voo
na RG?
Por incrível que pareça, na RG
não me lembro. Foi uma conexão pela manhã, com certeza. (kkk)
Então em 1986 você vai para
a RAI. Qual o equipamento?
Era o DC-10.
Como ocupava o tempo nos
pernoites?
Nos pernoites fazia de tudo um
pouco: descansava, aproveitava para pôr a leitura em dia. Dependendo do local
ia às compras, fiz muitos passeios bacanas e inesquecíveis, algumas vezes usava
o tempo livre para cuidar do corpo<>aparência, saía para jantar com a
tripulação, enfim, atividades de toda a ordem ... não havia desperdício de tempo.
Qual (quais) que mais
gostava?
Os pernoites na América eram
muito rápidos, tínhamos os lugares preferidos onde todo mundo ia... seja para o
café da manhã, para as compras e para os jantares... nesses, o descanso era
quase impossível.
A América me fascina pela
praticidade e pelo desenvolvimento. "TUDO" funciona. Eu AMO a América!
Os pernoites na Europa, sim,
alguns bem longos, propiciavam uma variedade de atividades. Gostava de todos.
Cada pernoite tinha um atrativo diferente.
Na verdade, penso que a
predileção era de acordo com a "necessidade" em épocas da minha
vida...
Com filho pequeno, os
pernoites longos eram terríveis, excetuando o período das férias escolares;
os pernoites na Europa, tendo
em vista a malha aérea, eram sempre longos e geravam mais economia das nossas
diárias... eram bons sob esse ponto de vista;
contudo, algumas vezes me
traziam um pouco de tristeza por estar longe da Família.
Enfim... é difícil escolher.
Em termos de cidades
acolhedoras e civilidade, adorava os pernoites de Copenhagen e Frankfurt.
Passou por algum perrengue
na sua vida profissional?
Sim.
- Alguns voos complicados com
óbitos de pax;
- Terremoto no Chile;
- Nevasca em NY;
- Duas denúncias-falsas de
bomba a bordo;
- Terrorismo de 11 de setembro
2001, inativa em Frankfurt;
- Fui promovida a Supervisora
de Cabine (de fato) e fiquei uns três anos aguardando a posse (de
direito) por conta da "crise" que já se avizinhava.
Em 2005 fui promovida a Chefe
de Equipe, e vivi os piores momentos da minha vida na Aviação, com
os aviões canibalizados para poderem decolar, não havia insumos básicos para os
passageiros, poltronas quebradas, materiais de toda a ordem avariados sem
substituição... Me apresentava às inúmeras chamadas dos passageiros,
ouvia as suas reclamações (todas pertinentes), muitos impropérios e
insultos e não tinha absolutamente nenhuma margem de mitigação, pois vivíamos
uma situação caótica. Foram meses de muita intranquilidade.
- Em 2006 restou-me
(nos) a GRANDE INDIGNIDADE sofrida, com a Demissão por um telegrama sem o
pagamento dos Direitos Trabalhistas;
- E o trágico fim da Empresa
que era como a "Embaixada do Brasil" no mundo, através de seus
aviões.
A quê e/ou a quem atribui
as causas dessa ‘indignidade’?
Já me fiz essa pergunta por
muitas vezes e concluí que foram inúmeras as causas e os causadores.
Numa visão
"conceitual" atribuiria:
· a gestão
irresponsável da Fundação Rubem Berta;
A
despeito de todas as denúncias de irregularidades amplamente divulgadas à
época.
· ao compadrio do governo
petista, no firme propósito de LIQUIDAR a empresa para dividir o seu
patrimônio;
Haja
vista, o que ocorreu com os SLOTS e com tudo que a marca VARIG trouxe de lucros
aos “adquirentes”, arrematada em
conchavo, "num trem da alegria”, na "bacia das
almas".
· a leniência do judiciário
brasileiro;
Todos os expoentes da magistratura trabalhista se calaram diante do
ENGODO que foi a Recuperação Judicial da Varig.
Numa visão “empírica”
atribuiria:
· à DESUNIÃO do grupo
Varig que sempre foi dividido;
Havia um certo preciosismo
dos grupos diretivos, segmentados em diversos subgrupos:
administrativo e operacional {pessoal de terra, pessoal
de voo (técnicos e de cabine)}, cujos interesses se sobrepunham à
visão corporativa, o que redundou no enfraquecimento do poder de negociação e
na incapacidade de enfrentamento, o que foi flagrante, no indigno
desfecho.
Compreendo.
Depois desse fatídico
agosto de 2006 você abraçou outra atividade?
Sim.
Atuei durante um ano no Hotel
Pestana Rio como Guest Support, num projeto-piloto, em interface aos
Setores de Hospedagem e A&B, objetivando um Atendimento diferenciado ao
Hóspede fidelizado sob a direção do Gerente Geral à época, Sr. Gláucio
Olchenski.
