tag:blogger.com,1999:blog-2785915312534903505.post2927695769734040016..comments2024-03-25T12:02:42.615+00:00Comments on O cão que fuma...: [Versos de través] Te amo e não te amoJim Pereirahttp://www.blogger.com/profile/10291210405766125498noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-2785915312534903505.post-65377348058346912312022-09-10T12:35:28.215+01:002022-09-10T12:35:28.215+01:00O GRANDE COMUNISTA PABLO NERUDA.
Pablo Neruda dur...O GRANDE COMUNISTA PABLO NERUDA.<br /><br />Pablo Neruda durante o comício no Pacaembu<br />Leia o poema Mensagem na íntegra:<br /><br />Quantas coisas quisera hoje dizer, brasileiros,<br />quantas histórias, lutas, desenganos, vitórias,<br />que levei anos e anos no coração para dizer-vos, pensamentos<br />e saudações. Saudações das neves andinas,<br />saudações do Oceano Pacífico, palavras que me disseram<br />ao passar os operários, os mineiros, os pedreiros, todos<br />os povoadores de minha pátria longínqua.<br />Que me disse a neve, a nuvem, a bandeira?<br />Que segredo me disse o marinheiro?<br />Que me disse a menina pequenina dando-me espigas?<br /><br />Uma mensagem tinham. Era: Cumprimenta Prestes.<br />Procura-o, me diziam, na selva ou no rio.<br />Aparta suas prisões, procura sua cela, chama.<br />E se não te deixam falar-lhe, olha-o até cansar-t<br />e nos conta amanhã o que viste.<br /><br />Hoje estou orgulhoso de vê-lo rodeado<br />por um mar de corações vitoriosos.<br />Vou dizer ao Chile: Eu o saudei na viração<br />das bandeiras livres de seu povo.<br /><br />Me lembro em Paris, há alguns anos, uma noite<br />falei à multidão, fui pedir auxílio<br />para a Espanha Republicana, para o povo em sua luta.<br />A Espanha estava cheia de ruínas e de glória.<br />Os franceses ouviam o meu apelo em silêncio.<br />Pedi-lhes ajuda em nome de tudo o que existe<br />e lhes disse: Os novos heróis, os que na Espanha lutam, morrem,<br />Modesto, Líster, Pasionaria, Lorca,<br />são filhos dos heróis da América, são irmãos<br />de Bolívar, de O' Higgins, de San Martín, de Prestes.<br />E quando disse o nome de Prestes foi como um rumor imenso.<br />no ar da França: Paris o saudava.<br />Velhos operários de olhos úmidos<br />olhavam para o futuro do Brasil e para a Espanha.<br /><br />Vou contar-vos outra pequena história.<br /><br />Junto às grandes minas de carvão, que avançam sob o mar,<br />no Chile, no frio porto de Talcahuano,<br />chegou uma vez, faz tempos, um cargueiro soviético.<br /><br />(O Chile não mantinha ainda relações<br />com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.<br />Por isso a polícia estúpida<br />proibiu que os marinheiros russos descessem,<br />e que os chilenos subissem).<br />Quando a noite chegou<br />vieram aos milhares os mineiros, das grandes minas,<br />homens, mulheres, meninos, e das colinas,<br />com suas pequenas lâmpadas mineiras,<br />a noite toda fizeram sinais, acendendo e apagando,<br />para o navio que vinha dos portos soviéticos.<br /><br />Aquela noite escura teve estrelas:<br />as estrelas humanas, as lâmpadas do povo.<br />Também hoje, de todos os rincões<br />da nossa América, do México livre, do Peru sedento,<br />de Cuba, da Argentina populosa,<br />do Uruguai, refúgio de irmãos asilados,<br />o povo te saúda, Prestes, com suas pequenas lâmpadas<br />em que brilham as altas esperanças do homem.<br />Por isso me mandaram, pelo vento da América,<br />para que te olhasse e logo lhes contasse<br />como eras, que dizia o seu capitão calado<br />por tantos anos duros de solidão e sombra.<br /><br />Vou dizer-lhe que não guardas ódio.<br />Que só desejas que a tua pátria viva.<br />E que a liberdade cresça no fundo do Brasil como árvore eterna.<br />Eu quisera contar-te, Brasil, muitas coisas caladas,<br />carregadas por estes anos entre a pele e a alma,<br />sangue, dores, triunfos, o que devem se dizer<br />o poeta e o povo: fica para outra vez, um dia.<br /><br />Peço hoje um grande silêncio de vulcões e rios.<br /><br />Um grande silêncio peço de terras e varões.<br /><br />Peço silêncio à América da neve ao pampa.<br /><br />Silêncio: com a palavra o Capitão do Povo.<br /><br />Silêncio: que o Brasil falará por sua boca.<br /><br />(Pablo Neruda, 1945) Vanderlei rochahttps://www.blogger.com/profile/13815496672748664915noreply@blogger.com