quinta-feira, 16 de abril de 2020

[O cão tabagista conversou com...] Flávia Mendes: “Adotando uma visão espiritualista, entendo que essa #PESTE imporá um freio de arrumação nos Valores Humanos perdidos.”

 Nome completo: Flávia Mendes Castanhola

Nome de Guerra: Flávia Mendes

Onde e quando nasceu?
Nasci no Rio de Janeiro, no dia 16 de setembro de 1959, no bairro de Copacabana na Maternidade Arnaldo de Moraes, atualmente Hospital São Lucas (kkk) e sou "Carioca da Gema" Por quê?! (kkk) Filha de pai e mãe cariocas. (kkk).

Onde estudou?
Estudei em diversos Colégios no RJ: Colégio São Cornélio, Colégio Angelorum, Colégio Pedro II, Colégio Princesa Izabel e Faculdade Estácio de Sá.

Qual a faculdade que cursou?
Cursei Comunicação Social na Universidade Estácio de Sá. (UESA)

Onde passou a infância e juventude?
Passei a minha infância e juventude no Rio de Janeiro/capital.

Qual (ou quais) acontecimento marcou a sua infância e juventude?
No âmbito familiar a minha infância foi normal sem nenhum acontecimento relevante;
Na juventude, perdi meu Pai aos quinze anos.  Ele trabalhava na aviação como ROV-Rádio Operador de Voo, na Panair e na Vasp. Acho que por isso fui contaminada com o #AEROcoccus (kkk), desencadeando o meu interesse no ingresso na aviação comercial.

Quando começou a trabalhar?
Comecei a trabalhar durante o primeiro ano de Faculdade, na empresa para Mitsui Brasileira Importação e Exportação Ltda. – a predecessora da Mitsui & Co. (Brasil) S.A – em 1977, como Secretária do Departamento Petroquímico, onde fiquei até fim de agosto 1978.

E foi nesse mês de agosto de 1978 que viu o anúncio da Varig no Jornal do Brasil? 😉
Não, de modo algum.

Ao longo do ano vinha acompanhando a abertura de vagas para a Cruzeiro do Sul, telefonava sempre para saber... No fim de julho fui informada que estavam abertas as inscrições para Comissários de Voo e fui me inscrever na avenida Rio Branco, no prédio Bozanno & Simonsen.

Em agosto fui chamada para uma entrevista e uma dinâmica de grupo, fui bem-sucedida e selecionada para as demais etapas, daí, para não comprometer a assiduidade, resolvi pedir demissão de minha empresa.

Em 23 de outubro de 1978 fui admitida na Cruzeiro do Sul, sob a Chefia de Dona Dinorah, e iniciei o curso de Comissários de Voo ministrado pela Varig sob a direção de Dona. Alice Klausz.  


No segundo semestre de 1981, houve uma reunião com o Diretor de Serviço de Bordo da Varig, senhor Sérgio Prates em que ele mencionara que os Comissários da Cruzeiro do Sul que obtivessem aprovação no idioma inglês (que seria aferido pelo entrevistador da RG) e quisessem se transferir para a Varig, poderiam, renunciando à senioridade e ao salário vigente; doravante, entraríamos no fim da fila na RG, com nova matrícula e um salário de iniciante.

Objetivando o voo internacional, renunciei aos itens elencados, fui aprovada na aferição do idioma e fiz parte da primeira turma da SC que passou para a Varig, com admissão em 1 de setembro de 1981. Fiquei durante 5 anos na rota nacional da Varig (RAN), aguardando vaga pela nova matrícula, para a rota internacional (RAI).

Foram tempos bem difíceis porque a Base Rio só fazia as conexões dos voos internacionais, portanto não havia (hora extra), somente o salário (por ora, rebaixado) e quase nenhuma diária, tendo em vista, as conexões dos voos internacionais serem pela manhã, com uma ou outra conexão noturna fusionada, otimizando a operação no Rio de Janeiro. 

Posso dizer que fui tenaz e perseverante na conquista do meu objetivo.

Lembra do seu primeiro voo na RG?
Por incrível que pareça, na RG não me lembro. Foi uma conexão pela manhã, com certeza. (kkk)

Então em 1986 você vai para a RAI. Qual o equipamento?
Era o DC-10.


Como ocupava o tempo nos pernoites?
Nos pernoites fazia de tudo um pouco: descansava, aproveitava para pôr a leitura em dia. Dependendo do local ia às compras, fiz muitos passeios bacanas e inesquecíveis, algumas vezes usava o tempo livre para cuidar do corpo<>aparência, saía para jantar com a tripulação, enfim, atividades de toda a ordem ...  não havia desperdício de tempo.

