sábado, 13 de novembro de 2010

Potenciar o caos

O preço inegociável da democracia é a constante vigilância. Nunca este princípio, estabelecido sobre milhões de vítimas às mãos de variados totalitarismos, teve aplicação tão actual. Assistimos a uma revoada de encomendas armadilhadas contra sinagogas nos EUA, contra os gabinetes do Presidente da França ou da chanceler da Alemanha, contra várias embaixadas em Atenas. A rede global de organizações federadas na jihad islâmica tenta, uma e outra vez, disseminar a morte e o terror indiscriminados nas capitais ocidentais, semeando o caos, ao mesmo tempo que ataca civis indefesos em vários países do Terceiro Mundo só pelo facto de serem cristãos. Isto é, por professarem a fé dos alegados novos cruzados ocidentais.
O tempo, o modo e os alvos destas acções nada têm de casual. Na situação de profunda crise económica e social que se vive nos países desenvolvidos os jihadistas procuram tirar partido do descontentamento e da contestação reinantes para potenciar o caos. Os grupos de acção directa de cunho mais ou menos anarquista sempre seguiram a mesma táctica, sem terem jamais conseguido provocar a revolta triunfante das massas. Os guerrilheiros da restauração do califado sabem bem que a sua luta é de fôlego longo e que não podem esperar a derrocada catastrófica do império do Ocidente à imagem da implosão da URSS, que, segundo os seus delírios interpretativos, se deveu aos golpes que lhe foram desferidos pelos mujaedines no Afeganistão.
Quanto àquilo que as sociedades como a nossa defrontam, não pode haver ilusão: eles não vão desistir tão cedo e as sociedades democráticas têm de cooperar sem descanso entre si, para poderem, um a um, fazer fracassar cada novo ataque, que sobre elas se abaterá impiedosamente.
Editorial, Diário de Notícias, 03-11-2010

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