domingo, 7 de junho de 2020

O calcanhar da Democracia

Os problemas começam porque a maioria das pessoas não precisa do que a Democracia garante, a Liberdade – precisa de um certo desafogo, de um SNS e de segurança.

Um ensaio de Maria de Fátima Bonifácio

Sobre os escombros espirituais e materiais da II Grande Guerra, ergueu-se ou, melhor dizendo, reergueu-se a Democracia. Graças ao Plano Marshall, os EUA estenderam-nos a mão de que precisávamos para recuperar uma Europa devastada e falida. Com a avalanche dos dólares, e com a memória fresca da brutalidade da guerra e da selvajaria dos regimes totalitários – fascistas, nazis ou comunistas –, os governos europeus e as sociedades europeias estabeleceram um consenso sobre as prioridades: remover os escombros, reedificar os países, difundir a Democracia e o mercado livre, mas guiado pela mão bem visível do Estado Social. Tudo, ou o principal, correu bem.

Em maio de 1968, uma geração mimada e irresponsável, que não conhecera as agruras da guerra e crescera num ambiente de abundância, exigia não apenas o que seria razoável, mas também que houvesse praias sob o pavimento das avenidas parisienses. A vida era ou parecia fácil. Porém, a crise petrolífera de 1973 veio por água na fervura. Afinal, a abastança não caía do céu; era preciso trabalhar e suportar privações. A partir daí, nenhuma Democracia se pôde dar ao luxo de nos presentear com a possibilidade de não pensar no presente nem acautelar o futuro. Nós, geração de 68, acolhemos esta nova realidade com mau humor. Mas, a muito custo, e muito contrariados, lá nos resignámos à ideia de que não existem almoços grátis. Porém, desde 1973, a Democracia esteve intermitentemente debaixo de fogo. A partir dos anos noventa, falava-se regularmente em crise da Democracia. A tendência não se alterou com a entrada no século XXI, pelo contrário.

A Democracia não oferece nenhum alimento espiritual. É um mero mecanismo de seleção e recrutamento dos governantes e das elites políticas, legitimados pelo voto universal. Em contrapartida, oferece um bem único e precioso: Liberdade. Mas aqui começam os problemas: a grande maioria das pessoas não precisa de Liberdade – precisa de um certo desafogo, de um SNS e de segurança.

9 comentários:

  1. Perdoa-me o contraponto.
    A DEMOCRACIA NÃO OFERECE A LIBERDADE, isso é uma paradigma a ser enfrentado.
    LIBERDADE PARA SER LIBERDADE, É SEMPRE A DO OUTRO.
    NÃO EXISTE LIBERDADE EM REGIMES DE PARTIDO ÚNICO.
    O pluripartidarismo sempre se resume a duas premissas, uma conservadora e outra liberal.
    Os de centro que eu os chamo de sujeitos que mijam em cima do muro, aliás mijadores em malgaxe é sofredores, sempre tendem contra o poder para aliciar cargos em regimes de coalizão.
    A liberdade que procuramos, que perdura, funda-se na realidade da justiça inteligente, na maturidade, na fraternidade e na isonomia de direitos e deveres.

    Esse pensamento de fazer o que quer sem críticas e leis é falsa liberdade do anarquismo.

    Mesmo na democracia não temos o direito completo de ir e vir somos controlados por identidades e passaportes.
    Enquanto tivermos seletividade na defesa da liberdade de expressão, a liberdade morre na maior capacidade das TVs e mídia escrita.
    fui...

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  2. PASSEI SÓ PARA LEMBRAR, COM O EXISTEM TANTAS DEMOCRACIAS ,INCLUSIVE UMA CHAMADA DEMONIOCRACIA ,QUE CRIEI UMA PARA MIM, AO MEU GOSTO.
    E SOU TÃO DEMOCRATA QUE PERMITO QUE USEM A MINHA.
    SÓ A MINHA!

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  3. DEMOCRACIA
    Isso não acontece nos países pobres, onde as pessoas precisam das iniciativas governamentais para viver.
    Por isso se preocupam com as comparações de percepção políticas feitas pelas pesquisas de opinião que perguntam se as pessoas estão contentes com a democracia.
    Os resultados podem ser perversos e equivocados.
    Por que não sabem o que é democracia, como existe somente uma delas, talvez alguns tenham as suas únicas.

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  4. DEMOCRACIA: O voto de quase cinquenta e oito milhões no candidato eleito.
    ANTI-DEMOCRACIA: As mumunhas ilegais e pérfidas dos perdedores, todos, perdedores nas urnas, perdedores nos privilégios, dos que votaram em branco ou nulo, dos que não votaram, dos que não gostavam do eleito, dos juízes e jurados que, porque não votaram no eleito, dia sim, tarde sim e noite sim através de "sentenças" jogam pedra na Geni, perdão, em Jair Bolsonaro, todos, dizia eu e repito, querendo cagar no meu voto.

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    1. O ódio é tanto que usam as palavras como peçonhas, mas elas não nos envenenam.
      Não sei por que certa pessoa me odeia.
      O DOUTO ME ESGUEIRA NA BEIRA DO ABISMO PARA EMPURRAR-ME.
      Nada tenho de inveja de sua sapiência, sou o joio no meio do trigo, só não posso crescer junto.
      Gostaria de saber por que os sapientes confundem democracia com liberdade?
      Eu chamo o voto de quase 58 milhões de LIBERDADE QUE O RESTO QUE SE INTITULA DEMOCRÁTICOS NÃO RESPEITAM.

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    2. Pois eu amo a liberdade do Dever ou Obrigação (tanto faz) de votar!

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    3. Sobre o ódio que o Roccha diz que alguém tem por ele, meu caro aceite gentilmente minha receita,...
      • Quem odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você...
      • Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós. ...
      • O que o moralista mais odeia nos pecados dos outros é a suspeita acusação de covardia por não ter coragem de cometê-los. ...
      • É curioso.
      A quem me odiar respondo com compaixão!
      Se alguém me odiar, é ela que tem problema e vai ter que conviver com este ódio, roendo por dentro.
      E a pior coisa que eu posso fazer para as pessoas que me odeiam, é continuar sendo feliz... elas não suportam isto!

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    4. Ainda bem que o paizote não quer tirar minha moradia...mas estou resistindo.

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  5. Não se odeia o que se ignora/despreza. Se odeia o que invejamos/almejamos.

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