O filósofo e escritor suíço Alain de Botton propôs a construção de um prédio de mais de 45 metros de altura que serviria como uma espécie de templo para ateus. O templo seria construído no coração financeiro de Londres.
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Arquiteto Tom Greenall e designer Jordan Hodgson criaram projeto para ideia de Alain de Botton |
Plínio Sgarbi
Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência em como as pessoas de fé se vangloriam sobre a sua humildade. Há uma profunda diferença entre uma ilusão consoladora e a verdade. Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o historiador Stephen Henry Roberts (1901-71) uma vez: "Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu".
Os crentes não acreditam nas religiões e nos deuses dos outros. Os ateus também não.
Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não descobrirá isso lendo a Bíblia ou o Corão - já que esses livros transbordam de celebrações da crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana.
As características e as possibilidades do homem para determinar uma certa "confiança exata", a potencialidade intelectual e espiritual do homem, levam ao homem a superar as características e as possibilidades do próprio homem.
As características desde sempre foram constitutivas deste homem que se pretende superar o além do homem. Seria principalmente a ausência ou a possibilidade de encarar a existência e a vida, sem as próteses, sem os consolos, que o homem carece para poder suportar a própria existência.
A história de nossa cultura, a história da invenção desses consolos e a história da invenção das perspectivas de sentidos, que permitem que continuemos a viver aquilo que é constitutivo do homem, tal como conhecemos da história da nossa cultura, em especial, da religião e da moral.
Enfim, cada individuo é livre para crer, encarar e aceitar aquilo que melhor satisfaça a sua existência.
Contudo, creio que há sim, um fanatismo ateísta, formando as suas "igrejinhas" e "santificando" Charles Darwin como um deus, o deus dos ateístas. Creio que tal fato desmoraliza todo o trabalho científico e pesquisa de Charles Darwin que revolucionou a ciência com a teoria da evolução e a idéia de seleção natural.
Título e Texto: Plínio Sgarbi, 06-02-2012
Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência em como as pessoas de fé se vangloriam sobre a sua humildade. Há uma profunda diferença entre uma ilusão consoladora e a verdade. Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o historiador Stephen Henry Roberts (1901-71) uma vez: "Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu".
Os crentes não acreditam nas religiões e nos deuses dos outros. Os ateus também não.
Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não descobrirá isso lendo a Bíblia ou o Corão - já que esses livros transbordam de celebrações da crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana.
As características e as possibilidades do homem para determinar uma certa "confiança exata", a potencialidade intelectual e espiritual do homem, levam ao homem a superar as características e as possibilidades do próprio homem.
As características desde sempre foram constitutivas deste homem que se pretende superar o além do homem. Seria principalmente a ausência ou a possibilidade de encarar a existência e a vida, sem as próteses, sem os consolos, que o homem carece para poder suportar a própria existência.
A história de nossa cultura, a história da invenção desses consolos e a história da invenção das perspectivas de sentidos, que permitem que continuemos a viver aquilo que é constitutivo do homem, tal como conhecemos da história da nossa cultura, em especial, da religião e da moral.
Enfim, cada individuo é livre para crer, encarar e aceitar aquilo que melhor satisfaça a sua existência.
Contudo, creio que há sim, um fanatismo ateísta, formando as suas "igrejinhas" e "santificando" Charles Darwin como um deus, o deus dos ateístas. Creio que tal fato desmoraliza todo o trabalho científico e pesquisa de Charles Darwin que revolucionou a ciência com a teoria da evolução e a idéia de seleção natural.
Título e Texto: Plínio Sgarbi, 06-02-2012
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