Qual (quais) que mais gostava?  
Os pernoites na América eram muito rápidos, tínhamos os lugares preferidos onde todo mundo ia... seja para o café da manhã, para as compras e para os jantares... nesses, o descanso era quase impossível.

A América me fascina pela praticidade e pelo desenvolvimento. "TUDO" funciona.  Eu AMO a América!

Os pernoites na Europa, sim, alguns bem longos, propiciavam uma variedade de atividades. Gostava de todos. Cada pernoite tinha um atrativo diferente.

Na verdade, penso que a predileção era de acordo com a "necessidade" em épocas da minha vida... 

Com filho pequeno, os pernoites longos eram terríveis, excetuando o período das férias escolares;

os pernoites na Europa, tendo em vista a malha aérea, eram sempre longos e geravam mais economia das nossas diárias... eram bons sob esse ponto de vista;

contudo, algumas vezes me traziam um pouco de tristeza por estar longe da Família.

Enfim... é difícil escolher.

Em termos de cidades acolhedoras e civilidade, adorava os pernoites de Copenhagen e Frankfurt.

Passou por algum perrengue na sua vida profissional?
Sim. 
- Alguns voos complicados com óbitos de pax;
- Terremoto no Chile;
- Nevasca em NY;
- Duas denúncias-falsas de bomba a bordo;
- Terrorismo de 11 de setembro 2001, inativa em Frankfurt; 
- Fui promovida a Supervisora de Cabine (de fato) e fiquei uns três anos aguardando a posse (de direito) por conta da "crise" que já se avizinhava.

Em 2005 fui promovida a Chefe de Equipe, e vivi os piores momentos da minha vida na Aviação, com os aviões canibalizados para poderem decolar, não havia insumos básicos para os passageiros, poltronas quebradas, materiais de toda a ordem avariados sem substituição...  Me apresentava às inúmeras chamadas dos passageiros, ouvia as suas reclamações (todas pertinentes), muitos impropérios e insultos e não tinha absolutamente nenhuma margem de mitigação, pois vivíamos uma situação caótica.   Foram meses de muita intranquilidade.

- Em 2006 restou-me (nos) a GRANDE INDIGNIDADE sofrida, com a Demissão por um telegrama sem o pagamento dos Direitos Trabalhistas; 
- E o trágico fim da Empresa que era como a "Embaixada do Brasil" no mundo, através de seus aviões.


A quê e/ou a quem atribui as causas dessa ‘indignidade’?
Já me fiz essa pergunta por muitas vezes e concluí que foram inúmeras as causas e os causadores.

Numa visão "conceitual" atribuiria:
· a gestão irresponsável da Fundação Rubem Berta;
   A despeito de todas as denúncias de irregularidades amplamente divulgadas à época.

· ao compadrio do governo petista, no firme propósito de LIQUIDAR a empresa para dividir o seu patrimônio;
 Haja vista, o que ocorreu com os SLOTS e com tudo que a marca VARIG trouxe de lucros aos “adquirentes”, arrematada em              conchavo, "num trem da alegria”, na "bacia das almas".

· a leniência do judiciário brasileiro; 
 Todos os expoentes da magistratura trabalhista se calaram diante do ENGODO que foi a Recuperação Judicial da Varig.

Numa visão “empírica” atribuiria:
 · à DESUNIÃO do grupo Varig que sempre foi dividido;
 Havia um certo preciosismo dos grupos diretivos, segmentados em diversos  subgrupos:  administrativo  e operacional  {pessoal de terra,  pessoal de voo  (técnicos e de cabine)},  cujos interesses se sobrepunham à visão corporativa, o que redundou no enfraquecimento do poder de negociação e na incapacidade de enfrentamento, o que foi  flagrante,  no indigno desfecho.  

Compreendo.
Depois desse fatídico agosto de 2006 você abraçou outra atividade?
Sim.
Atuei durante um ano no Hotel Pestana Rio como Guest Support, num projeto-piloto, em interface aos Setores de Hospedagem e A&B, objetivando um Atendimento diferenciado ao Hóspede fidelizado sob a direção do Gerente Geral à época, Sr. Gláucio Olchenski. 

Depois trabalhei na empresa IGT Alimentos, franqueada de algumas lojas da Casa do Pão de Queijo, num projeto de gerenciamento das (3) lojas da Casa de Pão de Queijo no Aeroporto Tom Jobim;

Por último, trabalhei durante nove anos no gerenciamento comercial de uma empresa familiar, na área da indústria de bijuterias em Teresópolis, e no momento estou afastada do mercado de trabalho. 