Depois trabalhei na empresa IGT
Alimentos, franqueada de algumas lojas da Casa do Pão de Queijo, num projeto de
gerenciamento das (3) lojas da Casa de Pão de Queijo no Aeroporto Tom Jobim;
Por último, trabalhei durante
nove anos no gerenciamento comercial de uma empresa familiar, na área da
indústria de bijuterias em Teresópolis, e no momento estou afastada do mercado
de trabalho.
Está
confinada? 😉
Sim.
Não moro mais no Novo Leblon,
moro no Recreio e estamos evitando sair à rua.
Na semana passada fui ao
supermercado, ontem fomos tomar vacina em modo (drive thru) e amanhã meu marido
tem médico, e o acompanharei, pois ele não está dirigindo, está convalescente
de uma artroplastia total do quadril.
Mas, vida que segue... Estou muito impactada e preocupada com tantas
mortes (súbitas) no mundo.
Não quero nem pensar na ameaça
de hecatombe do continente africano.
Adotando
uma visão espiritualista, entendo que essa #PESTE imporá um freio de arrumação
nos Valores Humanos perdidos.
O #Universo nos fará
redescobrir o Valor da Vida e o Amor ao Próximo, tão esquecidos em nossa
Contemporaneidade.
É isso. Que ano triste!
Você morou no Novo Leblon?!
Em que prédio ou em que rua?
E eu, no Moretto, depois no
Pisano, de 1982 a 2007. 😉
Caramba! Que coincidência! Não
sabia. A Tâmara nunca me falou.
Você voltou em definitivo para
Portugal ou deixou alguma "raiz" ainda por aqui?! (kkk)
Você tem contato com pessoas
da RG que vivem por aí?! Você ainda está trabalhando ou além de ter pendurado
as "asas" também pendurou as "chuteiras"?! 😊😊
O que faz por aí, além de
desfrutar dessa terra linda?!
Haverá a postagem reversa e
#vou te entrevistar. 😊😊
A propósito, você já foi
entrevistado para o CAOQUEFUMA?! Posso utilizar as minhas técnicas da
faculdade e entrevistá-lo. 😊 😊
Flavinha, sim, deixei uma
forte raiz no Rio: meu filho caçula. E meu endereço oficial ainda é no Rio.
Tenho pouco, ou nenhum
contacto, com ex-RG que vivem por aqui. Agora, mais difícil ainda!
Sim pendurei as “asas”. As
“chuteiras”, não, porque nunca as tive, mesmo quando eu era o dono da bola... 😉
Meu tempo é todo preenchido (até demais, em detrimento da leitura e do cinema – em casa) com a arrumação do blogue, ou melhor, da revista virtual, que poucos acreditam ser teúda e manteúda por um véio só... Well 😉
Voltando ao Novo Leblon,
como está o Rio de Janeiro?
Que bacana! Um filho caçula é
para se reenergizar. O meu neném já está com 34 aninhos.
Quando falei das chuteiras, é
o termo mais usual quando ainda estamos "em campo". kkk
Que maravilha! Está producente
e ocupado. Isso, é o que nos traz vida!
É um círculo virtuoso,
manifestar-se em algum modal de comunicação, (no seu caso em mídia escrita)
compilar informações, provocar reflexão e produzir conteúdo útil às pessoas em
tempos tão difíceis. Você é obrigado a se atualizar e a estar up to date
com o mundo.
Quanto ao Novo Leblon,
continua tudo na mesma, (adoro aquele condomínio) e o Rio está bem caído. Essa
prefeitura é um desastre sob "todos" os pontos de vista... Ruas
sujas, pavimentação péssima, ônibus em péssimo estado de conservação, buracos por
toda a parte e tudo "na mesma", como você deve saber... enfim... Tá
#hard!
E o Brasil, antes da
pandemia, estava indo em frente ou recuando?
Estava indo em frente.
Havia até um certo entusiasmo
do mercado imobiliário, o qual, vinha acompanhando.
Creio que teremos muitos anos
de dificuldades de toda a ordem.
A economia está nocauteada no
mundo inteiro.
Os empresários não têm como
manter os empregos, tampouco há algum referencial ou parâmetro comparativo,
seja do tempo de duração da pandemia ou do grau de endividamento das
organizações.
Se a incerteza já trazia a
flutuação<>instabilidade do mercado, imaginemos agora!
Estou bem apreensiva com a
situação do mundo e com a do Brasil.
Teremos mais gerações perdidas
pela deseducação e pela falta de perspectivas. Uma lástima.
Nossa, tá bem pessimista!
Logo você que trabalhava sempre de bom humor!?
