A propósito dos resultados
alcançados na concertação social, afluiu-me à memória um texto já antigo,
publicado aquando da entrada em vigor do Código do Trabalho de 2004, da
responsabilidade do então Ministro Bagão Felix. Com a vénia devida, atrevo-me a
reproduzir alguns excertos:
“Alega o perigoso Bagão (que
se fosse de uva certamente seria de moscatel) que a moribunda e já saudosa
legislação não é compatível com as exigências da economia num mercado
globalizado e exigente. Que se lixe a economia, e o mercado, e a globalização.
Mexer no sacrossanto domínio das relações de trabalho, favorecendo os patrões e
prejudicando a classe trabalhadora, é cravar um punhal no coração das
conquistas de Abril", como à exaustão vem repetindo o avisado líder da CGTP,
putativo líder do PCP, outrora operário e hoje académico, quase Doutor.
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Depois de 35 anos de vida
sindical, Carvalho da Silva abandona sexta-feira a liderança da CGTP, onde
esteve nos últimos 25 anos. Foto: Agência Lusa/Expresso
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Não posso estar mais de
acordo. Como trabalhador assalariado proclamo, deste canto de página, a minha
inteira solidariedade com esse movimento nacional de repúdio pelos infamantes
atentados ao direito ao emprego para toda a vida, ao direito ao lugar, sempre
ao mesmo lugar que a ambição não é virtude cristã, ao direito às faltas, que
todos somos doentes e, sobretudo, ao direito a produzir pouco, que os patrões
não se querem muito ricos e, precavidos, já não contam com o que se produz, mas
com os subsídios que o Estado lhes dá e com as receitas fiscais que lhes não
cobra.
Como a ilustrada, actual e
patriótica Central (que já foi Intersindical), defendo que há que trabalhar
pouco para que o trabalho chegue a todos e considero fascizante o discurso da
produtividade e da competitividade. Se é o mercado que obriga a esta
reaccionária reforma, então mudemos de mercado.
Em vez do rabo da Europa,
sempre poderemos ser o corno da África.”
Oito anos volvidos. E tudo
parece estar na mesma. Para pior…!!!
Título e Texto: José Luís
Seixas, Destak”, 25-01-2012
Edição: JP
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