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Arquivo pessoal |
Meu nome é Felipe de Oliveira Azevedo Melo, estudante de Administração da Universidade de Brasília. Nasci em
21 de dezembro de 1985 em Anápolis, Goiás, apesar de meus pais terem sido
criados no Distrito Federal. Fui criado em Ceilândia, bairro de periferia, e
moro ainda nessa cidade-satélite (que adoro de coração).
Tive uma infância bastante
politizada. Minha mãe, professora da então Fundação Educacional do Distrito
Federal (FEDF), era integrante da Articulação de Esquerda, corrente do Partido
dos Trabalhadores (PT), e conhecida de muitas pessoas que sempre participaram
do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (SINPRO/DF). Ainda pequeno,
acompanhava minha mãe tanto nas reuniões do PT quanto nas assembleias dos
professores. Também sempre participei das campanhas de rua do PT. Não é à toa
que, desde cedo, mostrei uma verve política de esquerda muito forte.
Ingressei no curso de Direito
da Universidade Católica de Brasília (UCB) em 2002, quando tinha 16 anos de
idade. Nessa mesma época, me filiei ao Partido dos Trabalhadores e ingressei na
corrente O Trabalho (OT), de orientação trotskista. Li muitos dos autores
clássicos da literatura marxista-leninista e trotskista -- Karl Marx, Friedrich
Engels, Rosa Luxemburgo, Antonio Gramsci, Vladimir Lenin, Leon Trotsky -- e até
mesmo autores anarquistas, como Proudhon, Kropotkin e Bakunin.
Em meados de 2005, após uma
conversa com um dos ideólogos do grupo, meu pensamento político começou a
mudar. O indivíduo em questão possuía uma vida que, sob todos os aspectos, o
encaixava na classificação de pequeno-burguês de acordo com o próprio jargão
que utilizávamos: morava em Brasília num apartamento de mais de 200m², era
casado com uma alta funcionária da diplomacia brasileira e tinha uma renda
familiar mensal de aproximadamente R$ 20 mil. À época, a renda mensal de minha
família não ultrapassava R$ 2.500, o que não nos garantia uma vida muito
confortável. Eu me encaixava perfeitamente no estereótipo socialista de
"proletário" -- pai metroviário, mãe professora, eu mesmo sendo um
estudante desempregado que dependia de bolsa de estudos para cursar o ensino
superior -- e esse ideólogo, um dos cabeças do grupo, não chegava nem perto de
ser um "proletário". Uma dúvida surgiu na minha mente: por que ele
dizia, com tanta propriedade, conhecer os anseios da classe trabalhadora se, a
rigor, nunca havia feito parte dela?
Isso me levou duas indagações fundamentais. Primeiro, os grandes nomes da literatura socialista, comunista e anarquista nunca foram membros da classe "proletária": se não faziam parte da pequena-burguesia (como Lenin, que era advogado), eram burgueses de fato (como Engels, que era dono de indústria) ou aristocratas (como Kropotkin, membro da Casa Real de Rurik). Segundo, a "dialética" que era tão defendida dentro do grupo (não apenas o materialismo dialético, mas o pensamento dialético puro) era uma grande farsa; já que dialética implica confrontação de ideias opostas, como poderíamos ser dialéticos se nunca, jamais estudamos sequer um único texto de algum autor "reacionário"? Outra coisa que também foi determinante foi o escândalo do mensalão e a profunda decepção que isso representou para mim, que ainda acreditava no Lula como a grande alternativa para o Brasil. Foi a partir desse momento que, sentindo que algo não estava no lugar, comecei a me afastar cada vez mais do espectro político de esquerda.
Em 2007, ingressei no curso de
Administração da Universidade de Brasília. Até então, eu havia me mantido em
inatividade política, sem ler ou pesquisar nada que se relacionasse a isso.
Estudando na UnB, comecei a estudar mais profundamente disciplinas como
economia, psicologia, sociologia e filosofia. O mundo acadêmico literalmente
abriu-se para mim, e foi essa massa crítica de conhecimento que, lentamente,
começou a revelar o que para mim era a postura mais correta a ser adotada em
matéria de política. A relevância intelectual das teorias que serviram de base
para o socialismo, o comunismo e o anarquismo revelou-se praticamente nula a
partir desses estudos.
Decidido a buscar
alternativas, comecei a buscar outros autores, intelectuais que estivessem
dispostos a analisar as coisas sob outro prisma. As coisas começaram a fazer
sentido. Aquela sensação de deslocamento, reflexo da dissonância cognitiva que
sofri quando tive meu desencanto, não se apresentou mais. Era quase como me ver
curado de uma doença -- e, de fato, era uma doença profunda e grave, que
destrói o senso de certo e errado, que transforma assassinos em santos e
demoniza os valores mais sagrados sobre os quais se construiu nossa
civilização. E, à medida que fui ampliando e aprofundando meus conhecimentos,
conheci outros que, como eu, não se viam representados pelo status quo
ideológico.
Quando decidi iniciar o blog
da Juventude Conservadora da UnB, não tinha por objetivo ser um agente político ipsis litteris, mas dar
voz a alguém que fazia parte de uma realidade esquecida, achincalhada e, às
vezes, oprimida dentro da universidade. Os textos que publiquei jamais
refletiram somente a minha opinião pessoal, mas a de muitas outras pessoas com
as quais converso e convivo diariamente na universidade. O anonimato, que até
agora tentei manter, buscava me resguardar de retaliações. Nunca gostei desse
pretenso anonimato, para falar a verdade. Por que eu deveria me esconder? Era
impossível não enxergar nisso uma certa covardia, mesmo que bem fundamentada.
Além disso, as ofensas e as ameaças que recebi, apesar de provocarem medo no
primeiro momento, serviram como combustível inconsciente para que eu
prosseguisse.
Hoje, eu decidi revelar de uma
vez por todas quem sou a fim de evitar maiores especulações. Alguns já me
conheciam. Outros, desconfiavam. Não sei até onde isso será importante ou
relevante, tanto para mim quanto para os outros, mas o tempo vai me mostrar.
Texto: Felipe de Melo
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