Continuo bem humorada. Aliás,
acho que o bom humor é uma ferramenta imprescindível para superarmos as
dificuldades do dia a dia. Mas, realmente vislumbro tempos muito difíceis para
o Brasil.
Fico imaginando o que teremos
nessa pós-tragédia econômica com a condição de deseducação e despreparo da mão
de obra brasileira.
Não me tornei amargurada,
absolutamente, mas estou sabendo de empresários que estão antevendo o colapso
econômico em muitos segmentos, num cenário muito preocupante
Pois é, mais que
preocupante é desesperante. Por essas e outras, sou favorável ao isolamento
horizontal...
Como vai indo o seu marido
da artroplastia?
Está indo bem.
Muito Obrigada por sua
lembrança!
Está fazendo fisioterapia com
carga para reativar a musculatura de sustentação do quadril e das pernas, e em
breve retomará todas as atividades habituais.
Uma pergunta que não foi
feita?
Acho que já falei bastante...
A derradeira mensagem:
Uma mensagem bem bacana que
gostaria de deixar, é uma frase de Cecília Meirelles, bem oportuna para todos
nós, e que se encaixa perfeitamente nas angústias comportamentais de nossa
Contemporaneidade.
Ponto de Partida
Cecília Meireles
Dai-me Senhor, a perseverança
das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo
avanço.
Minha Gratidão à Você:
Prezado Jim Pereira,
despeço-me, manifestando a minha grande estima por Você e os meus sinceros
agradecimentos pela delicadeza do convite.
Desejo-lhe muita saúde,
sucesso em seu trabalho e que a Alegria de Viver seja a marca registrada de sua
Jornada.
Um AbÇÃO festivo e saudoso
para Você.
Flávia Mendes
Castanhola.
Conversas anteriores:
Flavinha
ResponderExcluirQue prazer e saudade em ter estado com vc por breves minutos ao ler essa sua reportagem ao Cão.
Sempre gostei muito de vc como colega e pessoa. Felicidades
Um grande abraço
José Manuel
Oi, Jim!
ExcluirTudo bem?!
Desejo que sim...
Escrevi uma resposta para o José Manuel e "enviei"... daí, o google pediu o meu login...
fiz o login, mas quando vi, não aparecia a mensagem...
Não tinha copiado, daí, achei que tinha perdido o conteúdo;
Redigi outra (não me lembrava do que tinha escrito) kkk , cliquei ,e novamente sumiu...
dessa vez copiei e colei e nada... kkkk
Enfim... Fiquei pensando o Jim, é que deve autorizar a postagem...
Mas resolvi lhe comunicar, e desculpar-me se aparecer três respostas minhas ao Jose Manuel,
foi culpa do Google. kkk
Obgda.
Abraços.
Flavia.
Parabéns à Flavia pela brilhante entrevista . Penso como você:
ResponderExcluirA pandemia do coronavírus está mudando o comportamento das pessoas no globo terrestre ; o mundo não será o mesmo depois que ela passar. E vai passar. Os únicos na Terra que estão a salvo do coronavírus são os esquimós , pois já vivem permanentemente em lockdown !
Neste período conturbado, o sentimento de solidariedade e compaixão tem aflorado bastante entre nós humanos, especialmente entre os mais humildades.
Gostaria de destacar um trecho da sua entrevista:
" ... DESUNIÃO do grupo Varig que sempre foi dividido;
Havia um certo preciosismo dos grupos diretivos, segmentados em diversos subgrupos: administrativo e operacional {pessoal de terra, pessoal de voo (técnicos e de cabine)".
Sempre enfatizei essa premissa, pois a falta de união entre empregados de uma mesma empresa , recebendo contra-cheques da mesma fonte pagadora, deveriam lutar em comum acordo, em conjunto a bem de mante a mega-organização funcionando e produtiva. Vedetismo e vaidade pessoal de muitos, quer de terra quer do ar,propiciavam uma cisão no clima familiar da companhia , tanto tanto preconizava o líder Rubem Berta.Uns se achavam mais bonitos, charmosos , elegantes e imprescindíveis do que outros. A empresa faliu. Hoje, se um ex-comandante de 747 , um ex-gerente de vendas e um ex-funcionário do setor de cargas se esbarrarem em uma banca de jornal num domingo , todos de bermuda e camiseta regata, estarão nivelados no mesmo patamar da aposentadoria; talvez a única diferença seja o saldo na conta bancária.
Siga seus caminhos com força, fé, determinação e simpatia, Flávia Mendes.
Dentro de pouco tempo , tudo isto que estamos vivendo será passado. Tomara que fique um bom aprendizado para que não nos tornemos alunos repetentes quando do eventual regresso e resgate nesta plataforma.
Forte abraço ;
Sidnei Silva
Assistido Varig /Aerus
Rio de janeiro- RJ
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