domingo, 12 de julho de 2020

[As danações de Carina] Inveja. Um dos pecados capitais, talvez o pior deles

Carina Bratt

Vocês sabiam que a inveja consome o invejoso como a ferrugem, o ferro, como o cupim, a madeira de qualidade duvidosa, como o relógio as horas, e claro, como os meses, os anos?  Pois é, amigas! A inveja é um mal incurável que vive do nosso lado, come com a gente na mesa e, se duvidar, dorme e acorda do nosso lado.


Eu diria, em vista disto, que faz parte do nosso dia a dia, assim como o ar que respiramos.  As pessoas invejosas nos fazem mal, nos causam dissabores e agruras, fastios e decepções as mais diversas. As pessoas invejosas são pedras em nosso caminho. São nuvens enigmáticas, abrolhosas e tostadas de presságios vituperados.

Os invejosos nos querem ver para baixo, derreadas, oprimidas, perdidas, sem direção certa a seguir. Sentem, estas criaturas, um prazer mórbido em nos espezinhar, em nos esborrachar, em nos golpear e tentam, de todas as formas, nos retalhar os momentos de paz e de empolgação.

“Fuja do invejoso — como bem ensina Tirulipa, filho do comediante Tiririca —, fuja dele, como a Cruz do diabo”.  A inveja faz as pessoas perderem o foco do que é real, e do que é certo. Os invejosos sentem um prazer sexual em nos tirarem do trilho certo e nos colocarem num desvio da vida, onde muitas vezes se torna difícil encontrarmos a prosperidade venturosa.

As invejosas ficam perversas, se tornam desumanas, empedernidas; passam a viver acobertadas pelo inexorável da iniquidade e do barbarismo. Honoré de Balzac, autor de A pele de onagro, achava que “a inveja é o mais estúpido dos vícios, pois não há uma única vantagem obtida dele”.  E se todas nós pararmos para meditarmos sobre este fato, chegaremos à conclusão de que Balzac estava totalmente certo em sua enunciação. 

A inveja, caríssimas amigas e leitoras, é como os impostos (cada vez mais pesados e infindos) que o Estado, através de nossos representantes jogam em cima de nossos costados. A gente paga, paga, paga, morre pagando e, se duvidar, é capaz da galera, depois de estarmos enterradas, tentar receber alguma coisa, em forma de juros, pós-sepultura.

Aproveitando o mesmo silêncio da bondosa árvore da vida que nos dá sombra de graça e acolhida, sem pedir nada em troca, devemos lembrar e nunca nos esquecermos dos dizeres de Zuenir Ventura. Em seu livro Inveja, mal secreto lemos, ou melhor, aprendemos que: “O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde”.

E agora, com as máscaras que somos obrigadas a colocar em nossos rostos... O cuidado, a cautela, a atenção e o esmero com a inveja devem ser redobrados. “Só ela se esconde”. Talvez seja por isto, que ela nos pega de cabelos molhados e despenteados, sem maquiagem, de saias curtas e pés descalços.  Todo cuidado é pouco. 

Ao nosso redor, em nossa vida habitual, em todos os lugares possíveis e imagináveis, onde possamos estar, o corriqueiro, o leviano, o vulgarizado da inveja estará lá nos observando, bastando que nos descuidemos, para nos golpear duramente.

Mentalizem, minhas amigas, mentalizem como se fosse um mantra: a inveja é a homenagem que os medíocres e sujos de espírito prestam ao mérito. Mérito? Qual mérito?!

Não outro, senão o mérito, ou a aptidão de nunca terem nada, de nunca conseguirem ser alguém e gozarem da plenitude de se verem ou de se pilharem completamente realizados. Por esta razão, continuarão entre nós, eternos medíocres.

Não sejam, pois, invejosas. Não desejem as coisas alheias. Procurem se contentarem com o que têm: “o pouco com Deus é muito, muito sem Deus é nada”. Se atenham a viverem as suas vidas em paz.

Tentem crescer através de seus próprios esforços.  O poeta George Herbert lecionou a sua vinda inteira asseverando que “não devemos nos associar aos maus, pois eles podem crescer em número”. 

Para terminar as minhas “Danações” de hoje, amigas e leitoras, nunca se esqueçam de um detalhezinho insignificante, todavia, sempre presente e pegajoso em nossas guerras e labutas diárias:

“Quando fazemos a nossa marca (ou quando deixamos viva e pulsante a nossa presença neste mundo), parem e observem ao redor. Haverá sempre um punhado de caras com apagadores”.    

Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo. 12-7-2020


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10 comentários:

  1. Pois eu estou convencido desde há muito tempo, quiçá, desde tenra idade, que a INVEJA é a mãe/madrasta/namorada do pai… de todos os pecados. Quem me conhece de perto poderá testemunhar quantas vezes afirmei isso.

    Quem inveja, poderá mentir, odiar, matar, difamar, caluniar, destruir…

    É um sentimento percebido no éter vital de quem a carrega, noutras palavras, na energia do invejoso. Energia essa percebida pelos mais sensíveis ou experientes. Estes tiram de letra, aqueles se atrapalham, ao microfone, com a papelada…

    Experimente se comunicar com uma plateia cuja maioria tem inveja de você. Impossível não sentir, não se afetar.

