segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um templo para os ateus

O filósofo e escritor suíço Alain de Botton propôs a construção de um prédio de mais de 45 metros de altura que serviria como uma espécie de templo para ateus. O templo seria construído no coração financeiro de Londres.
Arquiteto Tom Greenall e designer Jordan Hodgson criaram projeto para ideia de Alain de Botton
Plínio Sgarbi
Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência em como as pessoas de fé se vangloriam sobre a sua humildade. Há uma profunda diferença entre uma ilusão consoladora e a verdade. Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o historiador Stephen Henry Roberts (1901-71) uma vez: "Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu".
Os crentes não acreditam nas religiões e nos deuses dos outros. Os ateus também não.
Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não descobrirá isso lendo a Bíblia ou o Corão - já que esses livros transbordam de celebrações da crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana.
As características e as possibilidades do homem para determinar uma certa "confiança exata", a potencialidade intelectual e espiritual do homem, levam ao homem a superar as características e as possibilidades do próprio homem.
As características desde sempre foram constitutivas deste homem que se pretende superar o além do homem. Seria principalmente a ausência ou a possibilidade de encarar a existência e a vida, sem as próteses, sem os consolos, que o homem carece para poder suportar a própria existência.
A história de nossa cultura, a história da invenção desses consolos e a história da invenção das perspectivas de sentidos, que permitem que continuemos a viver aquilo que é constitutivo do homem, tal como conhecemos da história da nossa cultura, em especial, da religião e da moral.
Enfim, cada individuo é livre para crer, encarar e aceitar aquilo que melhor satisfaça a sua existência.
Contudo, creio que há sim, um fanatismo ateísta, formando as suas "igrejinhas" e "santificando" Charles Darwin como um deus, o deus dos ateístas. Creio que tal fato desmoraliza todo o trabalho científico e pesquisa de Charles Darwin que revolucionou a ciência com a teoria da evolução e a idéia de seleção natural.
Título e Texto: Plínio Sgarbi, 06-02-2012

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