Adolfo Mesquita Nunes
A recessão não pode ser combatida com políticas assentes no
endividamento e na despesa
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Imagem: DR |
Mito nº 7: Nenhum país
alcançou crescimento com as chamadas politicas de austeridade. Ouvimos tantas vezes dizer que
as políticas de consolidação orçamental e de redução da despesa pública estão
destinadas ao fracasso que quase nos esquecemos de averiguar se essa afirmação
tem qualquer correspondência com a realidade.
Vejamos o que se passa, por
exemplo, com os países bálticos. Também estes países se viram confrontados com
a crise internacional, também estes países se debateram com problemas de
crédito e também estes países se viram confrontados com um nível excessivo de
despesa pública.
O que fizeram, então, quando se
deram conta dos primeiros sinais da crise? O oposto do que os socialistas por
cá fizeram e o contrário do que Paul Krugman advoga: recusaram-se a embarcar em
políticas de estímulos públicos ao crescimento, resistiram à tentação de achar
que alguém teria de resolver o problema por eles e optaram por políticas sérias
de redução da despesa pública e de consolidação orçamental.
Qual foi o resultado? No ano
passado, o PIB da Estónia cresceu 7,6%, a maior taxa de crescimento na Europa
(o da Letónia cresceu 5,5%). Este país, que conhece agora o que é estar em
excedente orçamental e assiste à maior queda do desemprego na Europa, é assim
um caso de sucesso após um esforçado período de consolidação.
Os dois países assistem a um
tão impressionante crescimento das exportações e da sua capacidade produtiva
que até Christine Lagarde veio chamar a atenção para a necessidade de olharmos
para o modelo seguido pelos bálticos. Ninguém parece ter-lhe dado muita
atenção, claro. Se calhar não convém atrapalhar as prelecções dos que defendem
mais socialismo para curar tantos anos de socialismo.
Como referiu Juergen Ligi, o
Ministro das Finanças da Estónia, a recessão não pode ser combatida com
politicas assentes no endividamento e na despesa. Na verdade, e cito agora o
primeiro-ministro da Letónia, Valdis Dombrovskis, os países bálticos foram os
únicos a apostar numa imediata política de austeridade e são aqueles que mais
crescem, pelo que talvez não haja a contradição entre austeridade e crescimento
que alguns gostam de criar.
Ao contrário dos socialistas
portugueses, estes governantes não falam de cor ou apenas na teoria. Falam após
apresentar os invejáveis resultados das suas políticas. Políticas essas que
deveríamos estudar e não, como por cá parece fazer-se, ignorar.
Temos de imitar tudo o que
estes países fizeram? Não necessariamente, até porque há diferenças a ter em
conta. Mas para bem do debate político e da tomada de decisões públicas
convinha, pelo menos, olhar para os países que, neste momento mais crescem, e
aprender com eles. Pode não dar jeito aos socialistas, que andam com Paul
Krugman no peito, mas daria jeito a Portugal.
Mito nº 8: Portugal tem de
seguir o exemplo do modelo social escandinavo.
Não sei se teremos de seguir
esse modelo ou não. Mas a bem do debate é bom que se saiba de que falamos
quando falamos do modelo social escandinavo.
Sabia, por exemplo, que o
sistema de ensino sueco é um sistema em que impera a liberdade de escolha que
os socialistas tanto criticam em Portugal? Sabia que, na Dinamarca, os
bombeiros e as ambulâncias não são do Estado? Sabia que nenhum dos países nórdicos
tem salário mínimo nacional? Sabia que a Suécia tem prosseguido uma
significativa redução da carga fiscal?
Não sabia? Deixe estar. A
esmagadora maioria das pessoas que defende o modelo social escandinavo também
não sabe.
(continua)
Título e Texto: Adolfo Mesquita Nunes, jurista e deputado do CDS, jornal “i”,
29-06-2012
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