Está confinada? 😉

Sim.
Não moro mais no Novo Leblon, moro no Recreio e estamos evitando sair à rua.
Na semana passada fui ao supermercado, ontem fomos tomar vacina em modo (drive thru) e amanhã meu marido tem médico, e o acompanharei, pois ele não está dirigindo, está convalescente de uma artroplastia total do quadril.

Mas, vida que segue...  Estou muito impactada e preocupada com tantas mortes (súbitas) no mundo.
Não quero nem pensar na ameaça de hecatombe do continente africano.  

Adotando uma visão espiritualista, entendo que essa #PESTE imporá um freio de arrumação nos Valores Humanos perdidos.

O #Universo nos fará redescobrir o Valor da Vida e o Amor ao Próximo, tão esquecidos em nossa Contemporaneidade.
É isso. Que ano triste!

Você morou no Novo Leblon?! Em que prédio ou em que rua?
Sim. Morei no Lucca Della Robbia, na Fala Amendoeira. Era vizinha da Tâmara.


E eu, no Moretto, depois no Pisano, de 1982 a 2007. 😉
Caramba! Que coincidência! Não sabia. A Tâmara nunca me falou. 

Você voltou em definitivo para Portugal ou deixou alguma "raiz" ainda por aqui?! (kkk)

Você tem contato com pessoas da RG que vivem por aí?! Você ainda está trabalhando ou além de ter pendurado as "asas" também pendurou as "chuteiras"?! 😊😊

O que faz por aí, além de desfrutar dessa terra linda?!

Haverá a postagem reversa e #vou te entrevistar. 😊😊

A propósito, você já foi entrevistado para o CAOQUEFUMA?!  Posso utilizar as minhas técnicas da faculdade e entrevistá-lo. 😊 😊

Flavinha, sim, deixei uma forte raiz no Rio: meu filho caçula. E meu endereço oficial ainda é no Rio.

Tenho pouco, ou nenhum contacto, com ex-RG que vivem por aqui. Agora, mais difícil ainda!

Sim pendurei as “asas”. As “chuteiras”, não, porque nunca as tive, mesmo quando eu era o dono da bola... 😉

Meu tempo é todo preenchido (até demais, em detrimento da leitura e do cinema – em casa) com a arrumação do blogue, ou melhor, da revista virtual, que poucos acreditam ser teúda e manteúda por um véio só... Well 😉

Voltando ao Novo Leblon, como está o Rio de Janeiro?
Que bacana! Um filho caçula é para se reenergizar. O meu neném já está com 34 aninhos.
Quando falei das chuteiras, é o termo mais usual quando ainda estamos "em campo". kkk
Que maravilha! Está producente e ocupado. Isso, é o que nos traz vida!

É um círculo virtuoso, manifestar-se em algum modal de comunicação, (no seu caso em mídia escrita) compilar informações, provocar reflexão e produzir conteúdo útil às pessoas em tempos tão difíceis. Você é obrigado a se atualizar e a estar up to date com o mundo.

Quanto ao Novo Leblon, continua tudo na mesma, (adoro aquele condomínio) e o Rio está bem caído. Essa prefeitura é um desastre sob "todos" os pontos de vista... Ruas sujas, pavimentação péssima, ônibus em péssimo estado de conservação, buracos por toda a parte e tudo "na mesma", como você deve saber... enfim... Tá #hard!

E o Brasil, antes da pandemia, estava indo em frente ou recuando?
Estava indo em frente.
Havia até um certo entusiasmo do mercado imobiliário, o qual, vinha acompanhando.
Creio que teremos muitos anos de dificuldades de toda a ordem.
A economia está nocauteada no mundo inteiro. 
Os empresários não têm como manter os empregos, tampouco há algum referencial ou parâmetro comparativo, seja do tempo de duração da pandemia ou do grau de endividamento das organizações.

Se a incerteza já trazia a flutuação<>instabilidade do mercado, imaginemos agora!

Estou bem apreensiva com a situação do mundo e com a do Brasil.

Teremos mais gerações perdidas pela deseducação e pela falta de perspectivas. Uma lástima.

Nossa, tá bem pessimista! Logo você que trabalhava sempre de bom humor!?
Continuo bem humorada. Aliás, acho que o bom humor é uma ferramenta imprescindível para superarmos as dificuldades do dia a dia. Mas, realmente vislumbro tempos muito difíceis para o Brasil.

Fico imaginando o que teremos nessa pós-tragédia econômica com a condição de deseducação e despreparo da mão de obra brasileira.

