Oh, Senhor, não me abandone e
a minha família!
Trabalhei décadas na Varig,
depois me aposentei pelo Aerus, Plano l.
Hoje, eu e a minha esposa
somos idosos e estamos cansados. Estamos muito tristes. Em nossa mesa quase não
há nada para comer. Os remédios são poucos, não temos mais forças para pegarmos
ônibus e irmos ao SUS nos consultar. Aquela espera é humilhante. Ficamos horas
para sermos atendidos.
Sinto vergonha de mim e sinto
pela minha velha amiga e companheira por não poder lhe dar conforto no final de
nossas vidas.
Que tristeza, meu Deus!
Tivemos que alugar o quarto
dos nossos filhos para termos algum dinheirinho a mais no final do mês. Dividir
o nosso teto com estranhos, quando ali fomos tão felizes, a nossa família.
Sempre fomos humildes, hoje,
nos sentimos desgraçados.
Ainda não estamos entendendo
direito o que aconteceu conosco.
Fiz tudo direitinho na vida,
como meus pais me ensinaram.
Existem culpados pela nossa
situação? Quem são eles? Onde estão?
Nossos dias são cinzentos
quando há sol e céu azul lá fora.
Senhor, lhe peço do fundo de
minha alma, venha nos libertar deste suplício sem fim.
Não temos mais esperanças de
nada. Termine com o nosso sofrimento, Mestre.
Por favor, entenda a nossa
situação. Não existe respeito algum pelos idosos em qualquer lugar que se vá.
Nos ônibus nem oferecem lugar para minha esposa se sentar.
Por que viver mais tempo,
Mestre?
Nossa porta está aberta para
vós. Se somos dignos de Vossa Companhia, estamos prontos para seguirmos
Consigo.
Perdoe-nos pelo desatino das
palavras pois não temos mais forças nem para chorarmos pelas nossas tristezas.
Amém.
José Jordão
Obs: o escrito acima é ficção,
mas nem tanto... Temos conhecimento de muitos, mas muitos colegas que se
encontram nessa situação. Muitas reviravoltas ainda irão acontecer em nossas vidas, e estaremos igualmente vivendo o drama desses dois velhinhos aqui retratados.
Que Deus tenha piedade de todos nós!
Jordão
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Copacabana, 20-01-2012, foto: Dayse Mattos |
Edição: JP
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