    Exemplo contemporâneo: o ódio obsessivo por parte de alguns pelo atual presidente do Brasil nada mais é do que inveja. Invejam-no porque percebem que ele pode vencer. Daí…

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  2. SÓ INVEJAM O PRESIDENTE OS INSANOS, BASTAM VER AS FOTOS DELE QUANDO DEPUTADO E AGORA, O QUANTO FOI O DESGASTE!

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  3. ME APONTEM UM PRESIDENTE QUE FALAVA COM SEU POVO, COM SEU PÚBLICO, COM SUAS CRIANÇAS. JAIR BOLSONARO ACABA DE GRAVAR UM VÍDEO PARA O 'CAIO', OBSERVANDO AO GAROTO QUE "PRA DEUS TUDO É POSSÍVEL".

    https://www.youtube.com/watch?v=WzxASo23oJI

    Carina Bratt
    Ca
    Em Vila Velha ES

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  4. Já volto com outro comentário, vou escrevê-lo no Word.

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    1. Pois é, Carina e generoso leitor, hoje, domingo, 12 de julho de 2010, ao começar a jantar liguei a TV. Sempre na Record News ou na Porto Canal. A primeira estava passando uma matéria do seu repórter nas Filipinas e suas massagens com najas e pítons… Boff!

      No Porto Canal passava uma superficialidade chamada “Glitter Show”… Boff!

      Aí me lembrei que era domingo, então escorreguei até o canal 73, da TV Record, Hora do Faro!

      Ok. Depois de alguns minutos me apercebi que era reprise, por causa do vírus chinês que veio da China, não importa, passava a ‘história’ de um menino e seu irmão mais velho, que “palhaçavam” nos ônibus e ruas de Fortaleza, capital do Estado do Ceará.

      Me veio à mente e ao coração o BRASIL, o Brasil de verdade, verdadeiro, pobre e com brasileiros pobres com corações de tamanho continental, como o Brasil.

      Nada a ver com a Zona Sul do Rio de Janeiro e outras bolhas urbanas que, essas sim, porque obedecem e seguem uma cartilha internacionalista, têm um coração do tamanho de uma cabeça de alfinete. E escrevem e cantam para as suas bolhas.

      Carina, acredite, fiquei com uma saudade imensa do Brasil. País ao qual jurei bandeira em 10 de agosto de 1976!

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  5. E, me desculpando, pela poluição no seu artigo, continuo.

    Me lembrando de umas férias curtas que tirei com a minha ex-esposa, mãe do meu filho mais novo, em Santarém – Pará.

    A gente estava no hotel da então rede Tropical de Hotéis, que pertencia à Varig. Ok, uma piscina enorme, mas a gente queria conhecer o local e as gentes.

    Então, no segundo dia da estada, perguntamos na recepção, como ir até ao rio Tapajós. O recepcionista nos deu a dica do trajeto (nessa época ainda não existiam mapas eletrônicos), não sem antes, nos lembrar/alertar que a gente passaria por um bairro, sabe?, meio pobre..

    A gente, minha falecida mulher e eu, não tínhamos receio de pobres.

    E seguimos as dicas do recepcionista. E passamos pelo bairro pobre e de pobres. E perguntamos como atravessar até ao outro lado… e embarcamos numa piroga conduzida por um menino… conhecemos a casa dele… e, minha mulher e eu, decidimos que iríamos adotar esse menino.

    E, mais ainda, comprar um lote naquelas paragens.

    Não se realizou, como é óbvio não me lembro porquê.

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    1. A Esquerda, quando 'denuncia' a pobreza não é por solidariedade a ela, à pobreza, é tão somente para atacar o adversário/inimigo político. Ponto.

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  6. Adoro as polêmicas.
    A lenda dos sete pecados capitais presas na sacola ou arca ou vaso de pandora termina dizendo que a esperança ficou presa dentro.
    Soltaram-se os sete pecados capitais.
    Lembro que seis deles dependem do maior algoz da humanidade, aliás nem sei o que é inveja.
    Todos eles são interligados ao EGOÍSMO HUMANO.
    FUI...

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  7. CARINA,COM TODOS OS RAPAPÉS QUE VC FAZ JUZ , POR "ATURAR" ESTES VELHOS,MESMO DEIXANDO CLARO EM SEUS TEXTOS QUE SE DIRIGE AS AMIGAS, VOU DISCORDAR DO SEU COMENTÁRIO.
    SORRY!
    E APENAS POR TER A CERTEZA QUE VC NÃO É TÃO INGÊNUA,PARA ACREDITAR NUM GESTO COM VIÉS PRAGMÁTICO DESTE!
    TODO POLÍTICO, E NÃO SÓ O ATUAL PRESIDENTE , SABE QUE AGRADAR AS CRIANCINHAS AINDA RENDE!
    ABS FRATERNOS!

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