Não me tornei amargurada, absolutamente, mas estou sabendo de empresários que estão antevendo o colapso econômico em muitos segmentos, num cenário muito preocupante

Pois é, mais que preocupante é desesperante. Por essas e outras, sou favorável ao isolamento horizontal...

Como vai indo o seu marido da artroplastia?
Está indo bem.
Muito Obrigada por sua lembrança!
Está fazendo fisioterapia com carga para reativar a musculatura de sustentação do quadril e das pernas, e em breve retomará todas as atividades habituais.

Uma pergunta que não foi feita?
Acho que já falei bastante...

A derradeira mensagem:
Uma mensagem bem bacana que gostaria de deixar, é uma frase de Cecília Meirelles, bem oportuna para todos nós, e que se encaixa perfeitamente nas angústias comportamentais de nossa Contemporaneidade.

Ponto de Partida
Cecília Meireles
Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço.

Minha Gratidão à Você:
Prezado Jim Pereira, despeço-me, manifestando a minha grande estima por Você e os meus sinceros agradecimentos pela delicadeza do convite.

Desejo-lhe muita saúde, sucesso em seu trabalho e que a Alegria de Viver seja a marca registrada de sua Jornada.  

Um AbÇÃO festivo e saudoso para Você.
Flávia Mendes Castanhola.

15 de abril de 2020
Obrigado, Flávia!

Conversas anteriores:

3 comentários:

  1. Flavinha
    Que prazer e saudade em ter estado com vc por breves minutos ao ler essa sua reportagem ao Cão.
    Sempre gostei muito de vc como colega e pessoa. Felicidades
    Um grande abraço
    José Manuel

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Jim!
      Tudo bem?!
      Desejo que sim...

      Escrevi uma resposta para o José Manuel e "enviei"... daí, o google pediu o meu login...
      fiz o login, mas quando vi, não aparecia a mensagem...
      Não tinha copiado, daí, achei que tinha perdido o conteúdo;

      Redigi outra (não me lembrava do que tinha escrito) kkk , cliquei ,e novamente sumiu...
      dessa vez copiei e colei e nada... kkkk

      Enfim... Fiquei pensando o Jim, é que deve autorizar a postagem...

      Mas resolvi lhe comunicar, e desculpar-me se aparecer três respostas minhas ao Jose Manuel,
      foi culpa do Google. kkk

      Obgda.
      Abraços.
      Flavia.

      Excluir
  2. Parabéns à Flavia pela brilhante entrevista . Penso como você:
    A pandemia do coronavírus está mudando o comportamento das pessoas no globo terrestre ; o mundo não será o mesmo depois que ela passar. E vai passar. Os únicos na Terra que estão a salvo do coronavírus são os esquimós , pois já vivem permanentemente em lockdown !
    Neste período conturbado, o sentimento de solidariedade e compaixão tem aflorado bastante entre nós humanos, especialmente entre os mais humildades.
    Gostaria de destacar um trecho da sua entrevista:

    " ... DESUNIÃO do grupo Varig que sempre foi dividido;
    Havia um certo preciosismo dos grupos diretivos, segmentados em diversos subgrupos: administrativo e operacional {pessoal de terra, pessoal de voo (técnicos e de cabine)".
    Sempre enfatizei essa premissa, pois a falta de união entre empregados de uma mesma empresa , recebendo contra-cheques da mesma fonte pagadora, deveriam lutar em comum acordo, em conjunto a bem de mante a mega-organização funcionando e produtiva. Vedetismo e vaidade pessoal de muitos, quer de terra quer do ar,propiciavam uma cisão no clima familiar da companhia , tanto tanto preconizava o líder Rubem Berta.Uns se achavam mais bonitos, charmosos , elegantes e imprescindíveis do que outros. A empresa faliu. Hoje, se um ex-comandante de 747 , um ex-gerente de vendas e um ex-funcionário do setor de cargas se esbarrarem em uma banca de jornal num domingo , todos de bermuda e camiseta regata, estarão nivelados no mesmo patamar da aposentadoria; talvez a única diferença seja o saldo na conta bancária.
    Siga seus caminhos com força, fé, determinação e simpatia, Flávia Mendes.
    Dentro de pouco tempo , tudo isto que estamos vivendo será passado. Tomara que fique um bom aprendizado para que não nos tornemos alunos repetentes quando do eventual regresso e resgate nesta plataforma.
    Forte abraço ;

    Sidnei Silva
    Assistido Varig /Aerus
    Rio de janeiro- RJ
    GIGKK

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