Sarney aproveita a aula de
Arnaldo Jabor sobre a crise americana e dá a moral da história
Quando um colunista da Folha
Online chegou à conclusão de que o que faltou a Barack Obama foi um PMDB,
Sarney esfregou as suas mãos antediluvianas e pensou: “Eu sabia! Um dia o meu
trabalho em favor da estabilidade seria reconhecido…” E aí o homem pôs para
funcionar aquela mente aguda, capaz de análises realmente surpreendentes, que
nos conduz a paisagens ignotas do pensamento. Leiam o que informa Gabriela
Guerreiro, na Folha Online. Volto em seguida.
Sarney diz que negociações
da dívida dos EUA foram “vergonhosas”
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou nesta segunda-feira de “vergonhosas” as negociações nos Estados Unidos que resultaram na elevação do limite da dívida do governo americano. Sarney disse que o país deu um “péssimo exemplo” ao usar politicamente o episódio na disputa entre Democratas e Republicanos. “No momento de uma luta política visivelmente destinada já com olhos nas eleições do ano que vem, eles ofereceram ao mundo esse vergonhoso exemplo de que os partidos políticos sacrificam (…). Foi um exemplo nada construtivo e eles estão pagando caro por isso”, afirmou.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou nesta segunda-feira de “vergonhosas” as negociações nos Estados Unidos que resultaram na elevação do limite da dívida do governo americano. Sarney disse que o país deu um “péssimo exemplo” ao usar politicamente o episódio na disputa entre Democratas e Republicanos. “No momento de uma luta política visivelmente destinada já com olhos nas eleições do ano que vem, eles ofereceram ao mundo esse vergonhoso exemplo de que os partidos políticos sacrificam (…). Foi um exemplo nada construtivo e eles estão pagando caro por isso”, afirmou.
Segundo Sarney, a crise nos
EUA é “artificial” e provocou consequências em todo o mundo. “A Europa está com
problemas sérios. Em alguns países, há problemas de liquidez, como a Grécia, a
Irlanda começa a ter esses problemas, Itália, a Espanha. Isso tudo os Estados
Unidos tomando a decisão que tomaram tem repercussão na Europa.” O presidente
do Senado disse que a disputa política em meio à crise ganhou força com o
crescimento do Tea Party - a corrente mais conservadora do Partido Republicano
- nos EUA.
O peemedebista disse não
acreditar em impactos imediatos no Brasil nem no Congresso Nacional. “Em todos
os momentos de dificuldades do país, temos encontrado um terreno comum no qual protegemos
os interesses do país e abandonamos essa luta dilacerante de partidos. Assim
foi na Independência, assim foi na República, assim foi em 1930 e assim foi em
1985.” Sarney disse que o Brasil está preparado para enfrentar a turbulência no
mercado internacional. “Estamos absolutamente preparados. Isso não significa
que não tenha conseqüência no Brasil qualquer grande crise mundial. Mas até o
momento, essa crise ainda não está configurada”, afirmou.
Voltei
Sarney concorda com Arnaldo Jabor: “É tudo culpa do Tea Party”. O que faltou a Barack Obama? Ora, um Michel Temer, um Wagner Rossi, um Renan Calheiros, um Romero Jucá, essas expressões do “pensamento moderado” brasileiro, que tanto bem têm feito ao chamado “presidencialismo de coalizão”, com suas disposições para a negociação.
Sarney concorda com Arnaldo Jabor: “É tudo culpa do Tea Party”. O que faltou a Barack Obama? Ora, um Michel Temer, um Wagner Rossi, um Renan Calheiros, um Romero Jucá, essas expressões do “pensamento moderado” brasileiro, que tanto bem têm feito ao chamado “presidencialismo de coalizão”, com suas disposições para a negociação.
O presidente do Senado e do
Congresso brasileiro nem mesmo sabe — talvez finja não saber; de fato, eu
acredito na ignorância e no cinismo conjugados de Sarney — que a crise européia
tem vida própria e não decorreu da americana, não. Os desacertos são
coordenados, sim, mas o Tea party não tem nada a ver com a forma como a Grécia,
a Espanha ou a Itália resolveram conduzir suas respectivas economias.
Quanto ao rebaixamento da nota
dos EUA, decidida pela S&P, quem leu o relatório sabe que a agência — que
também não é a voz de Deus, tanto que os títulos continuaram a ser negociados
normalmente — considerou que o corte de gastos aprovado pelo Congresso, no
acordo possível entre republicados e democratas, foi considerado pequeno, tímido,
insuficiente. Ora, os democratas queriam cortar ainda menos… Ou por outra: se a
turma de Obama tivesse vencido a parada e aprovado a sua proposta original, as
razões para o rebaixamento seriam ainda mais evidentes. Ademais, na reta final,
quem radicalizou o discurso e a posição foram os democratas.
Eu sei que Sarney parece
desimportante. Sob muitos aspectos, é mesmo! Mas é o homem que preside o
Congresso brasileiro. Ao investir nessa vigarice política e intelectual de
acusar o confronto político dos EUA como o responsável pela crise mundial — e,
nesse sentido, acaba endossando a análise de muitos bestalhões no Brasil —,
investe, se querem saber, contra a VIRTUDE da política americana, não contra o
DEFEITO.
De fato, tivesse Obama uns
ministérios e umas estatais para distribuir; vigorasse nos EUA o “presidencialismo
de coalizão” à moda brasileira, talvez não se chegasse àquela crise da dívida…
A corrupção é que já teria levado a economia americana para o buraco. A
propósito: foi o excesso de consenso na economia, que vem lá do governo Clinton
e vigorou em boa parte do governo Bush, que levou os EUA à beira do precipício.
Não fosse o Tea Party uma conseqüência da crise, eu diria que ele apareceu
tarde demais. Faltou confronto. De certo modo, a esquerda republicana e a
direita democrata, que estão, na prática, no comando desde o governo
Clinton, fizeram o papel de “PDMB”… Deu no que deu!
A fala de Sarney é menos inocente do que
parece. Nosferatu está alertando para a importância de ser “prudente”, de se
manter o ambiente da “negociação”, de evitar “radicalizações”… Os EUA estariam
perdidos, mas o Brasil teria encontrado o caminho, sem “lutas dilacerantes”: na
Independência, na República, em 1930… Foi assim que nos tornamos um país
governado por uma casta de vampiros.
Reinaldo Azevedo, 08-08-2011
Este último parágrafo do texto de Reinaldo Azevedo é DEFINITIVO. Só não compreenderá quem não quiser!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-