Rodrigo Constantino
A presidente Dilma se reuniu com vários empresários e banqueiros nesta quinta-feira, para cobrar mais
investimentos na economia. Influenciada pelas teorias keynesianas, Dilma
acredita que basta despertar o “espírito animal” dos investidores para aquecer a
economia e produzir crescimento maior. Além da retórica, o governo acenou com
algumas medidas pontuais e paliativas para aliviar um pouco o setor industrial,
pressionado pela concorrência externa.
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Foto oficial,
de Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
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A presidente, que possui em
seu currículo de empreendedora basicamente a falência de uma loja que vendia
objetos simples por R$ 1,99, parece não compreender muito como funciona a
economia real. Os investidores dependem de muitos fatores concretos, que não
costumam se alterar com base no “espírito animal”. O primeiro deles é a
existência de um estoque razoável de poupança, necessário para financiar de
forma sustentável os investimentos (a alternativa é por crédito sem lastro ou
inflação, ambos insustentáveis).
Como sabemos, a poupança é
limitada no país justamente porque o governo gasta demais. Com arrecadação
tributária de quase 40%, sendo que quase tudo vai para gastos correntes, sobra
muito pouco para investimentos produtivos. Para elevar a poupança doméstica
para 25% do PIB, patamar que muitos analistas consideram adequado para garantir
crescimento sustentável, o governo terá de reduzir os gastos públicos de forma
substancial. Isso o governo não quer.
Além disso, todos estão
cansados de saber sobre o custo Brasil, ou seja, os gargalos que impedem um
ambiente favorável aos investimentos. Entre suas causas, temos uma burocracia
asfixiante, uma mão-de-obra com baixa qualificação e produtividade, uma
infraestrutura capenga, uma carga tributária absurda e complexa, uma lei
trabalhista anacrônica com encargos muito elevados, entre outras coisas.
Portanto, chega a ser patética
a tentativa do governo de pressionar os grandes empresários por maiores
investimentos, uma vez que nenhuns destes obstáculos criados pelo próprio
governo serão retirados do caminho dos investidores. Essa “política de
puxadinho” não pode substituir as necessárias reformas estruturais. Acreditar
no contrário é aderir ao “espírito animal”, aquele com orelhas compridas que
costuma ser usado como transporte de carga.
PS: Atribui-se a expressão
"laissez faire" ao comerciante francês Legendre, que teria respondido
desta maneira ao poderoso Colbert, quando este mercantilista perguntou o que
mais o governo poderia fazer para ajudar os empresários. Que falta fez um
Legendre na reunião com a presidente Dilma!
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Instituto Liberal
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